segunda-feira, 21 de novembro de 2011

                        Juízes 14


     O começo das narrativas sobre a vida de Sansão já deixa claro o que dissemos anteriormente: ele não estava muito preocupado com seu chamado ou com aquilo que Deus esperava e requeria dele. Este capítulo começa contando que ele se apaixonou perdidamente por uma filistéia, e que nem após severas argumentações de seus pais, ele desistiu da idéia de casar com ela. Os filisteus, ao que parece, invadiram pacificamente algumas cidades de Israel, visto que não havia impedimento para Sansão ir e vir de sua cidade, Zorá, para a cidade dela, Timna. Outra evidência de que os israelitas conviviam pacificamente com os filisteus, foi o fato de a família da filistéia não impor nenhum impedimento ao casamento dos dois.
     "Foi em Timna que Sansão encontrou a primeira de suas amantes, não se detendo pelo fato de ser ela uma filistéias, e estar ele quebrando a tradição de seu povo, e as injunções da lei, a respeito de casamentos mistos. Pode-se imaginar a mágoa de seus pais, especialmente em face do conhecimento que tinham do nascimento sobrenatural e do destino peculiar do filho. O desinteresse de Sansão por assuntos religiosos desta importância só foi igualado pela sua insubmissão a seus pais. Na sociedadeb israelita, o pai era o chefe da família, e como tal, exercia controle sobre todos os seus membros, incluindo a escolha de esposas para seus filhos. Era caso excepcional quando o filho contrariava os desejos de seus pais, neste ou naquele setor...As queixas dos pais de Sansão cessaram logo, em face da paixão avassaladora que ele sentia por esta mulher filistéia." ((Artur E. Cundall e Leon Morris). A descrição que é feita sobre o casamento deles, leva o comentaristas a pensar que o casamento de Sansão fugiu às tradições israelitas. Se parecia, entretanto, com a forma adotada pelos árabes, onde a mulher permanecia na sua própria terra, em sua casa e o marido era uma espécie de 'visitante', que não morava com ela, mas vinha eventualmente, lhe trazia presentes e permanecia ali por um espaço de tempo. A forma como o texto dispõe as palavras para descrever quem é a noiva de Sansão, também sugere que ela provavelmente era viúva ou divorciada.
     Vemos aí uma série de eventos que demonstram que Sansão estava disposto a fazer as coisas do seu próprio jeito. Ele foi sozinho a Timna organizar a festa de casamento que seus pais desaprovavam, matou um leão no caminho e na volta comeu o mel das abelhas que se alojaram no cadáver, quebrando voluntariamente o voto do nazireado. Quando propôs o enigma aos filisteus, cedeu ao choro de sua noiva, não podendo resistir à insistência dela. Esta, imediatamente contou a seus irmãos. Ao que parece o casamento não foi consumado, pois Sansão foi à Ascalom, uma cidade filistéia, para matar e saquear seus moradores, a fim de pagar a dívida que deixara: 30 camisas (usadas no dia a dia) e 30 vestes festivais (para ocasiões especiais). Note-se que naquele tempo, cada um possuía apenas 1 exemplar de cada uma destas vestes, o que tornava o montante de 30 de cada, uma quantia elevadíssima. Provavelmente, a mulher contou a Sansão as ameaças que sofrera de seus irmãos para revelar o enigma, e este se enfureceu contra os filisteus. Como relatam os comentaristas citados acima, "o pagamento da aposta e o desejo de vingança varreram de sua mente todos os pensamentos a respeito do casamento...paga a dívida, Sansão se retirou, cheio de ressentimento, para sua própria casa, sentindo-se (temporariamente) alienado de sua esposa. Contudo, era grande desgraça uma noiva ser abandonada nesta situação embaraçosa, no final dos festejos matrimoniais, de modo que ela foi dada, imediatamente, ao padrinho, ou companheiro de honra de Sansão."
     No meio de tanta confusão, podemos destacar que nada disso aconteceu à revelia da vontade de Deus, e o verso 4 deixa isto bem claro: "Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor, pois procurava ocasião contra os filisteus...". Deus usou o coração rebelde de Sansão para cumprir seus objetivos de vingar seu povo dos filisteus. Certamente Deus visava também trazer juízo sobre a vida de Sansão. Não pensemos, portanto, por um lado, que Sansão fez tudo como queria e Deus era apenas um espectador, e nem que Deus usou Sansão à despeito de suas vontades e desejos par a cumprir o que melhor Lhe parecia. Estas duas verdades caminhavam misteriosamente juntas! Sansão estava fazendo o que seu coração corrupto desejava, e ao mesmo tempo Deus estava usando estas circunstâncias para executar sua vontade e seu juízo sobre os Filisteus e sobre o próprio Sansão. Este, de maneira salvífica, como veremos no final da história. Aqueles, recebendo sobre si juízo não só em vida, mas eternamente! 

5 comentários:

  1. A história de Sansão é muito interessante, pois mostra como Deus usa até mesmo nossas atitudes pecaminosas e erradas para cumprir seu propósito, o que não significa que essas nossas atitudes ficarão impunes, muito pelo contrário.

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  2. Neste capítulo, muitas coisas me ressaltam aos olhos. Primeiro o fato de Sansão viver negligentemente, ignorando não só as ordenanças dadas a sua família, para o regimento de sua vida futura, como também, por voluntariamente deixar de cumprir algumas leis e mandamentos importantes dados por Deus para serem cumpridos pelo povo de Israel. Além disso, o que também me chamou atenção é que, independentemente de todos os erros cometidos por Sansão, Deus não deixou de agir por meio dele para que os seus planos fossem estabelecidos. O que podemos concluir com isso é: Deus é soberano, ele governa e administra todos e sobre todos, não há nada que passe por ele, ou que ele talvez tenha se enganado em planejar. Por isso não devemos murmurar em relação à nossa vida, pois Deus tem um propósito definido para cada um dos momentos que vivemos, além de nos mostrar nossos defeitos e necessidade de arrependimento, tudo faz para o resplendor de sua glória.

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  3. Vemos aqui, mais uma vez, a despreocupação de Sansão com relação ao seu chamado. Ele seguiu indo contra a vontade de seus pais e fazendo tudo segundo os seus próprios desejos e ambições, desrespeitando-os. Podemos ver, então, que nada disso e de suas consequências estavam fora da sabedoria de Deus e da sua vontade.
    Assim, sabedores de que tudo está debaixo da soberania de Deus e de seu poder, devemos estar atentos a tudo. Ele realiza os seus propósitos e o Seu juízo através das coisas mais simples e até mesmo das mais complexas. Que possamos estar atentos a essas questões, buscando sempre cumprir o que a palavra de Deus nos ordena.

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  4. Não interessa o que aconteça ou o que façamos, seja para o bem ou para o mal. Tudo está sendo controlado por Deus, nada passa por Ele, tudo que acontece Ele já o sabe e acontece para sua glória por mais que façamos coisas pecaminosas, Deus as usa para completar seus propósitos santos.

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  5. Vemos neste texto como Sansão foi negligente ignorando tudo aquilo que seus pais lhe disseram, ignorando até mesmo a lei que proibia casamento misto. E é muito interessante porque vemos,claramente, Deus usando as atitudes pecaminosas que Sansão cometeu, para cumprir os seus propósito. E não é diferente conosco!E não podemos nos esquecer de que ELE esta no controle de tudo e tudo que acontece na nossa vida foi determinado por ELE.

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