quinta-feira, 29 de março de 2012

                                I Samuel 3


     O texto começa deixando claro que a palavra do Senhor era mui rara naqueles tempos. Tão rara que o sumo sacerdote Eli demorou a perceber que era o Senhor que falava a Samuel. Este, por sua vez era muito jovem, e jamais havia recebido uma palavra profética da parte do Senhor, ele ainda não conhecia o Senhor, como o texto narra, não havia experimentado nenhuma manifestação da palavra do Senhor. Em seu livro 'A providência', Héber Carlos Campos diz que quando o Senhor envia pastores à alguma igreja, que não são verdadeiros pastores, que não se preocupam em pregar com fidelidade a Palavra, Ele está demonstrando juízo sobre aquela igreja. Semelhantemente, quando o Senhor se lembra e quer abençoar uma igreja, o faz dando-lhe pastores comprometidos com sua Palavra. Isto é sinal da graça de Deus. É este cenário que encontramos no capítulo 3. "Quando o Senhor retém a sua palavra, é sinal do seu desagrado" (Bíblia de Genebra). Por outro lado, o fato de o Senhor falar com Samuel, demonstra o seu favor para com o povo, que andava por seus próprios caminhos.
     Samuel demonstra sua obediência e prontidão em servir, levantando-se várias vezes na madrugada, sem reclamar, pronto para saber o que Eli desejava lhe falar. Quando foi orientado a responder ao Senhor, o fez imediatamente. Samuel tinha um coração obediente, e tremeu diante das revelações que o Senhor fizera a ele. Como dizer palavras tão terríveis ao sumo sacerdote? Como anunciar que sua casa seria destruída e não seria aceita ofertas de manjares nem sacrifícios, e que sua iniquidade não seria expiada? Pense na situação do jovem Samuel, tendo a responsabilidade de comunicar palavras tão duras a Eli!
     Eli, por sua vez, já havia sido alertado pelo Senhor que sobreviria sobre sua família o juízo por causa de seu pecado e de seus filhos. Ele sabia que havia deixado de cumprir sua obrigação de agir de forma dura com seus filhos, não apenas repreendendo-os verbalmente. Eli sabia que havia pecado gravemente contra o Senhor. "Eli aceita humildemente a sua rejeição, e, confessa o direito de Deus em governar os assuntos dos homens" (Bíblia de Genebra).
     O texto relata que "Samuel lhe referiu tudo e nada lhe encobriu" (verso 18). Embora temesse revelar o teor da visão que tivera a Eli, Samuel não se furtou em cumprir sua obrigação. Ele demonstrava, agora, que seria não apenas sacerdote, mas também profeta em Israel. Me fez lembrar o texto de Ezequiel que narra os deveres do atalaia! Falaremos detalhadamente sobre isso amanhã. 

segunda-feira, 26 de março de 2012

                                I Samuel 2:12 a 36


     Vemos aqui a descrição e o contraste entre do tipo de vida que os filhos do sacerdote Eli levavam, e a forma como Samuel crescia. Samuel crescia diante do Senhor. Hofni e Finéias, no entanto, eram chamados de filhos de Belial. Eles não só viviam na prática do pecado em suas vidas privadas, como também carregavam suas abominações para o serviço a Deus. O verso 22 narra como os filhos de Eli usavam uma prática comum entre os cananeus, mas que era explicitamente condenada na lei de Deus: a prostituição cultual. Eles também usavam de forma errada e gananciosa as ofertas de gordura oferecidas no templo. O texto declara que "era, pois, mui grande o pecado destes moços, perante o Senhor, porquanto eles desprezavam a oferta do Senhor". Eles pecavam deliberadamente contra o próximo, mas mais que isso, pecavam deliberadamente diretamente contra Deus!
     A partir do verso 22, vemos a repreensão de Eli a seus filhos. Talvez àquela altura, a voz de seu velho pai já não fizesse mais diferença. Hofni e Finéias foram acostumados a nunca ouvir a voz do pai. Certamente foram criados acostumados a acatar as próprias vontades, em detrimento da vontade de Deus. Eli havia falhado na sua mais importante missão. Foi um sacerdote do Senhor, mas não cumpriu seu sacerdócio dentro do próprio lar. Não somos acostumados a pensar seriamente sobre este assunto, mas ele é tão sério, que acarretou na dizimação da casa de Eli, começando pela morte de  seus filhos e na sua própria. Como secerdote, Eli não poderia ter filhos que desprezassem a Deus, o profeta diz que Eli agiu irresponsavelmente para com os pecados de seus filhos: "E, tu, por que honras a teus filhos mais do que a mim...?" (verso 29) Eli foi acusado, não só por ter agido passivamente na criação e orientação de seus filhos. Foi pior, ele foi acusado de deliberadamente preferir não aborrecê-los. Ele não foi severo como deveria ter sido. Agradou mais a seus filhos que a Deus, e o custo deste pecado foi altíssimo.
     Precisamos olhar para este triste exemplo e aprender com ele. Primeiramente aqueles que têm a responsabilidade de trazer a palavra de Deus a seu povo, devem ser irrepreensíveis. Suas famílias têm que espelhar uma liderança firme, sadia, que exija de seus liderados a santidade que o Senhor requer. " É necessário , portanto, que o bispo seja irrepreensível...que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?) I Timóteo 3:2 e 4. Na carta de Paulo a Tito, são feitas exigências semelhantes: "...alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados." Tito 1:6
     É claro que tendo sido criados acostumados a fazer suas próprias vontades, Hofni e Finéias não deram ouvidos a repreensão do pai. Não eram acostumados a ter em alta conta o que seu pai dizia. Não respeitavam seu pai como deviam. Infelizmente, continuaram a praticar todas as abominações que, claramente, e aos olhos de todos, praticavam. Os frutos, porém, foram amargos. Que esta triste lição nos instrua a escolher líderes para a igreja de Cristo, que tenham famílias que reflitam a glória de Deus e filhos que não envergonhem seus pais.
      Fica o alerta também para aqueles que ainda não tiveram filhos. Os pais precisam saber que, antes de ter responsabilidades com aquela criança, os pais crentes têm responsabilidades para com Deus. E Deus exige de nós que criemos nossos filhos na disciplina e na admoestação do Senhor. Quando deixamos nossos filhos fazerem o que querem, quando não os corrigimos quando pecam, quando temos preguiça de discipliná-los, quando fingimos que não vimos seus maus feitos, quando não impomos limites, quando não exigimos obediência imediata às nossas ordens, estamos dizendo que não nos importamos com suas almas eternas. E mais que isso, quando agimos assim, pecamos não só contra nossos filhos, mas principalmente contra Deus, honrando, como fez Eli, mais aos filhos que ao Senhor!

quinta-feira, 22 de março de 2012

                         I Samuel 1:9 a 28 e 2:1 a 11


     Toda a família de Elcana saiu de sua cidade para adorar e sacrificar em Siló, este era um costume repetido de ano em ano. Ana, mulher de Elcana era ferozmente atacada por Penina por não poder ter filhos. Enquanto todos comiam e bebiam, Ana se retirou e foi orar. Ela sabia que o mesmo Deus que não lhe permitira, por sua soberana vontade, ter filhos, poderia reverter esta situação. Ela se derramou diante de Deus e sua aflição e fervor eram tão grandes, que Eli, o sacerdote achou que ela estivesse bêbada. Ana fez, então, um voto ao Senhor. Se Ele concedesse a bênção que ela suplicava, ela entregaria seu filho ao sacerdote, para servir ao Senhor por todos os dias de sua vida.
     O texto segue narrando que a família voltou para casa, e Deus se lembrou de Ana. Notem que o texto conta que eles coabitaram, e Deus se lembrou de sua oração. Houve aí o concurso da ação humana, com o agir de Deus. Eles agiram como um casal normal, mas não foi isso que garantiu a gravidez de Ana. O Senhor se lembrou dela! Eles fizeram sua parte, Deus agiu com seu poder!
     Elcana continuou voltando a Siló, mas Ana não o acompanhava, visto ser o menino Samuel ainda muito pequeno. Tão logo Samuel desmamou (o que se dava aproximadamente aos 3 anos), Ana cumpriu sua promessa e levou o menino  a Siló e o apresentou ao sacerdote Eli. Ana não somente cumpriu o que prometera, mas o fez alegremente. Os versos designados "cântico de Ana", nos dá uma ideia do que ía em seu coração. Ela estava exultante, e reconhecia que sua força e salvação estavam no Senhor, que Ele é soberano sobre todas as coisas e que as determina conforme lhe apraz. Ela reconheceu que "o homem não prevalece pela força", mas que o Senhor concede a vitória a seu povo.
     O pedido de Ana foi atendido. Deus fez conforme sua oração. E quando as respostas que recebemos do Senhor não estão de acordo com aquilo que pedimos ou pensamos? E quando a resposta é exatamente oposta ao que pedimos? Aí a nossa fé é testada. Neste momento, somos convidados pela Palavra de Deus a reconhecer o Senhor em todos os nossos caminhos e a saber que, mesmo que não entendamos no momento, ou que nunca venhamos a entender, todos os propósitos de Deus para com seus filhos, são propósitos salvíficos! Precisamos crer, apesar das circunstâncias se mostrarem adversas, que o Senhor é quem conduz nossas vidas, e nos conduz por caminhos que, mesmo que dolorosos, têm como objetivo nos trazer para perto de si. Para os ímpios esta regra não vale. Eles não são disciplinados, são castigados. Não é com um fim proveitoso, como pra nós, mas por justiça e vingança do nome Santo de Deus.

terça-feira, 20 de março de 2012

                           I Samuel 1:1 a 8


     Começamos o texto já com uma dificuldade: Elcana tinha duas esposas. Vemos várias vezes este tipo de relato na Antigo testamento, o que não quer dizer que esta atitude seja a correta. A nota de rodapé da Bíblia de Genebra diz: "A poligamia é mencionada...reconhecida e regulamentada, porém não endossada (apoiada, defendida)."
     A narrativa segue contando que Ana era muito amada por seu marido, embora não lhe tivesse dado filhos. A forma que isso é narrado é que me chamou a atenção: "A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o Senhor a houvesse deixado estéril." (verso 5). Notaram como o texto não se preocupa em 'proteger' ou 'defender' Deus, mas atribui a Ele a esterilidade de Ana. 
     Não pude deixar de me lembrar da teologia relacional, ou teísmo aberto, que anda tão presente por aí. A teologia relacional ensina que "o futuro está em aberto para ser construído, em conjunto, por Deus e pelo ser humano. Logo, ninguém, nem mesmo Deus, pode conhecer exaustivamente o futuro, pois ele ainda não 
existe e, por amor às suas criaturas, o Altíssimo decidiu limitar-se quanto ao 
conhecimento a este respeito e sujeitar-se a riscos e surpresas advindas dessa 
construção em parceria com o ser humano livre, esvazia-se de sua onipotência, abre mão de se relacionar em termos de onipotência-obediência, e se relaciona com a humanidade com base no amor. Numa espiritualidade relacional, tanto nós respondemos às iniciativas de Deus como Deus responde às nossas iniciativas. Numa teologia relacional, Deus corre 

riscos nesse relacionamento com os seres humanos, embora seja infinitamente 
competente e sábio para alcançar seus objetivos eternos, redesenhando a história 
e ele mesmo se adequando às nossas decisões quando o frustramos. Em um diálogo amoroso Deus nos convida para participarmos com ele na construção do futuro... quando oramos, acreditamos que entramos em um genuíno diálogo com Deus e que o futuro não está determinado. Pedimos porque cremos que o futuro pode ser mudado... Somos artesãos do futuro." Todos estes ensinamentos, embora pretendam ser 'politicamente corretos', não passam de aberrações contra a Palavra de Deus! O teísmo aberto diz que Deus não tem o controle de tudo, e por isso, sua onipotência está em jogo.
     Gostaria então, de convidar você a ler paciente e cuidadosamente alguns textos da Escritura Sagrada. Ela é autoridade sobre qualquer nova ideologia que apareça por aí! E o que a Palavra nos apresenta sobre Deus, não tem absolutamente NADA a ver com o que os expoentes da teologia relacional pregam. O Deus da Bíblia é o Deus que intervém de acordo com seus propósitos santos, Deus de juízo e de misericórdia, Deus soberano sobre todas a s coisas!
     "O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta." I  Samuel 2:6 e 7
     "Se EU cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ORDENAR aos gafanhotos que consumam a terra, ou se ENVIAR a peste entre o meu povo..." II Crônicas 7:13
     "Jurou o Senhor dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará." Isaías  14:24
     "Acaso,não ouviste que já há muito dispus eu estas coisas, já desde os dias remotos já o tinha planejado? Agora, porém, as faço executar e eu quis que tu reduzisses a montões de ruínas as cidades fortificadas." Isaías 37:26
     "Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar; é ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da terra." Isaías 40:22 e 23
     "Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: que fazes? Ou: A tua obra não tem alça. Ai daquele que diz ao pai: Por que geras? E à mulher: Por que dás à luz?...Eu fiz a terra e criei nela o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens. Eu, na minha justiça, suscitei a Ciro e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade e libertará os meus exilados..." Isaías 45:9, 10, 12 e 13.
     "Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não  há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade..." Isaías 46: 9 e 10
     "Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles." Daniel 4:17
     "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? Isaías 4:35 -palavras do rei Nabucodonosor, que confessa a soberania de Deus, contudo não o tem como Senhor.

     "Com a voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Porque ele diz à neve: Cai sobre a terra; e à chuva e ao aguaceiro: Sede fortes. Assim torna ele inativas as mãos de todos os homens, para que reconheçam as obras dele....Pelo sopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se congelam. Também de umidade carrega as densas nuvens, nuvens que espargem os relâmpagos. Então, elas, segundo o rumo que ele dá, se espalham para uma e para outra direção, para fazerem tudo o que lhes ordena sobre a redondeza da terra. E tudo isso faz ele para a disciplina, se convém à terra, ou para exercer a sua misericórdia. Inclina, Jó, os ouvidos a isto, pára e considera as maravilhas de Deus. Porventura, sabes tu como Deus as opera e como faz resplandecer o relâmpago da sua nuvem? Tens tu  notícia do equilíbrio das nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito em conhecimento?" Jó 37:5 q 16
     "Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem pois eu te perguntarei, e tu me farás saber. Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo se o tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus? Ou quem encerrou o mar com portas, quando irrompeu da madre; quando eu lhe pus as nuvens por vestidura e a escuridão por fraldas? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus ferrolhos e portas, e disse: até aqui virás e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas? Acaso, desde que começaram os teu dias, deste ordem à madrugada ou fizeste a alva saber o seu lugar, para que se apegasse às orlas da terra, e desta fossem os perversos sacudidos? ...acaso, entraste nos mananciais do mar ou percorreste o mais profundo do abismo? Porventura, te foram reveladas as portas da morte ou viste estas portas da região tenebrosa? Tens ideia nítida da largura da terra? Dize-mo, se o sabes. ...Acaso, entraste nos depósitos da neve e viste os tesouros da saraiva, que eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra?" Jó 38
     Depois da leitura de todos estes textos, não nos resta mais argumento algum! Diante do poder maravilhoso do Deus onipotente, todos precisamos nos calar e tremer!
     
     

sexta-feira, 16 de março de 2012

                          Breve introdução sobre I e II Samuel


     Os livros de I e II Samuel têm estes nomes mais por causa da influência que Samuel exerceu do que pela autoria do livro, já que Samuel morreu muito antes do fim das narrativas. Há um consenso de que os livros de I e II Samuel são uma obra prima da literatura e o registro de um marco na vida do povo de Deus: a transição da teocracia para a monarquia.
      Na Bíblia hebraica, estes livros são imediatamente posteriores à Juízes, que termina com este triste verso: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto." A Bíblia de Genebra explica que "esse refrão também pode descrever os primeiros capítulos de I Samuel. O livro inicia com Israel sem um rei humano e com os israelitas despreocupados em honrar o seu rei divino. Mesmo os sacerdotes, os filhos de Eli, fazem simplesmente o que é correto aos seus próprios olhos."
     Apesar destes dois livros serem uma maravilhosa fonte de incríveis e inspiradoras histórias, eles são muito mais que isso! Narram fatos que nos fazem entender e conhecer melhor a natureza humana em todas as suas incoerências, dubiedades e incertezas. Como todos os livros da Bíblia, I e II Samuel não estão preocupados em esconder os maus feitos dos homens, mas pretende apresentá-los. Estes livros nos mostram claramente o ser humano como ele é, sem analisar os motivos, mas deixando claras sua ambiguidades.
     A partir do próximo post mergulharemos nesta incríveis narrativas, onde conheceremos melhor a raça humana em seu estado de pecado e as misericórdias de Deus no correr da história!
     

terça-feira, 13 de março de 2012

                         Rute 3 e 4


     Poderíamos resumir a história de Rute e Noemi, como a concretização de mais uma etapa dos planos de Deus para preservar a linhagem de onde descenderia o Messias, o Salvador de seu povo. À primeira vista, talvez não parecesse que estivesse acontecendo algo tão fundamental na história do povo de Deus, só mais tarde se comprovaria a real importância dos acontecimentos. O último versículo nos deixa à par do grande passo dado na história para a continuação da genealogia que traria ao mundo o Messias: "...Boaz gerou a Obede, Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi."
     O capítulo 3 começa expressando a preocupação de Noemi em que a nora ficasse sem a proteção de um marido e de uma família, o que era um terrível destino no antigo oriente. Ao mesmo tempo, a presteza de Rute em atender ao pedido da sogra, demonstra muito mais fidelidade de Rute para com Noemi do que podemos imaginar. Como mulher jovem e viúva que era, poderia facilmente encontrar um noivo jovem como ela e rico. Foi que o próprio Boaz reconheceu no verso 10: "Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos." Rute estava preocupada em suscitar descendência à Noemi. Lembram da lei do levirato? Quando uma mulher ficasse viúva, sem dar filhos ao morto, era procurado o parente mais próximo ,geralmente o irmão, para casar-se com a viúva e o primeiro filho deles era tido como sendo filho do que morrera, para não deixar seu nome desaparecer. Rute poderia ter seguido a inclinação natural e procurar um jovem da sua idade, "...mas demonstrou uma atitude responsável para com a família, ao procurar o resgatador para ser seu marido...ela preferiu aderir às conexões de família, demonstrando, assim, respeito por aquilo que é direito. Ela não permitiu que suas inclinações pessoais a governassem."  (Artur E. Cundall e Leon Morris). Devemos ressaltar que Boaz era, pela linguagem usada em todo o livro, referindo-se sempre à Rute como 'minha filha', um homem bem mais velho que ela.
     O plano de Noemi tinha seus riscos, já que a eira era um lugar muito frequentado durante as colheitas por homens felizes e bêbados! Era reconhecidamente um lugar onde se cometia imoralidades. Noemi confiava no caráter e na honradez de Boaz. Sabia que ele jamais molestaria sua nora, por isso seguiu com seu plano. Rute deveria se aproximar de Boaz, que já estava deitado, cansado da colheita e de comer e beber. Este estava dormindo. Rute chegou e descobriu seus pés, numa tentativa de acordá-lo, ao seu tempo, quando os pés estivessem frios. Ela se deitou aos seus pés para esperar o momento em que ele acordasse. Nada de impróprio aconteceu entre eles. Boaz então, acorda e se assusta, perguntando quem era aquela mulher deitada aos seus pés. Rute, então, pede que Boaz estenda sua capa sobre ela. Com esta declaração, ela está literalmente pedindo para que ele a resgate, para que se case com ela.
     Quando Boaz diz que ele é resgatador, mas que existe um que é mais resgatador do que ele, demonstra ser homem justo, preocupado em seguir o que era correto. Mesmo achando Rute uma mulher virtuosa e tendo sido tão generoso com ela por várias vezes, Boaz pede que ela espere, pois tentará resolver o empecilho que se impôs. Havia um parente mais chegado a Noemi do que o próprio Boaz, e o direito de resgatar as terras e a viúva da família de Elimeleque era dele. Boaz então, se dirige à porta da cidade, onde era costume os homens se reunirem para transações jurídicas e comerciais e como o resgatador por ali passava, Boaz expôs-lhe a situação. Ele fez questão de deixar bem claro, diante de todas as testemunhas, que não usou de artimanhas para ficar com Rute. Deixou toda a situação bem clara ao outro resgatador, para que se este se recusasse, a situação de Boaz ficasse clara e definida. E assim, por providência de Deus, aconteceu. Aquele homem até se interessou pelas terras, mas quando foi informado que precisaria resgatar também a viúva para suscitar descendência, negou-se e pediu que Boaz o fizesse em seu lugar (E Boaz nem queria, né??!!!!).
     Então o casamento se consumou, e Rute engravidou. Interessante que o texto deixa claro que a gravidez daquela mulher não era um fato 'esperado e certo', como se devesse acontecer naturalmente. O texto diz que "o Senhor lhe concedeu que concebesse", o que nos mostra claramente, que mesmo sendo um processo natural de coabitação e concepção, tanto com Rute, quanto com qualquer outra mulher, quem concede a bênção e o privilégio de conceber é o Senhor. Ele não está de fora do processo. E nem poderia estar, já que a Bíblia nos diz que Ele nos amou e nos elegeu desde antes da fundação do muno, nada mais certo do que Ele mesmo, no tempo oportuno, no dia adequado, e não ao acaso, conceder que uma mulher conceba aquela vida que ele já conhece pelo nome desde antes da criação! É como o Salmo 139 magnificamente afirma: "os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda (versos 15 e 16).Que maravilhosas verdades. Deus não é o Deus distante e observador, como prega a teologia relacional. Ele é o Senhor da história, e está presente e ativo em cada ato da história da humanidade, inclusive na concepção!
concretização daquilo que Ele planejou. Por isso, nossa vida deve ser uma jornada de , crendo à cada passo, que estamos caminhando rumo à concretização dos planos de Deus, mesmo que não saibamos quais são e morramos sem identificá-los. Isto se chama FÉ, confiança irrestrita naquele que tem o domínio sobre todas  as coisas, escreve a história com suas próprias mãos e tem planos de salvação e vida eterna para seu amado povo!

segunda-feira, 12 de março de 2012

                         Rute 2


     "Este capítulo nos dá uma visão da vida dos pobres na antiga Palestina. Não havia muitas maneiras de uma viúva ganhar a vida; contudo, uma delas era o costuma de respigar (apanhar no campo as espigar que ficaram após a colheita). Havia provisão, na lei, para que na época da colheita o fazendeiro não colhesse os cantos da propriedade, nem apanhasse aquilo que caísse ao solo, à passagem dos ceifeiros (Levíticos 19:9; 23:22). De fato, se ele esquecesse um molho no campo, estava proibido de voltar para apanhá-lo (Deuteronômio 24:19). Estas provisões eram feitas, dentre outras coisas, com vistas aos pobres. Estes poderiam percorrer os campos, após os ceifadores, e respigar o que pudessem. Rute e Noemi, obviamente, eram muito pobres, e foi bom que elas tivessem chegado em seu novo lar no começo da colheita. Isto lhes possibilitou obter alguma comida imediatamente." (Artur E. Cundall e Leon Morris)
     Desde o começo da narrativa, percebemos a mão providente de um Deus bondoso, cuidadoso e zeloso para com seus filhos. Além disso, percebemos claramente a mão poderosa de Deus guiando os acontecimentos 'menos suspeitos'. Aqueles acontecimentos que julgamos ocorrer 'por acaso', ou 'fortuitamente'. Este texto é um claro ensino de que a poderosa mão de Deus rege desde os atos grandiosos da história da humanidade, até aqueles que aos nossos olhos são insignificantes. Ele detém o poder absoluto sobre todos os acontecimentos!
     Foi por este poder e desígnio, que sem nem suspeitar o que lhe estava reservado, Rute entrou 'por casaualidade' no campo de Boaz. Este termo indica que Rute não sabia de quem se tratava. Ela não tinha ouvido falar sobre Boaz, nem tentava obter dele benefício algum, pelo fato de serem parentes. Seu único objetivo era matar sua fome e a de sua sogra. Ela queria trabalhar duro, não desejava nenhum tratamento especial.
     Qual não foi sua surpresa, quando descobriu que Boaz, o riquíssimo dono daquela propriedade, já havia ouvido falar dela e do quanto fora fiel à sua sogra, abandonando sua terra, seus deuses, sua família para seguí-la e cuidar dela. Da mesma forma que Rute usou de bondade para com Noemi, agora, Boaz usa de bondade para com ela. Deus não reputou como nada as renúncias que Rute fizera. Deus foi testemunha de seus sacrifícios por sua sogra e de como ela O reconhecera como verdadeiro Deus. Aquela mulher moabita, estrangeira, viúva, o 'resto do resto' da sociedade, tinha o favor do Deus de Israel sobre si! Boaz fez por ela muito mais do que a lei impunha. Ele ordenou aos seus servos que a permitissem colher os retos logo após estes. O comum seria esperar o fim do trabalho dos ceifeiros para então respigar. Mas Boaz quer que ela pegue o melhor, e sabendo do risco de uma mulher colher os restos tão próxima dos ceifeiros, dá ordens para que nenhum deles a importune com gracejos, nem toquem nela. Também oferece água para matar sua sede, o que era algo preciosíssimo naquele tempo. Somente pessoas autorizadas tinham o direito de beber da água a reservada para os trabalhadores daquele senhor. Boaz ainda ofereceu a ela pão e vinho.
     Rute usou de bondade para com Noemi, Boaz usou de bondade para com Rute, que compartilhou a bênção da colheita com sua sogra. E assim Deus usa os homens para demonstrar o Seu cuidado paternal para conosco. Sim, é através de nossos atos de bondade que Deus ampara e consola seus filhos. Ele não desce à terra para oferecer comida, cuidado, consolo. Ele usa seus servos. Quando Rute amparou sua sogra, era Deus quem a estava amparando. Quando Boaz deu todas aquelas regalias a Rute, era o bondoso Deus, preocupado com o sustento de duas filhas amadas (a israelita e a estrangeira convertida!). Jesus ensinou isto aos seus discípulos, no Monte das Oliveiras: "Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? Ou quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Mateus 25:35 a 40. A explicação da Bíblia de Genebra deixa claro que 'estes meus pequeninos irmãos' se refere especificamente aos discípulos de Cristo, e não ao pobre e necessitado em geral. Cristo é um com seu povo, portanto toda afronta feita ao povo de Deus é feita contra Deus. Do mesmo modo,o conforto, consolo e ajuda dada aos filhos de Deus, são atos que Deus levará em conta no dia do juízo como sendo feitos a Ele mesmo! Que alegria saber que receberemos galardão por nossas atitudes de amor para com nossos irmãos! Que alegria saber que quando alguém se preocupa conosco, sofre conosco e nos estende a mão, é por ordem do próprio Deus, que se preocupa até com os menores detalhes das nossas vidas!

quinta-feira, 8 de março de 2012

                          Rute 1


     O pequeno livro de Rute, de autor desconhecido, conta-nos a história de uma família israelita que saiu do meio de seu povo. O autor localiza o período da história como sendo no tempo dos juízes, o que é muito esclarecedor. Alguns autores relacionam o fato de haver fome em Israel naqueles tempos, como consequência dos desmandos e desvios ocorridos no tempo dos juízes. O fato de cada um fazer o que bem lhe parecia trouxe devastação e fome para o seio do povo de Deus. A fome era uma demonstração clara de juízo! Neste contexto, toda a família (Elimeleque, Noemi e seus filhos Malom e Quiliom) foge para a terra de Moabe, deixando para trás sua terra e seu povo. Eles não pretendiam permanecer ali para sempre, mas morar apenas por algum tempo, até que as coisas melhorassem.
     Estima-se que tenham ficado cerca de dez anos por lá, e tendo filhos jovens, estes escolheram para si esposas do meio do povo em que habitavam. Esta família saiu de Israel esperando viver dias de paz e prosperidade em Moabe, mas a desgraça se abateu sobre eles. Não só não se estabeleceram por lá, como também foram mortos todos os homens da família, o que certamente era um terrível infortúnio. Nada mais havia que ligasse Noemi à terra de Moabe. Com seu marido e seus dois filhos mortos, nada mais lhe restou, se não devolver as viúvas de seus filhos às sua famílias e voltar para Belém. Ela ouviu dizer que Deus teve piedade de seu povo, tirando de seu meio a fome. Não havia outro caminho a tomar.
      Neste ponto, Noemi instou com suas noras que voltassem para suas famílias, já que ela, nada tinha a oferecer. Não teria mais filhos para suscitar descendência aos filhos mortos, e certamente previa que estas mulheres moabitas não achariam casamento em Israel. Estariam condenadas, então, a viver sem a proteção e a segurança que um marido e uma família oferecem à uma mulher. Que desprendimento brilhante! No auge do desespero, quando Noemi se acha viúva, sem filhos, sem bens, miserável, destinada à uma velhice solitária e pobre, ela abre mão da companhia das carinhosas  e amáveis noras que insistiam em permanecer a seu lado, por amor a elas. Noemi julgava que suas noras deveriam reconstruir suas vidas e não se prender à alguém que não lhes traria perspectiva alguma. Noemi não foi egoísta em momento algum! Ela reconheceu que suas noras haviam sido boas e amorosas esposas para seus dois filhos, e mereciam ter uma vida feliz. Ela sabia também, como reconhece no verso13, que a mão do Senhor estava pesando sobre ela: "...o Senhor tem descarregado contra mim a sua mão."
     Após a insistência de Noemi, Ofra resolveu atender ao conselho da sogra, e após muito choro, voltou ao seu povo e aos seus deuses. A escolha pela pátria era também uma escolha pelo seu deus. A resposta de Rute, porém, permaneceu a mesma. Ela amava aquela sogra, e ficaria com ela em qualquer situação: " ...onde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada..." Sua lealdade e fidelidade são comoventes! Rute sabia exatamente o que estas declarações significavam. Ela seria cortada do seu próprio povo, Moabe, mas passaria a pertencer ao povo de Noemi. A escolha do Deus de Noemi para ser seu Deus, em detrimento da religião pagã em que fora criada e ensinada em Moabe, demonstrava que já havia fé em seu coração. E a expressão "faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver..." no verso 17, demonstra que ela já estava clamando ao Deus de sua sogra! "Sua fé poderia não ser bem fundamentada, mas era real...ela decidiu que Javé será o Deus  dela; e chama, portanto, a este Deus." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Rute, a estrangeira, a moabita, queria servir ao único e verdadeiro Deus: o Deus de Israel! Mesmo que isto lhe custasse nunca formar uma família, mesmo que lhe custasse compartilhar a miséria de sua sogra.  Rute estava decidida, e Noemi nada mais pôde fazer para dissuadí-la.
     Ao chegarem em Belém houve certo alarido com a presença delas. As mulheres de Belém, olhando de longe, nem reconheceram Noemi. Havia se passado muito tempo, anos cruéis que envelheceram e maltrataram aquela mulher. Ela pede, então, que não a chamem mais de Noemi, que quer dizer 'agradável'. Seu nome agora deveria ser 'Mara' (amarga),visto que o Senhor a tratara com amargura. Dali ela saiu ditosa, mas reconhece que O SENHOR a fez voltar pobre. E mais ainda, ela reconhece que o Deus todo-poderoso se manifestou contra ela e a estava afligindo! Que ensino maravilhoso! Ela conhece tão bem o seu Deus, que em momento algum murmurou contra sua sorte, ou lançou a culpa em alguém ou em outro deus. Ela não atribuiu à sorte ou aos deuses pagãos a desgraça que estava enfrentando. Ela tinha a certeza de que  Deus que estava acima de tudo, controlando todos os acontecimentos de sua vida. NELE estava a explicação das experiências amargas que Noemi vinha experimentando. E a Bíblia de Genebra faz um comentário que fecha com chave de ouro o texto de hoje: "Noemi era mulher velha, estéril, num país estrangeiro, com duas noras estrangeiras que não tinham filhos. Parece ser candidata improvável para desempenhar qualquer papel na história da redenção do povo da aliança." Quando Noemi poderia supor que entraria na linhagem do Redentor do seu povo? Aquela viúva pobre, solitária, tendo que batalhar por comida para não morrer, jamais perscrutaria o que Deus tinha reservado para ela. Imagina se naqueles dias, ela pensaria que hoje, mais de 3.000 anos depois, nós estaríamos nos emocionando e sendo edificados através de sua pobre vida! Como Paulo diz em I Coríntios1: 27, 28 e 29 :"...Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as forte; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus." 

terça-feira, 6 de março de 2012

                          Juízes 21


     "Passado o fragor da batalha, e arrefecido seu calor, quando a memória dos eventos vergonhosos dos primeiros dois dias foi colocada numa perspectiva mais sadia pela vitória final, os israelitas tiveram ocasião de refletir e arrepender-se. A ação deles se justificava pelo ultraje dos homens de Gibeá, e a guerra que travaram foi, num certo sentido, uma guerra santa. Contudo, ela trouxera, em seu bojo, a consciência de uma fraternidade rompida, e a percepção de que, no calor da crise,  houvera votos extremados. Tornara-se óbvio, neste estágio, o sentimento profundo de unidade, nem sempre prevalecendo nas gerações posteriores. Eles lastimavam, de modo especial, o voto solene que fizeram de impedir quaisquer casamentos entre suas filhas e os homens de Benjamim, visto que tal proibição significava que uma das tribos de Israel pereceria, inevitavelmente.  Se uma família de Israel estivesse em perigo de extinção, isto seria uma tragédia; daí o recurso do levirato (que é o costume, observado entre alguns povos, que obriga um homem a casar-se com a viúva de seu irmão quando este não deixa descendência masculina, sendo que o filho deste casamento é considerado descendente do morto.). Porém, a tragédia era bem maior quando toda uma tribo estava ameaçada. Contudo, um voto não poderia  ser revogado, mesmo sendo irrefletido e mal considerado ao ser pronunciado." (Artur E. Cundall e Leon Morris)
     Todos os acontecimentos que vemos no livro de Juízes, pode ser entendido à luz do último verso: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto." O desvio e a distância dos caminhos de Deus eram gritantes, eles continuavam pecando terrivelmente contra Deus. "A degeneração de Israel agora estava tão completa que até mesmo propuseram e permitiram o sequestro de suas próprias mulheres para evitar a violação de um voto precipitado. A nação, de fato, agia irrefreadamente, segundo suas próprias inclinações pecaminosas." (Bíblia de Genebra).
      E é com este triste quadro que terminamos o livro de Juízes. Sabedores de todos estes acontecimentos, mais uma vez devemos glorificar a Deus por permanecer trazendo para si um povo que chama de seu. Apesar de nós, Deus preservou de forma sobrenatural a sua Palavra, para que ela chegasse até nós. De forma sobrenatural preservou a sua Igreja, para que fôssemos por ela abençoados. Devemos dar glórias a Deus, pois seu infinito amor por nós, sua misericórdias que se renovam sobre nós a cada manhã,sua graça maravilhosa nos mantém firmes, e manteve a Igreja de pé através dos séculos! Jesus sabia que esta jornada não seria fácil, e por isso intercede por nós na oração sacerdotal, antes de ser morto: "Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua Palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal ( do pecado!)...Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade...Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da tua palavra..." João 17:13 a 20.  Isto mesmo! Jesus orou por mim e por você, para que permanecêssemos firmes na sua palavra e resistíssemos às tentações que sobreviriam à nós! Que grande alegria saber que sua graça nos é dada para ficarmos de pé! Que alegria termos o Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inexprimíveis!

segunda-feira, 5 de março de 2012

                          Juízes 20


     A Bíblia de Genebra nos explica que todos aqueles acontecimentos terríveis em Gibeá contra o levita e sua concubina, geraram uma guerra civil em Israel. Pela primeira vez nos tempos dos juízes, as tribos se unem, embora que para tomar vingança, justamente, contra um dos seus (Benjamim). Primeiramente as onze tribos tentaram um acordo com seus irmãos. Eles deveriam entregar os homens que praticaram tamanho ultraje contra o levita e sua concubina, para que os matassem e assim retirassem o mal do meio deles. Os benjamitas se recusaram. A guerra era inevitável.
     O texto nos diz que as onze tribos consultaram o Senhor, mas certamente estavam muito confiantes no número superior de seus exércitos. Deus tinha uma tremenda lição para ensinar a eles. Percebam que Deus mandou que eles fossem à guerra. Por duas vezes eles consultaram ao Senhor e não obstante saíram derrotados, perderam milhares de homens. Talvez a dúvida pairasse em seus corações: " Se o Senhor nos ordenou guerrear contra os benjamitas, por que não vencemos?". Isto nos ensina que não é por estarmos fazendo aquilo que Deus ordena, que tudo sairá conforme planejamos. Por vezes pensamos que o resultado das nossas ações será um, mas o propósito de Deus é inescrutável. Ele pode estar planejando coisas muito superiores para nós, que nossas vistas não podem alcançar no momento. Mesmo assim devemos confiar nEle. Isto se chama fé.
     Deus pretendia ensinar àquelas onze tribos e também à tribo de Benjamim que não deveriam confiar em suas próprias habilidades nem nas probabilidades. Ele é o Senhor sobre todas as coisas e dá a vitória a quem quer. Ele também pretendia trazer seu povo para mais junto de si através daquelas duas derrotas. Vejam o comentário de Artur E. Cundall e Leon Morris:  "Tendo confirmado seu propósito mediante uma segunda consulta aos oráculos, os israelitas sofreram, não obstante,uma segunda derrota humilhante, nas mãos dos benjamitas, o que, sem dúvida, deve ter sido uma experiência devastadora. O sucesso dos benjamitas induziu a uma autoconfiança que veio a preceder sua derrota; contudo, a derrota dos israelitas fê-los voltar-se para o Senhor em profunda humildade. Às lágrimas do dia anterior adicionaram, agora, a disciplina do jejum e oferecimento de sacrifício, sendo que tudo isso sugere o senso de urgência com que procuraram o Senhor. É possível que o número imensamente superior dos israelitas levou-os a aproximar-se do Senhor um tanto levianamente, sem real interesse, o que redundou em resultados fatais. As duas classes de sacrifícios, holocaustos e ofertas pacíficas, indicam seu arrependimento e desejo de reconciliação que restaurariam sua comunhão com Deus."
     Fica patente aos nossos olhos, que como na história de Jó e todo o seu sofrimento, o objetivo de Deus era um só: trazer seu povo para junto de si, como o próprio Jó reconheceu no fim do livro: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5 e 6). Todo o sofrimento prolongado e a dor sentida por Jó, geraram nele primeiramente um reconhecimento que estava distante de Deus, que embora fosse justo, ele O conhecia de longe. E agora, por ver Deus de perto no meio do sofrimento, reconhecia automaticamente quem ele mesmo era! Por causa deste real conhecimento de Deus e de si mesmo, ele se abominava. Deixava de confiar em suas conquistas, e sabia que dependia integralmente da misericórdia do Senhor! Assim sucedeu com os filhos de israel neste episódio de Juízes 20. Mediante estes ensinamentos, deixo uma pergunta no ar: podemos algum dia reclamar de alguma provação e de algum problema que estejamos enfrentando? Jó e os israelitas do tempo dos juízes estavam lidando com a maior tragédia que pode se abater sobre nós, que é a morte, e mesmo assim, arrependeram-se sob a poderosa mão de Deus.Nós muitas vezes, com problemas tão ínfimos, nos desesperamos e chegamos a duvidar do amor e do cuidado paternal de Deus.  Que a lição deste texto fique gravada em nossos corações e que estejamos sempre preparados para enfrentar o dia mal, sabendo que todos os atos de Deus são atos de amor e justiça!