quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

                        Ainda sobre Juízes 19


     Os acontecimentos que se seguem são assombrosos. O ancião, após tentar dissuadi-los sem sucesso, toma a concubina do levita e a entrega àqueles animais. O levita não a defende, não toma partido dela, passivamente aceita que sua concubina seja entregue nas mãos de dezenas de homens enfurecidos.
     A catástrofe não podia ser menor, aquela pobre mulher foi violentada durante a noite toda até à morte. "...se um ser humano alguma vez sofreu uma noite de terror inenarrável, foi a concubina daquele levita, naquela noite, que lhe deve ter parecido interminável como a eternidade, e tão escura como o próprio abismo satânico. Não foi somente a ação dos homens de Gibeá que revela a profundidade abismal dos péssimos padrões morais dessa época. A indiferença do levita, que se preparou para partir, de manhã, aparentemente sem qualquer interesse em investigar o destino de sua concubina, e sua ordem rude, insensível, a ela, quando a viu jazendo à porta, tudo isso mostra que, a despeito de sua religião, ele era um homem destituído de emoções mais refinadas. Ele não pareceu sentir-se ultrajado senão ao perceber que a mulher estava morta, ao levantar seu corpo para colocá-lo sobre o jumento, e prosseguir a viagem. O incidente chocante produziu uma impressão indelével (que não se pode destruir, indestrutível; que não se pode apagar, inapagável) sobre Israel, sendo mencionado pelo profeta Oséias como um dos maiores exemplos de corrupção (Oséias 9:9 e 10:9)...esta ação vil (de despedaçá-la e mandar suas partes por mensageiros para todo Israel) foi considerada a atrocidade de maior proeminência, desde o tempo do êxodo..." (Artur E. Cundall e Leon Morris).
     Toda esta violação ao corpo da concubina pelos homens de Gibeá, e depois a violação de seu cadáver pelo levita, demonstra o total desrespeito às leis de Deus e a distância que o povo se mantinha da moral e dos bons costumes. A ideia do cadáver daquela mulher ser tão horrivelmente violado, sendo partido em pedaços, mostra mais crueldade do que possamos supor. Na antiguidade algo que era muitíssimo respeitado, até em tempos de guerra, era se dar uma cerimônia fúnebre decente aos seus mortos. Um exemplo disso foi a morte de Sansão. Ele morreu estando sob o poder de seus inimigos, mantando centenas deles, na terra deles, e mesmo assim, os filisteus não se negaram a entregar o corpo de Sansão aos israelitas para que fosse sepultado junto aos seus. Isso nos dá a noção exata do que o ato do levita significou. Foi tão marcante e reprovável, que foi citado mais tarde por Oséias, como já dissemos, como exemplo de pecado terrível. Não podemos nos esquecer que nossos pecados geram consequências, e às vezes por muitos anos e atingindo muitas pessoas. É o que veremos no texto de amanhã.


     


     

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

                           Juízes 19


     Para entendermos melhor esta narratyiva, precisamos explicar alguns pontos que não conhecemos. O texto nos conta sobre um levita que pegou para si uma comcubina. Comcubina era denominada a mulher que, normalmente era escrava e tinha uma posição juridicamente inferior  a de uma esposa. No verso 2, quando o texto narra que ela "aborrecendo-se dele, o deixou...", o termo "aborreceu-se, pode ser substituído por "prostituir-se". Ela havia adulterado contra o levita, o que pela lei, deveria gerar a morte da mulher por apedrejamento. Visto o povo estar distante demais do conhecimento e do cumprimento das leis de Deus, a situação foi banalizada, e a mulher não foi morta, antes, voltou para a casa de seu pai. Pela situação aqui explicada, dá para entender a alegria do pai, ao ver o levita voltando para buscá-la. A desonra seria retirada de seu nome, e sua filha voltaria a viver com seu marido, por isso, tanta hospitalidade da parte do pai da comcubina. Suas estada ali se prolongou mais que o esperado, e por fim, quando decidiu ir mesmo embora, já partiu num horário não muito propício, já declinando o dia.
     O pai da concubina instou para que ele dormisse mais uma noite e o levita não aceitou. O moço que estava com ele, já em viagem, e começando a anoitecer, sugeriu que parassem em Jebus, que era Jerusalém, àquela altura ocupada pelos jebuseus. O levita recusou-se. Achou mais seguro passar a noite entre seus irmão israelitas, do que no meio de um povo estrangeiro. Eles então, entraram e Gibeá (cidade benjamita) e se assentaram na praça, que era um lugar que servia para encontros sociais, comerciais e jurídicos. Era costume dos viajantes se assentarem nas praças para aguardar a hospitalidade dos moradores da cidade em acolhê-los. A demora desta hospitalidade, que era sagrada entre os orientais,foi uma clara demonstração de dureza de coração dos homens de Gibeá e um prenuncio da desgraça que estava por vir.
     Neste cenário, surge ajuda de onde menos se esperava. Um velho, que não era benjamita, mas estava ali por algum tempo, se compadeceu dos viajantes e ofereceu-lhes ajuda. Levou-os consigo para casa, deu de comer e de beber aos três e aos animais, lavou-lhes os pés e ofereceu abrigo. Enquanto comiam e se alegravam, a casa foi cercada pelos homens de Gibeá, designados aqui por "filhos de Belial". O sentido do nome, certamente está ligado à deusa babilônica da vegetação, que era a deusa do submundo, o que torna a palavra sinônimo de 'abismo' ou , 'lugar de onde não há mais retorno', o nome está também ligado à impiedade. A descrição destes homens condiz perfeitamente com a bestialidade que pretendiam cometer. Assim, estes israelitas assemelhavam-se aos de Sodoma e Gomorra, quando num episódio muito semelhante, Ló teve que oferecer suas filhas virgens, para livrar os anjos que se hospedavam em sua casa da maldade daqueles homens. Mas notem, que em Gênesis 19, estamos falando de um povo pagão, o povo de Sodoma. A história narrada aqui, conta que era o próprio povo de Deus que, desta vez, queria cometer tamanha aberração. A que ponto o povo chegou! Se tornaram piores do que os de Sodoma, pois pretendiam atacar um de seu próprio povo, um israelita como eles, um levita!
     O pedido daqueles homens ao ancião "revela toda a extensão de sua perversão sexual, e a resposta do ancião, revela sua repugnância diante da conduta deles, conduta horripilante, destruidora de todas as convenções da hospitalidade." (Artur E. Cundall e Leon Morris). O ancião diz a eles o mesmo que Ló: "...nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção do meu teto." (Gênesis 19:8). "Em sua profunda preocupação a respeito dos padrões aceitos de hospitalidade, o ancião estava disposto a quebrar um código que, para o leitor moderno, parece infinitamente mais importante, isto é, o que determina cuidado e proteção para os mais fracos e desamparados. As mulheres sempre foram desconsideradas no mundo antigo; na verdade, se as mulheres, hoje, desfrutam de uma posição privilegiada, isto é devido, em grande parte, aos preceitos da fé judaica, e particularmente à iluminação que veio da fé cristã. O ancião estava disposto a sacrifica sua própria filha virgem, e a concubina do levita, nas luxúrias tortuosas dos atacantes, a permitir que qualquer mal atingisse seu principal hóspede." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Amanhã continuaremos está trágica história, que mais uma vez nos remete à situação deplorável de distância da lei de Deus que o povo se encontrava!
     

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

                          Juízes 18


     Os danitas não tinham um território próprio. Eles se mostraram incapazes de ocupar o território que lhes foi designado. Isto se deu por causa da pressão dos filisteus e dos amorreus, e por isso foram sendo empurrados para as montanhas, ficando espremidos num pequeno pedaço de terra. Cansados desta situação, armaram seiscentos valentes, tomaram seus filhos, suas mulheres e seus bens, e partiram rumo à conquista de Laís.
     Ao passar pela casa de Mica, reconheceram a voz do levita Jônatas, e resolveram se servir de suas predições. Usaram o oráculo de Mica e seu sacerdote para se assegurarem que poderiam seguir seu destino rumo à conquista de Laís.
     Laís encontrava-se numa região agradável e favorável para o estabelecimento dos danitas: "tratava-se de área pequena mas fértil, ocupado por povos de origem fenícia..." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Os espias que lá estiveram voltaram confiantes e certos que tomariam facilmente aquela terra. 
     Entre homens de guerra e suas famílias o números de pessoas chegava a , talvez, três mil. Quando foram informados pelos espias que  seria fácil tomar a cidade, eles quiseram fazer o serviço completo: já chegar lá de posse de ídolos para o santuário e de um sacerdote de verdade! Agora vejamos o interesse mútuo contido nesta narrativa. Os danitas se empolgaram pela predição de Jônatas de que eles venceriam os habitantes de Laís. Era exatamente o que eles queriam e precisavam ouvir para acender os ânimos dos guerreiros danitas. O sacerdote, por sua vez, por certo nem pensaria em dar uma resposta negativa ao que os danitas perguntaram. E por fim, a proposta dos danitas fez estremecer a ganância do sacerdote! "Por que ser conselheiro espiritual de um grupinho, quando posso exercer a mesma função e influência sobre uma tribo inteira?" Aquele sacerdote não fugiu ao padrão corrompido da época. Ele não estava preocupado com mais nada além dele mesmo. Ele não servia a Deus, servia a homens, e por isso, aquele que oferecesse maiores vantagens, levaria o levita para casa!
     Qualquer semelhança com os nossos dias não é coincidência! Igrejas que querem ouvir oráculos e predições favoráveis, que detestam ser confrontados pela Palavra de Deus, que não querem ouvir sobre pecados. Na outra ponta, pastores que também não estão interessados na alma eterna de suas ovelhas, nem naquilo que elas PRECISAM, mas estão dispostos a tudo para acariciá-las e agradá-las e principalmente mantê-las a seu lado. Este, definitivamente não foi o propósito de Deus em colocar pastores sobre o seu rebanho. Pastores são pais, são aqueles que zelam pela integridade moral e espiritual de seu rebanho. São homens que estão dispostos a dar a vida pelas ovelhas, que se desdobram em mil para alimentá-las e mantê-las no caminho. Os verdadeiros pastores não buscam agradar os corações pecadores, não se furtam em confrontar os membros que vivem no pecado, não fingem que não estão vendo o erro. Eles são embaixadores de Cristo na terra e sua missão é de suma importância, "quem aspira o episcopado, excelente obra almeja." (I Timóteo 3:1). Aqueles que se intitulam pastores, sem ter sido convocados e arregimentados pelo Senhor da Igreja, cometem um erro gravíssimo, e não conscientes  de suas responsabilidades, trazem sobre si juízo sobre juízo, cada vez que deixam de cumprir o que Deus designou para seus ministros, ou ao contrário, fazem coisas que Deus jamais ordenou se fizessem! Talvez estes homens não tenham noção de quem é o Deus que pensam servir. Se soubessem, temeria falar em Seu nome! 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

                          Juízes 17


      Esta abrupta e curta narrativa nos deixa a par do estado em que a nação de Israel se encontrava: total afastamento do Senhor. Como o próprio texto diz, cada um fazia o que achava mais reto. A partir deste comportamento, pode-se esperar todo tipo de abominações. A fé dos israelitas deveria ser uma fé desprovida de qualquer imagem. Deus não pode ser adorado à semelhança de qualquer criatura. O segundo mandamento é claro quanto a isso.
     Mica, que era da tribo de Dã, havia roubado uma grande soma de dinheiro de sua mãe, e por ter sido amaldiçoado por ela, devolveu o dinheiro. A mulher fez algo de praxe: devotou parte do dinheiro à religião. Mas o distanciamento e a ignorância do povo a respeito de Deus no tempo dos juízes eram tantos, que foi construído um ídolo. Provavelmente a imagem de um boi, símbolo de força e poder de fertilidade entre os pagãos. Era assim que os da casa de Mica pretendiam adorar ao Deus de Israel...
     Não satisfeito com o ídolo, Mica institui seu próprio filho como sacerdote, e culmina suas abominações, pagando a um levita verdadeiro para ser sacerdote do seu deus. E o levita consentiu! Passou a ser sacerdote daquele ídolo e a fazer parte de toda a distorção das leis que Deus havia dado e que foram esquecidas.
     Fico pensando como um povo pode se distanciar tanto de seu Deus, a ponto de praticar tantas coisas abomináveis! Como pode um sacerdote levita, que havia sido designado para o serviço do santíssimo culto ao santíssimo Deus, se render a um convite para intermediar o povo através da imagem de um boi? A única resposta que me vem à cabeça é que este afastamento e desconhecimento da lei de Deus é algo tão gradual quanto imperceptível e destrutivo. É sempre assim que perdemos a batalha. Como as Igrejas e os pastores de hoje andam tão distantes e cometendo torpezas tão graves quanto se prostrar ante um boi? Como as verdades de Deus são tão desconhecidas que, quando ditas, são alvo de escárnio? E como isso não nos dói, não causa revolta? Como não nos voltamos à Palavra a cada erro no culto? Como toleramos os ministro equivocado com os quais nos deparamos? A resposta é simples: da mesma forma que a ignorância e a falta de liderança se abateram sobre Israel, vagamos sem rumo, num mar de "Micas", erigindo seus próprios ídolos e nomeando seus próprios sacerdotes!
     O maior perigo que nos ronda e que pode devastar não só a nossa vida de obediência pessoal, mas também a obediência e a santidade da Igreja, é a ignorância sobre quem é Deus e sobre o que Ele exige de nós nas Escrituras! Portanto, cada um de nós deve estar atento ao seu próprio coração e se estamos fazendo como o povo no tempo dos juízes: "cada qual fazia o que achava mais reto". Não podemos nos iludir achando que devemos confiar em nós mesmo. Pelo contrário! Devemos sempre desconfiar de nós mesmos e deixar que a Bíblia seja nosso guia seguro, nossa REGRA de fé e de prática. 
     Mica, sua mãe e aquele sacerdote levita certamente achavam que estavam agradando a Deus, enquanto praticavam tamanha iniquidade e abominação. Deviam estar se sentindo bem, com seu senso religioso satisfeito. Mas isso não pode ser suficiente para nós! Aquilo que queremos, achamos ou pensamos a respeito do Deus revelado e de seu culto, devem estar de acordo com o que Ele mesmo revelou sobre si e sobre o culto que desejava receber de seus adoradores. Se não, corremos o risco de estarmos tão distantes da verdade quanto aqueles homens. E o pior: achando estar  perto da verdade, estar tão diametralmente opostos ao Deus verdadeiro, adorando deuses fabricados em nossa própria imaginação. Pode haver desgraça maior? Isto se chama apostasia! Deus nos guarde de cairmos nesta armadilha!
     

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

                          Juízes 16:23 a 31


     O texto anterior narra a captura de Sansão pelos filisteus. Eles vazaram seus olhos e o levaram preso. Decorrido algum tempo no cárcere, os filisteus resolveram fazer uma celebração nacional de ação de graças ao seu deus Dagon, afinal, haviam capturado o seu maior e mais temido inimigo. Um homem que havia sido separado desde o ventre para manifestar a glória de Deus, por causa de sua vida de pecado, agora era motivo de zombaria. Era motivo de um culto pagão, de entrega de oferendas a um ídolo. Que triste fim o de Sansão. Quanta desgraça aguarda aquele que abandona o Senhor e faz aquilo que seu coração manda.
     Mas a história de Sansão é, sobretudo, uma história que demonstra a graça e a misericórdia perdoadora e redentiva do nosso Deus. Naquela situação deplorável, servindo de espetáculo e sendo motivo de risos para os filisteus, Sansão fez sua última oração. E seu pedido foi aceito por Deus, que lhe concedeu novamente poderes para derrubar as colunas do lugar onde estavam e matar mais homens na sua morte do que todos que matara em vida.
      Deus deixa claro que a força de Sansão pertencia a ELE! Os cabelos que haviam sido cortados não eram mágicos. Os cabelos longos era apenas um símbolo da aliança firmada com Sansão. E como a força vinha do Espírito de Deus e não dos cabelos de Sansão, a força que havia trazido tanto pavor aos filisteus retornou a Sansão. Eles jamais poderiam supor que Sansão retomaria seus poderes antes de ter longas madeixas novamente. Estavam tranquilos... mas para humilhar aqueles homens e para deixar bem claro para todos que ouvissem esta história, o Senhor, que tudo pode e que é o único Deus, agiu mais uma vez de forma sobrenatural através de Sansão.
     Que esta narrativa nos conduza a andar em retidão de vida e obediência ao Senhor. Que jamais precisemos chegar às últimas consequências, como foi com Sansão. E mais: que nunca o nome de outro deus seja louvado, e o nome do Senhor seja envergonhado por nossa causa!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

                                Juízes 16:1 a 22


     O homem a respeito do qual temos lido, apesar de ter uma força física tremenda a ponto de torná-lo uma lenda, não era capaz de dominar seus apetites e sua natureza rebelde e sensual. O autor do texto bíblico não esconde as fraquezas de Sansão e deixa claro que ele era um homem entregue às suas próprias paixões, visto o pouco caso que fizera do seu nazireado, quando por várias vezes entrou em contado com cadáveres. Neste episódio, mais uma vez ele desprezará seu voto, revelando-o.
     Parece que Sansão tinha uma atração especial por mulheres proibidas...Ficou noivo de uma filisteia, o que redundou em toda aquela confusão e desgraça. Agora procura uma prostituta filisteia e por fim se apaixona perdidamente pela filisteia Dalila, que desde o começo da história só pretendia arrancar de Sansão seu segredo de força para vendê-lo aos seus irmãos filisteus. Sansão pode ser comparado a Salomão em certo aspecto. "A respeito de Salomão está escrito que ele amou muitas mulheres estrangeiras...e suas esposas lhe perverteram o coração, impedindo-o de seguir ao Senhor e contribuindo para o declínio moral e religioso do povo." (Artur E. Cundall e Leon Morris)
     Como Sansão já havia se tornado uma ameaça nacional para os filisteus, a escolha de uma mulher insensível e gananciosa como Dalila era indispensável. Dalila executou seu plano de forma fria e calculista, sabendo os riscos que corria. A narrativa dá a entender idas e vindas de sansão, que indica que entre todas as tentativas de Dalila de descobrir seu segredo, e a concretização do plano, decorreu um longo período de tempo. Sansão, por sua vez, estava tão envolvido por ela e enredado nas suas artimanhas, que sequer desconfiou o que ela realmente pretendia. Seu coração o enganou completamente e cegou seu entendimento, tolheu sua obediência. Por causa desta paixão, ele sequer levou em conta que ela era uma filisteia, e que jamais poderia revelar seu segredo, seu voto nazireu aos inimigos de Israel! Quanta tolice e quantas atitudes inconsequentes podem se esconder em uma paixão...
     O desfecho desta triste história se revela no verso 20:"...o Senhor já se tinha retirado dele ." Note que Sansão não percebeu de imediato que o Senhor não estava mais com ele! Estamos também sujeitos a isso. Podemos achar que continua tudo bem enquanto pecamos e andamos por nossos próprios caminhos, quando na verdade estamos sós! "...aqui, há a tragédia de um homem inconsciente  do fato de que o Senhor já não está mais com ele. Em tal situação a vergonha e a derrota são inevitáveis." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Era exatamente isso que esperava por Sansão após ter se deleitado e refastelado em seus pecados: vergonha e derrota!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

                           Juízes 15


     Vemos neste capítulo as desastrosas consequências dos atos de Sansão. Podemos aprender com o exemplo alheio que a desobediência e andar por nossos próprios caminhos trazem sempre resultados destrutivos. Passada a ira de Sansão, ele volta a Timna para 'reaver' sua esposa e para coabitar com ela, concretizando assim o casamento. Mal sabia ele que os pais da noiva, temendo que a atitude de Sansão fosse irreversível, e que o estigma da desgraça se abatesse sobre sua filha, deram-na ao padrinho. Ao perceberem que foram precipitados, os pais da noiva trataram rapidamente de oferecerem a ele a irmã mais nova da moça, com medo da vingança que poderia vir. Sansão recusou a oferta, e profundamente ofendido, proclamou sua vingança contra os filisteus.
     Tomando trezentas raposas, Sansão pôs fogo ao rabo delas e incendiou o ceral que estava por ser ceifado, as vinhas e os olivais dos filisteus. Este era um tipo de vingança muito comum no mundo antigo, e suas consequências, desastrosas. Esta era uma sociedade puramente agrícola. Ao verem os estragos, os filisteus já sabiam da parte de quem eles vieram. Tinham certeza que fora Sansão quem efetuou tamanha destruição. A reação foi imediata: os filisteus cercaram Judá.
     Os filisteus juntaram um exército de mil homens, afim de se vingar de apenas um! Os homens de Judá, por sua vez, estavam dominados pelo pavor que tinham dos filisteus. Notem que eles formaram um exército de três mil homens, não para combater os inimigos, mas para capturar Sansão e entregá-lo nas mãos dos filisteus. Eles até simpatizavam com Sansão, mas não queriam entrar em guerra contra os filisteus, mesmo tendo um número de soldados muito superior ao deles. E assim fizeram. Capturaram e amarraram sansão para entregá-lo a um inimigo comum, ao invés de permanecer ao lado daquele herói contra os filisteus.
     O texto termina mostrando que sansão, apesar de seus pecados e atitudes precipitadas, era um homem escolhido por Deus para executar juízo sobre os filisteus. Deus não fez caso da multidão de homens envolvidos nesta disputa: mil filisteus e três mil da tribo de Judá. O Espírito Santo de Deus se apossou de Sansão, que sozinho, resolveu a questão! Matou mil homens com uma queixada de jumento, de forma sobrenatural. Sobrenatural também, foi a forma como ele foi livre da morte, pois já estava exaurido, quase a perecer de sede, quando Deus fendeu uma cavidade e fez sair água dali, o que salvou a vida do desfalecido sansão.
     Estes episódios me fizeram lembrar a pregação de ontem de manhã, quando lemos a genealogia de Jesus, e vimos que a maioria dos homens que estavam nela, se dependesse dos nossos critérios meritórios não estaria ali! Raabe, Jacó, Davi, Salomão, Manassés ( que chegou ao ponto de sacrificar o filho aos ídolos), e tantos outros citados na genealogia de Jesus, tiveram seus momentos de pecado, de lutas e tragédias pessoais. Isto nos ensina que não merecemos nada, que não há ninguém fora da ação salvadora de Deus e que Ele age como e através de quem quer! Sansão claramente se inclui na lista daqueles que não convocaríamos para uma missão tão importante como livrar Israel das mãos dos Filisteus. Mas Deus o usou tremendamente, ensinando-nos assim, que a glória pertence a ELE, e que nós, pecadores, somos instrumentos para realizar sua vontade no mundo!