quarta-feira, 25 de abril de 2012

                             I Samuel 7


     Tendo sido levada para Quiriate-Jearim a arca da Aliança, o povo descansou. Descansou até demais. Ao longo de vinte anos voltaram a cultivar a idolatria, e somente ao cabo deste tempo, resolveram clamar ao Senhor. A vida deles havia entrado num marasmo tão grande, que talvez nem tivessem percebido como o tempo tinha passado rápido e o quanto a adoração a outros deuses se espalhara e se arraigara entre eles. Aquele velho ciclo, muito comum em Juízes, voltava a acontecer agora: apostasia, opressão, arrependimento e livramento. Parece que o povo ainda não havia aprendido que o distanciamento gradual do Senhor, leva o homem a uma distância tão gigantesca, mas ao mesmo tempo tão silenciosa, que não os deixa ver sua real situação. Assim acontece conosco. Muitas vezes estamos tão distante do Senhor quanto o céu dista da terra, mas sequer percebemos.
     O processo de arrependimento do povo veio de forma prática, como todo verdadeiro arrependimento: eles botaram fora os ídolos! Os baalins e os astarotes foram retirados do meio do povo e eles voltaram a adorar apenas ao Senhor Deus de Israel. O arrependimento podia ser visto e tocado! Não era apenas um confissão de lábios, mas as atitudes do povo demonstravam, para que todos vissem, que o pecado da idolatria havia sido deixado. Esta é outra lição para nós: para que se confirme nossa confissão de arrependimento, nossa vida precisa mudar! Como nos exorta o apóstolo Paulo em Efésios, não basta se afastar das práticas pecaminosas. Precisamos substituí-las por boas práticas: "...deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo...aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com  que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente, a que for boa para a edificação...longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros..." Efésios 4:25 a 32. Reparem que para cada atitude repreendida, fica a ordem de praticar o oposto! Assim demonstramos o verdadeiro arrependimento, que exige mudanças externas, fruto da mudança interna. E foi isso que aconteceu entre o povo de Deus. Depois de longos vinte anos tolerando e praticando o culto a ídolos, eles demonstraram que haviam se arrependido.
     A partir daí a vitória foi esmagadora! O Senhor derrotou os filisteus de forma tal, que o texto narra que nunca mais eles vieram ao território de Israel "porquanto foi a mão do Senhor contra eles todos os dias de Samuel" (verso13). Aquela guerra havia chegado ao fim. Mais tarde os filisteus atacaram novamente o povo de Israel, mas naquele momento não houve revide. Deus tinha agido no meio de seu povo e Samuel tratou de erguer um memorial e o chamou Ebenézer e disse: "Até aqui nos ajudou o Senhor." Interessante notar que este lugar não é o mesmo onde, no capítulo 4:1, também chamado Ebenézer,o exército manda trazer a arca da Aliança para ajudá-los a vencer os filisteus, numa clara tentativa de manipular a Deus. Agora a história havia sido diferente. Eles não quiseram usar Deus como um amuleto na guerra. Houve arrependimento de pecados, e Deus tomou a batalha de seu povo para si, dando-lhes a vitória. Ebenézer quer dizer 'pedra de socorro', e foi exatamente isso que Deus havia sido para o seu amado povo!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Postado por: Ana Talitha

                                   


                                                                  I Samuel 6

     Dando prosseguimento ao estudo do primeiro livro de Samuel, vale lembrar o que ocorreu no final do capítulo 5 deste mesmo livro. Os ecronitas, estando incapazes de continuar debaixo da mão pesada do Senhor e do seu poder, decidiram por devolver a arca do Deus de Israel, temerosos do que poderia vir a acontecer.
     Entrando agora diretamente no sexto capítulo, vimos que os filisteus estavam buscando alguma resposta sobre para aonde deveriam levar a arca da aliança, sobre como a devolveriam para o seu lugar. Essa atitude demonstra o desespero desses homens depois do que havia acontecido. A resposta dos sacerdotes e adivinhadores consistia em enviar, juntamente com a arca, uma oferta pela culpa. Essa oferta, por sua vez, tinha como objetivo ressarcir pela ofensa que a retirada da arca havia causado e confirmar a culpa desses homens. Colocaram então a arca e as figuras de ouro sobre um carro que seria guiado por duas vacas. Eles então asseguraram de que se esse carro fosse de encontro a Bete-Semes (território israelense), teriam certeza de que foi o Deus de Israel quem os causou tudo aquilo. 
     Vamos dar mais atenção e nos ater especialmente aos acontecimentos que são narrados a partir do versículo 19. Tendo os homens de Bete-Semes olhado para dentro da arca, o Senhor os feriu fortemente. Dessa forma, é demonstrada a pequenez daqueles homens e a nossa perante um Deus tão poderoso. O manuseio indevido da arca era uma ofensa ao nosso Deus, assim como o tratamento indevido da nossa vida espiritual também o é. Esses últimos versos devem estar constantemente em nossas mentes, a fim de que nos coloquemos em nosso lugar diante do único Deus. Jamais devemos tratar as coisas referentes ao reino de Deus de maneira insolente e desrespeitosa. Elas devem ser sempre prioridade em nossas vidas, aquilo em que nós devemos gastar mais tempo, com o maior zelo e temor. Não podemos nunca pensar e acreditar que Ele é nosso igual e nos esquecer de que teremos recompensa por todos os nossos pecados. Tudo aquilo que fizermos perante Ele, nos trará graves consequências.
     Que estejamos cada dia mais próximos do Deus altíssimo, lembrando-nos da nossa miséria e pobreza diante de um Deus tão grandioso e maravilhoso. Que Deus continue agindo de misericórdia para conosco, pecadores e indignos de estarmos na presença dEle. Somente a graça maravilhosa de Deus para nos tirar do lamaçal do pecado e nos trazer ao arrependimento genuíno. Precisamos estar atentos diariamente a essa questão: se pararmos pra pensar e percebemos que não temos tido a devida reverência por tudo aquilo que envolve a nossa vida espiritual, devemos curvar as nossas cabeças e pedir perdão a Ele. Não há como nos aproximarmos do Senhor se não nos afastarmos do mundo. Só assim podemos nos manter firmes na fé!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

                            I Samuel 5


     Após desbaratarem o exército de Israel, os filisteus tomam a arca da Aliança e a levam consigo. No antigo Oriente Médio, era hábito o exército vitorioso levar os deuses do exército vencido e colocá-lo no templo de seu deus. Embora a arca não fosse um ídolo, os filisteus pensavam que era. Esta era uma forma de dizer a todos que o deus Dagom era vencedor sobre o Deus de Israel, que por sua vez era um deus inferior e agora estava subordinado a Dagom.
     Asdode era uma das principais cidades filisteias e ficava a cerca de 80 Km de Ebenézer, cidade de onde a arca fora tomada. Logo seus moradores ficariam atônitos com os acontecimentos que a presença da arca da Aliança desencadeariam. Primeiramente o ídolo amanhece rosto em terra diante da arca, depois, rosto em terra, com a cabeça e as mãos cortadas. Isto era feito aos inimigos mortos. Os filisteus, no entanto, não entenderam para o quê estas manifestações apontavam. Mas no próximo acontecimento eles entenderiam.
     O verso 6 nos conta que a mão do Senhor assolou duramente aquele povo e os feriu com tumores. Há um consenso entre os comentaristas ao definirem estes tumores como sendo 'peste bubônica'. Esta era uma doença transmitida por ratos , que era infectocontagiosa e se manifestava por inchaços nas axilas, virilhas e pescoço. O aparecimento destes tumores, soava como uma sentença de morte. Apavorados, os moradores de Asdote resolveram enviar a arca para Gate, na tentativa de comprovar que a pestilência que os atingiu nada tinha a ver com a presença da arca da Aliança entre eles. Mas quando a arca chegou a Gate, toda a cidade foi assolada pelos mesmos tumores, deixando claro para os filisteus que a mão do Deus de Israel estava contra eles. Tirada de Gate e enviada a Ecrom, a arca agora deveria ser devolvida a Israel rapidamente para que a peste cessasse.
      Este texto traz uma preciosa lição: "O Senhor não é domado por amigos nem inimigos" (Bíblia de Genebra). Num primeiro momento, seu próprio povo tentou manipulá-lo, tirando a arca de Siló e levando-a para o meio do exército, esperando uma bênção mágica. Deus frustrou seus intentos. Depois, os filisteus colocaram a arca dentro do templo de Dagom, esperando subserviência. De maneira espantosa e terrível, o Deus de Israel mostrou aos filisteus que só existia um Deus ali! O Senhor executa todo o seu juízo, e não se deixa impressionar pelas 'firulas' humanas. Não nos achemos nós, algum dia, tentando manipular a Deus ou barganhar com Ele. Nosso relacionamento com Ele deve estar baseado na obediência e no amor.
     Com todos estes acontecimentos, o grande Deus de Israel, o único Deus, quer mostrar quem Ele é. Quer ensinar que as ideias humanas sobre 'vencedor' e 'perdedor' são muito diferentes das suas. Os filisteus se julgaram vencedores, mas na verdade, estavam levando a peste e a destruição para o seu arraial. Ao mesmo tempo, Israel se desesperou ao ver seus milhares de mortos e a arca sendo tomada. Isto era derrota a seus olhos. Mas Deus os estava querendo ensinar. Não podemos nunca nos prender ao que nossos olhos carnais vêm. Não temos sequer noção dos planos que Deus tem em nossas vidas. Por isso, quando alguma tragédia nos sobrevier, ou as coisas não saírem exatamente como prevíamos, tratemos de colocar nossa fé em prática! Sabedores que Ele é Senhor absoluto sobre tudo, e de que tem  pensamentos de amor para com seus filhos, descansemos nEle, mesmo durante as tempestades.
    

quarta-feira, 18 de abril de 2012

                             I Samuel 4


     O povo sai à peleja contra os filisteus por ordem do Senhor, e não compreendem o fato de terem perdido a batalha, morrendo naquele dia quatro mil homens. Eles esperavam que, se Deus os havia mandado para lá, certamente a vitória os acompanharia. Não passou pela cabeça deles que talvez o Senhor os quisesse naquela batalha para lhes ensinar algo, ou para discipliná-los. Quantas vezes o mesmo acontece conosco...achamos que se o Senhor é quem está dirigindo os nossos passos, se Ele é Senhor sobre tudo, vai dar tudo certo, de acordo com as minhas próprias expectativas! Nos esquecemos, como os hebreus esqueceram neste episódio, que nós não conhecemos os planos e os propósitos do Deus soberano.
     Eles não entenderam e foram questionar os anciãos sobre a derrota. Mas também não quiseram, nem o povo, nem os anciãos, aguardar uma resposta do Senhor. Mandaram trazer a arca. Pensavam na arca como um amuleto da sorte, algo mágico que traria a presença do Senhor para o meio do exército e, certamente, a vitória. Eles não consideraram que "a salvação depende da livre iniciativa de Deus e da sua graça soberana, e não das técnicas ou planos humanos" (Bíblia de Genebra). Na verdade eles queriam os benefícios que o Senhor poderia lhes dar, não queriam receber suas orientações e obedecer suas ordens!
     A 'emenda saiu pior que o soneto'... Além de sofrerem uma vergonhosa derrota que desbaratou o exército de Israel e matou trinta mil homens, a arca do senhor, que guardava as tábuas da lei, e era o símbolo da presença de Deus no meio do seu povo, foi tomada e levada pelos filisteus! Que grande tragédia se abateu sobre o povo de Deus! Os sacerdotes foram mortos, como já havia sido profetizado. Eli, ao saber das terríveis notícias também morreu. Sua nora que estava grávida não aguentou a dureza da situação e, ao dar à luz, expirou. Mas antes de morrer, resumindo a dimensão daquela catástrofe, dá a seu filho o nome de Icabô, ou Icabode: 'foi-se a glória de Israel', numa clara referência à araca da aliança que fora tomada. 
     

terça-feira, 3 de abril de 2012

                        Ainda sobre I Samuel 3:10 a 18 e Ezequiel 33: 1 a 9


     Samuel temeu, mas não deixou de avisar a Eli sobre o que ouvira do Senhor. As palavras não eram boas, eram de condenação, de espada vindo sobre Eli e sobre sua casa por causa de seu pecado, mas Samuel relatou TUDO que ouvira do Senhor. Ele não relatou parte, ou apenas o que lhe convinha. Samuel disse a Eli exatamente as palavras que o Senhor mandou que ele dissesse.
     O texto nos remete a Ezequiel 33, que ensina uma preciosa lição. Primeiramente, o  texto nos diz que "Quando EU fizer vir a espada sobre a terra" (verso 2), não deixando dúvida quanto a quem trás a espada sobre o seu povo. Deus está vendo o pecado no meio do povo, mas antes de enviar o juízo, o texto nos ensina que Deus institui atalaias sobre a terra. Os atalaias são aqueles homens que estão à espreita, vigiando, cuidando dos muros da cidade, para protegê-la. Este atalaia tem a obrigação de, vendo ao longe o brilho da espada que se aproxima, tocar a trombeta, para que o povo seja avisado.
     Este é o papel que os líderes do povo de Deus desempenham. Eles são os atalaias constituídos pelo próprio Deus para convocar o povo ao arrependimento, para que não venha sobre eles a destruição. Samuel cumpriu á risca seu papel de atalaia. Tocou a trombeta, e avisou a Eli sobre o juízo que se aproximava.
     O interessante é que aqui é descrita a obrigação do atalaia, sem no entanto isentar o homem do seu pecado. O texto diz que se o atalaia não tocar a trombeta, não avisar ao povo sobre o juízo que se aproxima por causa de seu pecado, aquele homem que NÃO foi avisado, "será abatido na sua iniquidade" (verso 6). Não há justificativa plausível para o pecado. Mesmo que o atalaia não avise, o pecador será cobrado por seu pecado. Cada um responderá a Deus por si. O sangue deste homem que foi abatido em seu pecado, será cobrado também das mãos do atalaia. Se este, entretanto, avisar ao povo que vem a espada, e ele não se der por avisado, fizer ouvidos de mercador,e o juízo vier, e ele for abatido em seu pecado, seu sangue não será cobrado das mãos do atalaia, pois este cumpriu seu papel.
     Que tremenda responsabilidade a do atalaia! Que ministério difícil: ser porta voz da destruição que o pecado trará! Todo homem, pois, a quem Deus constitui atalaia sobre o seu amado rebanho, deve ter estas palavras gravadas em seus corações. Deus demandará de suas mãos o sangue daquele que for morto em seus pecados, sem ter sido alertado que o juízo viria. Precisamos orar para que o Senhor tenha misericórdia de sua Igreja, e que levante verdadeiros atalaias, que amem a Deus e à sua Palavra, que amem o rebanho de Deus, que proteja-o, avisando-lhes quando estão em pecado! Que mais e mais pastores acordem para a dolorosa, mas imprescindível tarefa de alertar sempre a igreja de Deus a viver em santidade, e a abandonar o pecado. Que nossos pastores não tenham medo de desagradar a homens, falando-lhes sobre seus pecados. O verdadeiro amor não finge que não vê o pecado. Pelo contrário, apavorado com a possibilidade de juízo iminente, o verdadeiro amor confronta o homem com seu pecado e convoca-o ao arrependimento.
     O apóstolo Paulo entendia sua responsabilidade, e quando foi se despedir dos presbíteros de Éfeso, aos quais julgava que não veria mais, sua despedida foi nestes termos: "Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós, em todo tempo...servindo ao Senhor com toda humildade, lágrimas e provações...jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo...Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus." (Atos 20:20, 21,26 e 27). Durante os três anos que esteve em Éfeso, pregando ostensivamente o Evangelho, Paulo não negligenciou verdade alguma. Ele falou sobre todo o conselho de Deus, foi um pregador fiel ao Evangelho, nunca comprometeu as Boas Novas! Não deixou de pregar sobre assuntos 'difíceis' ou 'polêmicos'.
     Que nós, como ovelhas, aprendamos a amar àqueles pastores que cumprem seu papel de atalaia, nos avisando quando estamos nos distanciando da verdade, e trazendo sobre nós mesmos juízo. Que aprendamos a amar e respeitar àqueles que velam por nossas almas. Aprendamos a receber exortações pelo nosso pecado, e ao invés de nos aborrecermos com isso, pensando que 'o pastor não tem nada a ver com minha vida', sejamos gratos a Deus por colocar sobre nós homens que tenham amor por nós, a ponto de nos confrontar com nosso pecado. No fim da carta aos hebreus, o autor nos adverte: "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isso com alegria e não gemendo..." (13:17).