segunda-feira, 21 de novembro de 2011

                        Juízes 14


     O começo das narrativas sobre a vida de Sansão já deixa claro o que dissemos anteriormente: ele não estava muito preocupado com seu chamado ou com aquilo que Deus esperava e requeria dele. Este capítulo começa contando que ele se apaixonou perdidamente por uma filistéia, e que nem após severas argumentações de seus pais, ele desistiu da idéia de casar com ela. Os filisteus, ao que parece, invadiram pacificamente algumas cidades de Israel, visto que não havia impedimento para Sansão ir e vir de sua cidade, Zorá, para a cidade dela, Timna. Outra evidência de que os israelitas conviviam pacificamente com os filisteus, foi o fato de a família da filistéia não impor nenhum impedimento ao casamento dos dois.
     "Foi em Timna que Sansão encontrou a primeira de suas amantes, não se detendo pelo fato de ser ela uma filistéias, e estar ele quebrando a tradição de seu povo, e as injunções da lei, a respeito de casamentos mistos. Pode-se imaginar a mágoa de seus pais, especialmente em face do conhecimento que tinham do nascimento sobrenatural e do destino peculiar do filho. O desinteresse de Sansão por assuntos religiosos desta importância só foi igualado pela sua insubmissão a seus pais. Na sociedadeb israelita, o pai era o chefe da família, e como tal, exercia controle sobre todos os seus membros, incluindo a escolha de esposas para seus filhos. Era caso excepcional quando o filho contrariava os desejos de seus pais, neste ou naquele setor...As queixas dos pais de Sansão cessaram logo, em face da paixão avassaladora que ele sentia por esta mulher filistéia." ((Artur E. Cundall e Leon Morris). A descrição que é feita sobre o casamento deles, leva o comentaristas a pensar que o casamento de Sansão fugiu às tradições israelitas. Se parecia, entretanto, com a forma adotada pelos árabes, onde a mulher permanecia na sua própria terra, em sua casa e o marido era uma espécie de 'visitante', que não morava com ela, mas vinha eventualmente, lhe trazia presentes e permanecia ali por um espaço de tempo. A forma como o texto dispõe as palavras para descrever quem é a noiva de Sansão, também sugere que ela provavelmente era viúva ou divorciada.
     Vemos aí uma série de eventos que demonstram que Sansão estava disposto a fazer as coisas do seu próprio jeito. Ele foi sozinho a Timna organizar a festa de casamento que seus pais desaprovavam, matou um leão no caminho e na volta comeu o mel das abelhas que se alojaram no cadáver, quebrando voluntariamente o voto do nazireado. Quando propôs o enigma aos filisteus, cedeu ao choro de sua noiva, não podendo resistir à insistência dela. Esta, imediatamente contou a seus irmãos. Ao que parece o casamento não foi consumado, pois Sansão foi à Ascalom, uma cidade filistéia, para matar e saquear seus moradores, a fim de pagar a dívida que deixara: 30 camisas (usadas no dia a dia) e 30 vestes festivais (para ocasiões especiais). Note-se que naquele tempo, cada um possuía apenas 1 exemplar de cada uma destas vestes, o que tornava o montante de 30 de cada, uma quantia elevadíssima. Provavelmente, a mulher contou a Sansão as ameaças que sofrera de seus irmãos para revelar o enigma, e este se enfureceu contra os filisteus. Como relatam os comentaristas citados acima, "o pagamento da aposta e o desejo de vingança varreram de sua mente todos os pensamentos a respeito do casamento...paga a dívida, Sansão se retirou, cheio de ressentimento, para sua própria casa, sentindo-se (temporariamente) alienado de sua esposa. Contudo, era grande desgraça uma noiva ser abandonada nesta situação embaraçosa, no final dos festejos matrimoniais, de modo que ela foi dada, imediatamente, ao padrinho, ou companheiro de honra de Sansão."
     No meio de tanta confusão, podemos destacar que nada disso aconteceu à revelia da vontade de Deus, e o verso 4 deixa isto bem claro: "Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor, pois procurava ocasião contra os filisteus...". Deus usou o coração rebelde de Sansão para cumprir seus objetivos de vingar seu povo dos filisteus. Certamente Deus visava também trazer juízo sobre a vida de Sansão. Não pensemos, portanto, por um lado, que Sansão fez tudo como queria e Deus era apenas um espectador, e nem que Deus usou Sansão à despeito de suas vontades e desejos par a cumprir o que melhor Lhe parecia. Estas duas verdades caminhavam misteriosamente juntas! Sansão estava fazendo o que seu coração corrupto desejava, e ao mesmo tempo Deus estava usando estas circunstâncias para executar sua vontade e seu juízo sobre os Filisteus e sobre o próprio Sansão. Este, de maneira salvífica, como veremos no final da história. Aqueles, recebendo sobre si juízo não só em vida, mas eternamente! 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

                           Juízes 13


     Vemos neste capítulo o chamamento de Sansão. Depois de o povo se voltar novamente contra Deus e ser entregue por Ele nas mãos dos filisteus por quarenta anos, Deus decide levantar mais um juíz para livrá-los. Este foi um chamamento diferente. Sua consagração foi desde o ventre. O voto do nazireado era um voto feito pela própria pessoa, por tempo determinado. No caso de Sansão foi diferente, o voto foi feito desde o ventre e deveria ser por toda a vida. Seu chamado era tão especial, que até sua mãe deveria observar o voto. 'Nazireu' significa 'separado', 'consagrado'. Ela não deveria tocar em coisas imundas, nem beber vinho ou bebida forte.
     No decorrer da história de Sansão, veremos que ele não se importou muito com o voto do nazireado. Ele apenas observou o não passar navalha pela cabeça, mas o restante de sua vida foi diretamente contrária às suas responsabilidades de nazireu.
     Outro fato que nos chama a atenção é a forma como o nascimento de Sansão foi comunicada. Outra teofania, que visava notificar o nascimento do libertador de Israel das mãos dos filisteus. Deus se apresentou a eles de forma simples, falando de forma que eles pudessem entender. Tão corriqueira foi a forma que Ele se comunicou com Manoá e sua mulher, que os dois só perceberam de Quem se tratava, quando no final, ele subiu na chama do altar. Aí sim, o desespero de Manoá foi grande: "Certamente, morreremos,  porque vimos a Deus." (verso 22).
     No verso 5 é declarado que Sansão começaria a livrar Israel do poder dos filisteus, o que deixa claro que sua missão não seria terminada, pois os filisteus dominariam Israel mais tarde novamente durante a vida de Samuel, no reinado de Saul. Este domínio filisteus só cessaria definitivamente em Davi. Tudo isso deixa claro para nós, que enquanto vivemos as situações do dia a dia, nunca temos a concepção exata daquilo que Deus quer realizar. Não podemos tentar entender quais são os planos finais de Deus para as situações que se nos apresentam. Deus tem uma visão completa, exata e total da história que ele mesmo dirige! Nos cabe cumprir nosso chamado, fazendo aquilo que Deus nos chamou a fazer durante a nossa vida, preocupando-nos em ser obedientes em TUDO, não apenas em alguns aspectos, como fez Sansão.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

                          Juízes 12


     "O traço de caráter que os efraimitas demonstraram neste episódio está de acordo com a reação anterior deles, a Gideão, numa situação semelhante (8:1 e 2). Mas a semelhança entre os dois incidentes termina aqui. Jefté, o ex chefe de bandidos, não era homem de brincadeiras; suas palavras e ações contrastavam vividamente com a ´palavra branda que desvia o furor', de Gideão, o homem a quem fomos apresentado quando estava malhando o trigo no lagar, com medo dos midianitas. Os efraimitas, sem dúvida armados, expressaram a Jefté seu ressentimento em termos bem claros. Efraim, a principal tribo, na parte central e norte de Israel, havia sido humilhada por ele, não sendo chamada para a batalha; agora os efraimitas estão dispostos a aplicar uma vingança sumária contra tal desdém. Parece que foi esquecido o fato de que foi ganha uma vitória contra o inimigo comum... Jefté ...julgou não ser conveniente convidar os efraimitas, nesta ocasião particular, que afetava apenas Gileade, e assim efetuou o livramento usando apenas tropas locais...
     Não demorou muito para a situação piorar, inflamada pelas difamações injuriosas dos efraimita...O exército de Jefté, desmobilizado após esmagar a ameaça amonita, foi outra vez mobilizado, às pressas, e obteve completa vitória sobre seus patrícios, tal qual sobre o estrangeiro invasor...Um teste simples, porém devastador, foi criado para estabelecer a identidade daqueles que procurassem transpor o Jordão. Os que confessassem que eram efraimitas presumivelmente eram mortos de imediato; os que negassem eram obrigados a pronunciar a palavra: chibolete (que significa "espiga de milho"), que os efraimitas por constituição vocal não sabiam pronunciar." Artur E. Cundall e Leon Morris
     Fica evidente neste texto, a triste falta de união que havia entre Israel. Uma guerra civil mostrava claramente a divisão que havia entre eles. O capítulo termina contando sobre a morte de Jefté, que julgara Israel por apenas seis anos. "O governo abreviado de Jefté, o aumento do número de deuses sendo adorados e a guerra civil com Efraim contribuem para a decadência moral cada vez maior de Israel." (Bíblia de Genebra)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

                          Juízes 11


     O evento que eu gostaria de destacar neste capítulo, dentre tantos relevantes, é o voto de Jefté. No verso 1 já se começa a descortinar aos nossos olhos a causa de tamanha desgraça no fim do capítulo: "...Jefté, o gileadita,homem valente, porém filho de uma prostituta." Por causa de sua origem ilegítima, e sem herança entre o clã de sua mãe, Jefté habitava na casa de seu pai, mas em se tornando homem, foi expulso por seus irmãos e se tornou o chefe de bandidos. Mais tarde, porém, foi convocado para livrar aquele povo que o expulsara. Jefté era fruto de um a união proibida por Deus, fruto de jugo desigual.
     Por causa da mãe prostituta, e provavelmente não israelita, e por viver tanto tempo em meio a povos pagãos, sua religião fora maculada. Quando ele fez o voto de sacrificar a primeira pessoa que passasse da porta de sua casa, tinha em mente a devoção a Deus, reconhecendo que Ele lhe daria a vitória. Mas boa vontade e boa intenção não bastam para agradar a Deus. Ele deveria conhecer a lei de Deus para que não proferisse um voto tão precipitado, que constasse de sacrifício humano, reprovado e proibido por Deus na lei dada a Moisés: "Não farás assim ao Senhor, teu Deus, porque tudo que é abominável ao Senhor e que ele odeia fizeram eles a seus deuses, pois até seus filhos e suas filhas queimaram aos seus deuses." (Deuteronômios 12:31). Os conceitos de Jefté estavam manchados pela religião pagã que o cercava. Além destas influências, estava também o desconhecimento da lei de Deus. São estes, dois perigosíssimos conselheiros!
     Deus não admitia ser adorado como o eram os deuses pagãos, mediante sacrifício humano, portanto, o voto que Jefté fizera, era um voto pecaminosos, e não deveria ser cumprido! "Juramentos e votos ilícitos não devem ser feitos ou, se forem feitos, não devem ser cumpridos." (Bíblia de Genebra). Foi como, por exemplo o voto que Herodes fez à filha de Herodias (sua cunhada, com quem este adulterava), que dançou para ele, e ele jurou dar o que ela pedisse. Ela pediu a cabeça de João Batista! (Mateus 14:1 a 12). Hoje em dia estes absurdos também acontecem. Existem pessoas que fazem votos a Deus, dizendo que se conseguirem isto ou aquilo, abandonarão mulher e filhos, para se dedicar à missões, por exemplo. Coisas inventadas pela mente pecaminosa do homem, tentando agradar a Deus de sua maneira, não conforme as prescrições dadas pelo próprio Deus, sobre como se deve agradá-lo.
     Hoje não incorreríamos num erro tão grosseiro, mas certamente, se nos deixarmos influenciar pelo mundo e sua religião pagã, e pela nossa falta de conhecimento Bíblico, corremos o risco de dar a Deus o que Ele nunca pediu, e de deixar de fazer o que Ele nos ordena!  

terça-feira, 8 de novembro de 2011

                           Juízes 10


     Dois juízes foram levantados e julgaram Israel por quarenta e cinco anos. Tola por vinte e três anos e Jair por e vinte e dois anos. Mortos os juízes, Israel voltou às suas velhas práticas, seguindo o vicioso ciclo de abandono a seu Deus. No verso 7, o texto nos mostra a consequência do abandono do Deus verdadeiro. Mais uma vez vem sobre eles a vara, pelas mãos dos filisteus e dos amonitas. Vemos aqui a soberania de Deus agindo na vida dos ímpios, para cumprir os propósitos santos que Deus tem para seu povo. O texto diz que foi DEUS quem entregou os israelitas nas mãos desses povos, para que os oprimissem. Eles foram a vara de Deus para corrigir seu povo. E sob este pesado e angustiante jugo, Israel passou 18 longos anos.
     Em meio a opressão, o povo clamou a Deus, reconhecendo que haviam pecado e que abandonaram seu Deus para servirem outros deuses. Mas desta vez a resposta que Deus deu ao povo foi surpreendente: "Clamem a esses deuses!". Artur E. Cundall e Leon Morris fazem o seguinte comentário sobre a resposta do Senhor ao povo: "A resposta não veio facilmente, visto que o ciclo de livramento, seguido de esquecimento, ingratidão e apostasia havia ocorrido tantas vezes, que seria impossível menosprezar o pecados deste povo. Deus exigia, e ainda exige, amor constante, bem como lealdade e obediência de seus filhos, sobre os quais Ele opera continuamente, para benefício deles, não aprovando um relacionamento fraco, facilmente rompível, em que Ele é invocado apenas em épocas de emergências." Deus fez questão de lembrar ao povo dos livramentos anteriores que fizera. No verso 6, o texto narra uma lista de deuses dos povos, que Israel havia seguido, demonstrando que o abismo de apostasia em eles estavam se metendo, só aumentava.   Deus deixa claro ao povo que eles não tinham direito algum de clamar a Ele por libertação, tamanha era sua apostasia e abandono da verdadeira religião e sua ingratidão com os livramentos fantásticos dados por Deus ao povo ao longo de todos aqueles anos! 
     Mas a aparente rejeição de Deus ao clamor do seu povo tinha um objetivo: testá-los. Deus queria provar seus corações para saber se eles de fato haviam se arrependido, ou se desejavam apenas um livramento momentâneo da dor que os incomodava. Deus desejava ver na prática o arrependimento confessado pelo povo. Ele queria VER na prática que houve mudanças. O verso 15 demonstra qual era a verdadeira disposição de seus corações: "Temos pecado, faze-nos tudo quanto te parecer bem; porém livra-nos ainda esta vez, te rogamos". Alguns poderiam argumentar que o desejo deles era se livrarem a qualquer custo de seus opressores. No entanto, alguns detalhes apontam para a ideia de que eles estavam sendo sinceros em seu arrependimento. Eu destacaria dois aspectos. Primeiramente eles se entregam nas mãos do Senhor para receberem o castigo necessário: "faze-nos tudo quanto te parecer bem". Este texto me fez lembrar aquele de Isaías 57:15 que diz: "Assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: habito no alto e santo lugar, mas habito também com o o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos." O comentário da Bíblia de Genebra nos explica que o contrito e o abatido de espírito, é aquele homem que se submete à lei de Deus e se arrependem SOB o seu castigo! Eles se submetem! Sabem que pecaram e merecem receber a punição de seus atos, por isso aguentam firme, sem reclamar do justo juízo de Deus sobre eles. O povo de Israel disse exatamente isso a Deus "faze-nos tudo que te parecer bem". Eles conheciam o seu Deus, e sabiam que fosse qual fosse o juízo por seus pecados, a disciplina aplicada a eles, seria para a vida e não para a morte. Eles sabiam que Deus é um Deus amoroso e misericordioso, e que aplicaria a disciplina com vistas ao aperfeiçoamento de seu povo, e não por mágoa ou vingança. O conhecimento de Deus, nos permite confiar cegamente na disciplina aplicada a nós quando pecamos! Podemos até não entender muito bem na hora, mas nosso coração não se revolta nem blasfema, mas confia que tudo aquilo tem um propósito santo, pois vem das mãos de um Deus Santo e Pai amoroso.
     Outra evidência da sinceridade do arrependimento do povo, foi sua imediata ação em remover os deuses alheios do meio de si. Este é o único relato deste tipo de atitude em todo o livro de Juízes. O povo demonstrou com atitudes práticas, visíveis que havia mesmo chegado à conclusão que tinham se desviado do único e verdadeiro Deus. A profissão de fé dos nossos lábios, exige atos de nossas mãos. Uma confissão de pecado, sem a devida mudança daquele hábito ofensivo a Deus, demonstra que, na verdade, nós não nos arrependemos. Podemos até ter chegado à conclusão de aquilo era errado, que desagradava a Deus, ou tivemos medo das consequências. Mas arrependimento verdadeiro, provoca mudança visível. Não nos enganemos! Se nosso 'arrependimento' não tem gerado mudança, ele pode ser chamado de remorso, ou sei lá de que! Nunca de arrependimento.
     A forma linda como o verso 16 termina nos comove: "então, já não pôde ele reter a sua compaixão por causa da desgraça de Israel." É como se Deus estivesse se segurando para agir, esperando a hora certa, mas seu coração se revolvia, ansiando livrar logo seu amado povo. Não antes, porém que eles tivessem aprendido a lição. Como um pai quando observa a dureza de coração de um filho, e com o coração pequeninhoconosco! Não retira de nós a disciplina, mas está esperando ardentemente que termine logo o castigo que ele mesmo nos impôs, para correr a nos abraçar e consolar! E que garantias o Senhor tinha de que o povo não se desviaria novamente? Nenhuma, muito pelo contrário. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde eles novamente cairiam em pecado. Assim mesmo Deus age conosco. Nos perdoa e nos recebe de volta, mesmo sabendo que amanhã certamente feriremos sua santidade novamente


     

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

                         Juízes 9:7 a 57


     O único filho de Gideão que sobreviveu ao massacre efetuado por Abimeleque foi Jotão. Este se dirigiu aos moradores de Siquém, pronunciando uma parábola, que tentava alertar o povo sobre a má escolha que haviam feito quando puseram Abimeleque como rei. Ele conta que outras árvores nobres, como a oliveira, a figueira e a videira, que tinham papel importante na vida agrícola daquele povo, não aceitaram deixar suas importantes tarefas e dons para reinar sobre eles. Mas o espinheiro aceitou, logo ele, que além de ser improdutivo, não oferecendo nada de valor, era também uma ameaça, pois no grande calor, fagulhas propagavam grandes incêndios alimentados pelo combustível que eram os espinhos secos. A mensagem de Jotão ao povo de Siquém era clara: Abimeleque não poderia dar a segurança que eles esperavam, pelo contrário, seria o instrumento de destruição para aquela cidade. Ele também coloca a decisão deles em cheque. Se eles procederam corretamente com os filhos de Jerubaal (Gideão), eles deveriam viver bem sob o domínio de Abimeleque. Se não, o sangue daqueles setenta homens mortos por Abimeleque, serviriam de testemunhas contra eles, e seu fim seria terrível, consumidos pelo fogo que sairia de Abimeleque.
     Depois de um curto período do reinado de Abimeleque, o próprio Deus suscitou 'um espírito de aversão' entre Abimeleque e os moradores de Siquém. Se até aquele momento havia dúvidas se Deus deixaria impune os atos de Abimeleque, neste momento o vento começa a soprar contra ele. Gaal se levanta dizendo ao povo como ele seria melhor governante que Abimeleque e suscita uma revolta. Mas Zebul, oficial de Abimeleque, se apressa a contar ao seu rei os planos de Gaal. Se livrando temporariamente da ameaça de Gaal, Abimeleque agora, se dedica a se vingar do povo da cidade de Siquém. Ele se levanta contra a cidade num dia que parecia ser um dia normal de trabalho, visto que o texto narra que "saiu o povo ao campo" para trabalhar, o que indicava um dia comum. Abimeleque se aproveitou disso e os atacou de surpresa, matando-os, assolando a cidade e semeando sal por toda ela. Esta atitude de jogar sal, prejudicava a agricultura, tornando o lugar infrutífero novamente. Certamente eles não conseguiram jogar sal em TODA a extensão do território de Siquém, e com isso fica claro que era uma espécie de maldição que Abimeleque estava lançando sobre a cidade. Era na verdade um símbolo de que a cidade ficaria condenada a destruição.
     Após a destruição da cidade, Abimeleque se voltou para destruir a torre de Siquém, que era uma fortaleza e continha o templo do deus El- Berite. Lá estavam refugiados os habitantes de Siquém que escaparam do massacre. Assim teve cumprimento a profecia de Jotão, e o restante do povo de Siquém, que havia apoiado a matança dos filhos de Gideão e proclamado Abimeleque rei, morriam agora queimados pelas mãos de seu próprio rei, que ao invés de proteger seu povo, se vingava deste.
     O capítulo termina contando a morte vergonhosa de Abimeleque, que pede para ser transpassado por seu escudeiro, para não passar pela afronta de morrer pelas mãos de uma mulher, como foi com Sísera, lembram? O verso 56 fecha de forma magistral esta história. Mesmo que este verso não tivesse sido registrado ou escrito, o ensino desta história nos soa muito claro: "Assim, Deus fez tornar sobre Abimeleque o mal que fizera a seu pai, por ter aquele matado os seus setenta irmãos. De igual modo, todo o mal dos homens de Siquém Deus fez cair sobre a cabeça deles." Gostaria de concluir com outro versículo muito conhecido, que cai como uma luva nesta história: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará." Gálatas 6:7 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

                          Juízes 9:1 a 6


     Recapitulando a história de ontem: Gideão permaneceu até sua morte em Ofra, onde vivia com suas mulheres e seus filhos. Sua concubina, com quem tivera um filho chamado Abimeleque, morava em Siquém. No capítulo 9, Abimeleque começa a executar seus planos, pressionando os seus irmãos por parte de mãe que viviam em Siquém, a tornarem-no Rei, argumentando que era melhor serem guiados por ele, que era sangue de seu sangue, do que pelos outros filhos de Jerubaal (que é Gideão).
     "Este capítulo é de interesse especial, porque mostra evidência clara da influência da comunidade cananéia, encravada na estrutura tribal de Israel. A cidade de Siquém estava marcada pela natureza para desempenhar um papel importante na história de sua época. Muitas das rotas comerciais convergiam para Siquém que, estando num centro de cruzamento de vias, na Palestina, dominava uma área considerável das regiões rurais circunvizinhas. Tornara-se sagrada, na tradição israelita, como lugar em que Javé se revelara a Abraão...
     O fato de os siquemitas serem descritos como "homens de Hamor", ao lado de sua fidelidade ao deus Baal-Berite, mais o argumento óbvio do apelo feito por Abimeleque, no fim do verso 2, tornam claro que a população de Siquém era predominantemente cananéia. Provavelmente havia sido incorporada a Israel, mediante tratado, à época da conquista. " (Artur E. Cundall e Leon Morris).
     Após convencer os homens de Siquém a fazê-lo rei e arrecadar dinheiro do santuário de Baal Berite para contratar assassinos, Abimeleque segue com eles para Ofra, a fim de matar seus meio-irmãos. Ele o fez numa rocha, o que demonstra que Abimeleque os ofereceu como sacrifício a Baal- Berite. "Seu reinado turbulento de três anos, obtido por meio de enganos e mantido à força, foi apenas um incidente no desenvolvimento da monarquia, visto que o reinado não sobreviveu à sua morte. Da mesma forma, o oportunista Abimeleque não merece um lugar entre os juízes de Israel, os quais ocupavam esta posição em face de seu caráter e das realizações pró-libertação do povo."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

                         Juízes 8


     Vemos nos versos 1 a 21 um detalhado relato das ações finais de Gideão na batalha contra os midianitas: Acalmou os ânimos de Efraim (que se sentira excluído por não ter ido à batalha), a saga dos trezentos em busca de pão nas cidades vizinhas para terem forças para continuar a captura dos reis midianitas, o desbaratamento dos quinze mil midianitas restantes (dos cento e vinte mil iniciais!), a captura e morte dos reis Zeba e Salmuna. Vemos também a lição dada por Gideão aos príncipes de Sucote e Penuel, que negaram hospitalidade aos seus irmãos que estavam em batalha, talvez por medo de uma vingança futura dos midianitas. Embora fossem seus irmãos, Gideão não perdoou a traição dos príncipes de Sucote e Penuel, e seu castigo foi severo, gerando certamente a morte.
     A partir daí vemos o desfecho da vida de Gideão. Primeiramente o povo quis torná-lo rei, mas sabedor das funções que Deus havia dado a ele, Gideão recusou: "Não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará sobre vós." (verso 23). Gideão não se tornou rei de israel, e passou a viver distante da vida pública.
      Gideão se prender em uma terrível armadilha: fez uma estola sacerdotal com muito ouro recolhido de seu exército. A preciosidade da peça chamava a atenção, e logo se tornou objeto de adoração. Com esta atitude Gideão se colocou e colocou a sua família e a nação numa situação deplorável. Nos anos de fartura e paz, ele e os seus se desviaram do caminho de adoração apenas ao Deus de Israel! "Talvez seja mais fácil honrar a Deus mediante ação corajosa, sob a luz de uma emergência nacional, do que honrá-lO persistentemente no dia a dia rotineiro, que exige um tipo diferente de coragem. Gideão passou pelo teste da adversidade com distinção, porém, não foi o primeiro, nem o último, a ser menos bem sucedido no teste da prosperidade." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Que situação terrível a da raça humana! Não ser capaz de ficar em paz e tranquilidade, gozando das bênçãos de Deus e ao mesmo tempo permanecer fiel e reto diante de seu Deus! É por isso que Calvino dizia que o homem precisava sempre estar debaixo de certa disciplina da parte de Deus. Nunca poderia estar completamente à vontade. Uns precisavam de disciplinas mais rígidas, outros menos, mas todos nós deveríamos ter certa medida da mão de Deus pesando sobre nós. Ele tinha toda a razão!
     A partir do capítulo 9, veremos como funcionou a família de Gideão, com seus 71 filhos. O capítulo 8 nos dá pistas do que viria a acontecer. "As muitas mulheres de Gideão indicam que ele vivia em grande prosperidade, numa situação bem diferente daquela em que ele descrevia sua família como sendo a 'mais pobre de Manassés'. Um grande harém era um acessório comum na monarquia, entretanto, os efeitos de tal situação na história dos reis de Israel sempre aparecem desastrosos."  (Artur E. Cundall e Leon Morris). Os setenta filhos eram descritos como 'todos vindos dele' (verso30), o que indica que moravam em suas terras e foram criados perto do pai. Já Abimeleque, era filho de uma concubina, que morava em Siquém, uma cidade cananéia. A mãe dele certamente era também cananéia. Para este filho, não restava sequer a luz tênue e longínqua dos feitos de Deus na vida de Gideão e do povo de Israel. Fora criado completamente à parte do povo de Deus. As conseqüências disto, veremos no capítulo seguinte.
     Terminamos o capítulo com a triste descrição de mais um período de apostasia e distanciamento de Deus e profunda idolatria instaurada no meio do povo. Bastou morrer Gideão  para que os atos de Deus fossem esquecidos e eles novamente se voltassem para adorar Baal-Berite, que significava senhor da aliança, ou deus da aliança.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

                           juízes 7:19 a 25


     Conforme lemos ontem, Gideão ouviu a conversa de dois midianitas que eram sentinelas, sobre o sonho de um deles. O outro soldado imediatamente interpretou o sonho: "Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão...nas mãos dele entregou Deus os midianitas e todo este arraial." (verso 14). Esta interpretação vinda da boca de um midianita, deu a Gideão a certeza que ele carecia para dar continuidade à sua árdua tarefa. Então ele primeiramente adorou ao Senhor, reconhecendo ser este um sinal encorajador vindo de sua parte. Em seguida, correu para compartilhar com seu pequeno exército a certeza da vitória.
     O que aconteceu em seguida, se parece com a estratégia dada por Deus a Josué, na tomada de Jericó. Estas eram formas diferentes e desconhecidas pelos midianitas de se tomar um acampamento. Mas quem estava no comando da operação era o Senhor dos Exércitos! "A ordem geral dos eventos parece ter sido a seguinte: primeiro, um soprão violento e uníssono de trombetas, depois o despedaçamento dos 300 cântaros, seguido de um grito de guerra tonitruante (ruidoso como um trovão), depois do qual as trombetas soaram mais uma vez...deve ter sido aterrorizadora a impressão de tal clamor, com 300 tochas ondulantes criando a imagem de um grande exército...tal forte barulho também causaria pânico entre os numerosos camelos, induzindo-os, talvez, a um estouro. Não é de surpreender-se, pois, que na escuridão, não distinguindo quem era amigo e quem era inimigo, todos se puseram a correr, e a gritar, e a fugir." (Artur E. Cundall e Leon Moris).
     Os midianitas ficaram atordoados a tal ponto, que mataram uns aos outros. Mas o foco aqui não era apenas a estratégia usada por Gideão para confundí-los no meio da madrugada. O verso 22 deixa muito claro que o próprio Deus interveio: "O Senhor tornou a espada de um contra o outro, e isto, em todo o arraial." Existe aqui a ocorrência de dois eventos. Primeiro o cumprimento das ordens de Deus. Gideão obedeceu estritamente às ordens dadas. Mas este cerco com trombetas e cântaros, embora fossem ordenados por Deus, não tinham nenhum poder inerente. Era preciso que Deus agisse por meio deste instrumento que ele mesmo determinou!
     Assim é a nossa vida. Deus institui o modo como Ele que agir e nos dá ordens específicas em sua Palavra: como devemos agir como filhos, com que tipo de pessoas não podemos nos casar, como devemos guiar nossas famílias, corrigir nossos filhos, eleger nossos líderes, disciplinar os pecadores impenitentes, abandonar este e aquele pecado específico e assim por diante. Ele dá as instruções e nós precisamos obedecer. Mas 'só' isso não garante o sucesso da nossa batalha. Precisamos do auxílio de seu Espírito Santo! Ele ordena, por exemplo, que os ministros do Evangelho devem pregar fielmente as Escrituras. Os ministros precisam obedientemente cumprir sua parte, mas quem converte os corações é o Senhor. Ele deu a ordem para o cerco, instruiu-os sobre como fazê-los, eles fizeram, mas O SENHOR TORNOU A ESPADA DE UM CONTRA O OUTRO! Nem na nossa obediência total e irrestrita podemos nos gloriar: "Assim também vós, depois de  haverdes feito tudo quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer." (Lucas 17:10)