quarta-feira, 19 de setembro de 2012

                                      I Samuel 13

     O que vemos neste capítulo, é um retrato do Saul que governaria Israel: mais interessado nos resultados do que no mandamento que do Senhor. Após a crise gerada por Jônatas atacando os filisteus, o povo estava acuado, disperso em cavernas, túmulos, cisternas. Saul deveria, antes de começar a batalha contra os filisteus, esperar a chegada do profeta Samuel, que ofereceria holocaustos, para então, obtendo a bênção do Senhor, partirem para a ação. Esta atitude sempre demonstrou a dependência que o povo tinha de seu Senhor. Saul, entretanto, estava ansioso, vendo que Samuel demorava, e que já se ia vencendo o prazo de sete dias em que Samuel deveria chegar em tempo de crise. Saul estava sendo testado, e foi desastrosamente reprovado em seu primeiro teste! Saul achou que poderia resolver este 'pequeno impasse' da falta de profeta por si só. Ele não se contentou com o papel que Deus lhe reservara de rei de Israel. Ele se colocou no lugar de profeta também.
     Sua desculpa, quando Samuel chegou, poderia até ludibriar os mais desavisados: "Vendo que o povo se ia espalhando daqui, e que tu não vinhas nos dias aprazados...e, forçado pelas circunstâncias, ofereci holocausto." (versos11 e 12). Mas a resposta de Samuel foi contundente: "Procedeste nesciamente é uma condenação mais pesada do que poderíamos supor, poia nas Escrituras o tolo é moral e espiritualmente culpável, não apenas alguém desprovido de inteligência. Saul vira o Senhor sair em sua defesa na guerra amonita; ouvira, por meio de Samuel, a palavra divina de segurança (I Samuel 12.14), mas no primeiro momento de tensão deixou de ser obediente ao Senhor seu Deus. A penalidade é severa: Não subsistirá o teu reino; ou seja, Saul não dará origem a uma dinastia." (Joyce G. Baldwin).
     Não pude deixar de me lembrar das pregações que temos ouvido! Na 1ª epístola de Pedro, ele escreve a uma igreja que está sendo perseguida, que passa por momentos de medo, pavor de morte e tentações das mais diversas. E qual é a preocupação de Pedro? Adverti-los a uma vida diária de obediência ao Senhor! As circunstâncias árduas que nos cercam, não nos dão o aval de Deus para descumprirmos sua Lei e fazermos conforme a 'necessidade do momento'. Deus exige de nós obediência irrestrita às suas ordens, mesmo quando tudo parece estar perdido, e a melhor opção, reluzente como o ouro, é fazermos as coisas do nosso próprio modo, rejeitando o mandamento de Deus. Quer ver alguns exemplos práticos?
           "Ainda não me casei, estou chegando numa idade limite, se não me casar com este rapaz que não teme ao Senhor, poderei ficar sozinha."
           "Não temos tido muitos homens na Igreja, então somos forçados a colocar mulheres na liderança."
           "Meus pais estão passando limite! Eles não têm razão na maioria das coisas que falam, é melhor tomar minhas próprias decisões."
           "Meu casamento está azedando. Não sou feliz e não faço minha família feliz. Este é um momento de crise, acho melhor me divorciar para evitar maiores desgastes."
           "Meu marido não tem tomado a frente nas decisões do meu lar. Não posso deixar o barco sem rumo, vou assumir, já que ele não o faz."
           "O culto como prescrito na Bíblia é a forma certa de cultuar a Deus, mas a igreja tem estado meio vazia. Precisamos de resultado, somos 'forçados pelas circunstâncias' a inventar novas fórmulas que chamem a atenção para que mais pessoas se convertam".
      Viram só? As intenções, como as de Saul, são sempre ótimas...O problema é que o  que Deus exige de nós, é OBEDIÊNCIA irrestrita à sua Palavra, sem nos preocuparmos com o que virá depois. Assim foi com os amigos de Daniel. Decidiram firmemente que não se curvariam e adorariam aos deuses de Nabucodonosor. Sabiam o que esperava por eles: A fornalha de fogo ardente! Não obstante, a resposta obediente daqueles homens ecoa em nossos ouvidos até hoje: "Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. SE NÃO, FICA SABENDO, Ó REI, QUE NÃO SERVIREMOS A TEUS dEUSES, NEM ADORAREMOS A IMAGEM DE OURO QUE LEVANTASTE." (Daniel 3.17,18). O momento de crise, de risco, de dor, de morte iminente não foram suficientes para fazer com que estes três homens desobedecessem a Deus! Não há, portanto, situações limite, ou perigo capaz de nos fazer desculpáveis diante de Deus quando pecamos.
     É isso que temos aprendido todo domingo à noite com a exposição de I Pedro: não importa as circunstâncias que se apresentem. No meio do fogo, da perseguição, da doença, da morte iminente, da tristeza, da dor somos chamados a OBEDECER em tudo a nosso Senhor! Não há desculpas para fazermos o que achamos melhor. Somos chamados a mostrar nossa fé e nossa obediência justamente nos momentos mais dolorosos e críticos de nossa vida. Foi isso que Saul não entendeu. Foi no momento de aperto que Saul mostrou que sua segurança não estava em Deus, mas nele mesmo. Foi no momento de crise que Saul escolheu fazer sua própria vontade em detrimento à ordem de Deus!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

                                             I Samuel 12

     "Samuel apresenta três argumentos para compelir o povo a reconhecer sua própria culpa em pedir um rei. Primeiro, convida o povo a concordar que ele tenha sido um líder inculpável. Segundo, ressalta que, no passado, sempre tinha sido o Senhor quem nomeava líderes e que estes sempre tinham revelado ser plenamente adequados. Terceiro, enfatiza que, mesmo quando os israelitas "esqueceram-se do seu Deus", o Senhor fora gracioso com eles. Embora os sujeitasse à opressão dos inimigos, Ele atendia suas confissões de pecado e seus rogos por livramento e suscitava juízes, entre os quais estava o próprio Samuel. Dentro deste contexto da suficiência da provisão do Senhor, a exigência do povo em ter um rei humano, pode ser considerada rebelião. Mesmo assim a monarquia pode ter sucesso, se tanto o rei quanto o povo temerem ao senhor, o servirem e atenderem à sua voz." (Bíblia de Genebra)
     Que belíssimo texto, onde Samuel não se furta a confrontar o povo por seu pecado. É incrível como este texto elucida questões que dão nó na cabeça de muitos crentes! Note no verso 13 quando a Bíblia declara com todas as letras que que foi o povo que pediu e ELEGEU um rei, e termina o verso dizendo que "o SENHOR vos deu um rei"! Não há aí nenhuma oposição entre a vontade soberana e absoluta de Deus e a vontade rebelde do homem. Apesar do povo cometer uma maldade (como diz o verso 17), pedindo um rei, o Senhor deu este rei. Ele não foi obrigado a fazê-lo, ele não se sentiu compelido, ele não apenas permitiu. ELE DEU UM REI! E o que o Senhor esperava de seu povo, era que, fosse qual fosse o desfecho do reinado de Saul sobre eles, o povo permanecesse firme e obediente ao Senhor. Eles deveriam aprumar seus caminhos, não obstante os rumos que a nação, sob o governo de um rei humano, tomaria.
     E qual seria a razão de Deus suportar o pecado do povo? Por que Ele toleraria a ingratidão e rebeldia do povo ao pedir para si um rei? O motivo é um só: "Pois o Senhor, por causa do Seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo." (verso 22). Que ensino maravilhoso! Deus é fiel a si mesmo e às suas promessas! O pacto feito com com Abrão em Gênesis 15 nos mostra esta fidelidade de forma clara. Ali os animais são partidos e cada pactuante fica de um lado dos corpos e um de cada vez, os atravessam como se dissessem: "se eu não cumprir a minha parte do pacto, faça-se comigo o que foi feito à estes animais." (versos 9 e 10). Assim eram feitos os pactos no mundo antigo, e assim fez Deus com Abrão. Mas algo surpreendente acontece. Abrão não passa por cima dos animais, e Abrão não. O verso 17 descreve que um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo passou por sobre os pedaços dos animais. O que Deus estava dizendo? Que Ele seria fiel à sua parte do pactos com o homem. Mas passando apenas Ele pelos pedaços e não passando Abrão, Deus estava dizendo que se o homem não fosse fiel à sua parte do pacto, ELE mesmo morreria para que o pacto fosse cumprido! E foi isso que Ele fez, mandando Jesus pra morrer em nosso lugar, e pagar o preço de sangue que Deus exige pelo pecado. Que verdades profundas e maravilhosas! Ele é fiel a si mesmo, e nós somos abençoados e salvos do inferno por causa desta fidelidade. Ele nos escolheu, Ele pagou o preço pela nossa desobediência, Ele nos capacita a obedecer e nos convoca, como convocou o povo ali em I Samuel 12.24 : "Tão-somente, pois, temei ao Senhor  e servi-o fielmente de todo o vosso coração; poi vede quão graciosas coisas vos fez."

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

                                     I Samuel 11

     O povo amonita era aparentado dos israelitas, descendentes de Ló (Gn 19.38) e eram extremamente agressivos e viviam perturbando Israel. O rei Naás queria cegar os homens de Jabes- Gileade no olho direito, o que maldosamente os tornaria inaptos para as batalhas, já que seguravam os escudos com o braço esquerdo, atrapalhando naturalmente a visão deste lado. Naás estava tão confiante de seu domínio sobre o povo de Deus, que até permitiu ao povo ir buscar ajuda, afinal, em sete dias, não seria possível sequer levar o pedido de ajuda a todo o território de Israel.
     "A ação de Saul foi cuidadosamente planejada a fim de lembrar o incidente registrado em Juízes 19. O levita de Efraim havia passado a noite em Gibeá, onde sua concubina fora morta. Ele levou o crime perante todo o Israel para uma decisão judicial, e Saul imitou de maneira consciente seu método de ajuntar as tribos quando cortou seus bois em pedaços e ameaçou de semelhante sorte os bois de qualquer um que deixasse de responder positivamente a seu chamado ao combate. A inclusão que Saul fez de Samuel deixa implícito que ele espera que o profeta o acompanhe em combate, visto que Saul está agindo sob o Espírito de Deus. O apoio dos homens de combate de Israel é imediato e unânime: a firme decisão de Saul garante a cooperação de todas as tribos." (Joyce G. Baldwin).
     Quando os anciãos de Jabes-Gileade dizem aos amonitas: "Amanhã nos entregaremos a vós outros", há um jogo de palavras, próprio da língua. Eles deram a entender que se entregariam, mas na verdade, a palavra usada subentendia entradas e saídas militares. Sendo assim, os amonitas não entenderam a ambiguidade perspicaz dos mensageiros, e se deram por satisfeitos. Mas Saul conseguiu rapidamente ajuntar trezentos mil homens! Os poucos insatisfeitos com Saul, agora estavam felizes pela vitória estrondosa, e não havia mais divisão entre o povo. Saul era uma unanimidade, sendo então, coroado em Gilgal.
      Se era isso que o povo queria, foi-lhes concedido. Desejavam tanto se livrar do governo direto de Deus, através de um rei que os levasse a vitórias militares... Isto nos ensina que nem sempre o desejo do nosso coração é o melhor para nós, e que não é pelo fato de Deus ter permitido que realizássemos os desejos pecaminosos que acalentávamos, que dará tudo certo! Muitas vezes Deus usa o conselho da nossa própria vontade para trazer sobre nós a espada! 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

                                       I Samuel 10

   Neste capítulo vemos Saul sendo aclamado rei de Israel. Dentre tantos aspectos interessantes, gostaria de destacar a forma como isso foi feito: lançando sortes! Este era um hábito comum no mundo antigo, e Israel havia sido preparado para reconhecer o resultado do lançar sortes como sendo a vontade de Deus revelada. Diversas vezes vemos acontecimentos importantes no meio do povo de Deus serem decididos por meio do 'lançar sortes': a distribuição das terras de Canaã (Js 18.10); a decisão sobre o destino dos bodes para a expiação (Lv 16.8-10); a descoberta de que era Acã o responsável pela derrota em Ai (Js 7.16-18) e finalmente a escolha de Matias para ficar no lugar de judas (Atos 1.26). O povo tinha plena certeza de que Deus estava controlando aqueles eventos, por isso, confiavam plenamente no resultado da sorte lançada. Provérbios confirma esta maneira de entender o 'lançar sortes' entre o povo de Deus: "A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão." (Pv 16.33). Da mesma maneira, qualquer coisa que se decida em nossa vida, a manifestação da vontade soberana de Deus é evidente. Quando passamos num concurso, quando elegemos pastores e presbíteros, quando escolhemos uma esposa ou a casa que vamos morar. Existem meios ordinários de se tomar uma decisão: estudar, eleger, pedir conselhos ou autorização. Seja qual for o meio ordinário pelo qual viremos a escolher ou decidir algo, devemos sempre ter em mente que  a resposta será meramente, absolutamente e tão somente a manifestação da vontade soberana de Deus para nossa edificação, ou para juízo.
     Samuel estava diante do povo para oferecer a eles o que pediram: um rei. "Samuel planejou e organizou, dentro de um contexto de aliança, o acontecimento memorável, levando as pessoas a se conscientizar da acusação de que haviam rejeitado o reinado de Javé (v.19) e, então, dando-lhes seu novo líder. Assim como a arca fora aclamada com grandes gritos (I Sm 4.5), agora, de maneira semelhante, Saul é aclamado. Por exigência popular, havia sido nomeado um rei; contudo, se Israel pensava que seu rei solucionaria todos os problemas do povo ao levá-los a vitórias sem considerar a lei de Deus, estava totalmente errado." (Joyce G. Baldwin). 
     Da mesma maneira, quando nossa vida está pautada em nossos próprios pensamentos, buscando fazer a nossa própria vontade, as decisões vindas da parte de Deus podem representar o Seu juízo sobre nós. Se somos filhos, estas situações adversas serão usadas para nos humilhar, e nos trazer de volta aos seus santos caminhos. Se elegemos maus governantes, se escolhemos pastores segundo nossos próprios conceitos, presbíteros que não são o que a Bíblia exige, se nos casamos em jugo desigual (mesmo com outros 'crentes'), estamos sendo conduzidos por nosso coração corrupto, mas a vontade de Deus não deixou de ser feita! Esta vontade era para nossa disciplina! Quem fez Hitler ascender ao poder? Os homens que o escolheram e depositaram sua confinça em suas promessas loucas, mas Deus o escolheu. Quem elegeu o esquerdista Hugo Chavez para destruir a Venezuela? O próprio povo, por seu voto. Mas não tenha dúvidas, Deus o colocou lá! Assim, podemos dizer como dizia Calvino: "O mundo é o teatro da glória de Deus", onde nada foge de sua soberana determinação!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

                           I Samuel 9


     Samuel havia concordado em nomear um rei em Israel, mas sequer fazia ideia de quem seria, ou quando o reconheceria. Este capítulo começa nos contando sobre o pai de Saul, que era homem rico e bem nascido da família dos Benjamitas. Seu filho Saul era mais alto que o comum e possuía uma bela aparência que chamava atenção. No episódio onde Quis perde suas jumentas, Saul e um moço vão atrás para tentar trazê-las de volta.
     Não obtendo sucesso em sua empreitada, Saul e seu moço já íam voltando para casa de mãos vazias, quando seu moço lhe propôs procurarem o homem de Deus para que ele dissesse onde poderiam achar as jumentas. Saul não conhecia o homem de Deus, "um indício perturbador da insensibilidade e descuido espirituais que caracterizarão Saul cada vez mais à medida em que a narrativa progride." (Bíblia de Genebra)
     Percebam como Deus conduziu as coisas. O objetivo de Saul era um: achar as jumentas de seu pai. Ele livremente se direcionou para cumprir este propósito, mas na realidade, o objetivo de Deus era outro, qual seja: colocar Saul diante de Samuel, para que este lhe ungisse príncipe sobre o povo. Deus nos guia por caminhos que sequer sonhamos. Algumas vezes escolhemos caminhos pensando em algum objetivo específico, mas ignoramos completamente o motivo que Deus tem em mente!
     No dia anterior, o Senhor já havia dito a Samuel que lhe mostraria quem deveria ungir. Ao ver Saul, Deus confirmou a Samuel: "Eis o homem de quem já te falara. Este dominará sobre o meu povo." Apesar de o povo ter rejeitado a condução direta de Deus sobre si, pedindo um rei, foi o próprio Deus quem designou quem seria este homem. Veremos no decorrer da história que esta escolha de Deus para seu povo, foi com o objetivo de corrigi-los, de discipliná-los. É um consolo para nós sabermos que Deus nos conduz desta forma. Que mesmo quando pedimos algo que não é bom para nós, e Ele nos dá, seu objetivo é salvífico, é nos tratar, nos trazer para perto de si!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

                                      I Samuel 8


     O povo se escora no fato de os filhos de Samuel não andarem nos mesmos caminhos, para pedir um rei. Na verdade, esta era apenas uma desculpa para que eles fizessem aquilo que estavam tencionando. Desejavam um governo humano, não mais uma teocracia. Rejeitaram claramente o governo de Deus, achando tolamente que, se fosse um rei, não mais estariam sujeitos a Deus. Mal sabiam eles que o Senhor os governaria do mesmo modo, e que os disciplinaria, deixando que fizessem aquilo que seus corações pecaminosos desejavam.
     Muitas vezes não conseguimos entender este nó. Achamos que por sermos crentes, tudo que nosso coração cheio de boa intenção deseja, é o melhor para nós. E mais: achamos que 'ser da vontade de Deus' implica em dar tudo certo, dentro da nossa perspectiva, é claro! Quantas vezes 'quebramos a cara' e achamos que Deus não tem nada a ver com isso. Pensamos que a vontade dele só foi cumprida na nossa vida, se dá tudo certo e termina tudo bem. Na verdade, o fim das coisas não importa. O que realmente importa é sabermos que o Senhor é quem tem nos conduzido. Quando decreta que as coisas acontecerão conforme nossa vontade pecaminosa, se somos filhos, certamente é porque tenciona no ensinar uma dolorosa, mas preciosa lição!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

                             I Samuel 7


     Tendo sido levada para Quiriate-Jearim a arca da Aliança, o povo descansou. Descansou até demais. Ao longo de vinte anos voltaram a cultivar a idolatria, e somente ao cabo deste tempo, resolveram clamar ao Senhor. A vida deles havia entrado num marasmo tão grande, que talvez nem tivessem percebido como o tempo tinha passado rápido e o quanto a adoração a outros deuses se espalhara e se arraigara entre eles. Aquele velho ciclo, muito comum em Juízes, voltava a acontecer agora: apostasia, opressão, arrependimento e livramento. Parece que o povo ainda não havia aprendido que o distanciamento gradual do Senhor, leva o homem a uma distância tão gigantesca, mas ao mesmo tempo tão silenciosa, que não os deixa ver sua real situação. Assim acontece conosco. Muitas vezes estamos tão distante do Senhor quanto o céu dista da terra, mas sequer percebemos.
     O processo de arrependimento do povo veio de forma prática, como todo verdadeiro arrependimento: eles botaram fora os ídolos! Os baalins e os astarotes foram retirados do meio do povo e eles voltaram a adorar apenas ao Senhor Deus de Israel. O arrependimento podia ser visto e tocado! Não era apenas um confissão de lábios, mas as atitudes do povo demonstravam, para que todos vissem, que o pecado da idolatria havia sido deixado. Esta é outra lição para nós: para que se confirme nossa confissão de arrependimento, nossa vida precisa mudar! Como nos exorta o apóstolo Paulo em Efésios, não basta se afastar das práticas pecaminosas. Precisamos substituí-las por boas práticas: "...deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo...aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com  que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente, a que for boa para a edificação...longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros..." Efésios 4:25 a 32. Reparem que para cada atitude repreendida, fica a ordem de praticar o oposto! Assim demonstramos o verdadeiro arrependimento, que exige mudanças externas, fruto da mudança interna. E foi isso que aconteceu entre o povo de Deus. Depois de longos vinte anos tolerando e praticando o culto a ídolos, eles demonstraram que haviam se arrependido.
     A partir daí a vitória foi esmagadora! O Senhor derrotou os filisteus de forma tal, que o texto narra que nunca mais eles vieram ao território de Israel "porquanto foi a mão do Senhor contra eles todos os dias de Samuel" (verso13). Aquela guerra havia chegado ao fim. Mais tarde os filisteus atacaram novamente o povo de Israel, mas naquele momento não houve revide. Deus tinha agido no meio de seu povo e Samuel tratou de erguer um memorial e o chamou Ebenézer e disse: "Até aqui nos ajudou o Senhor." Interessante notar que este lugar não é o mesmo onde, no capítulo 4:1, também chamado Ebenézer,o exército manda trazer a arca da Aliança para ajudá-los a vencer os filisteus, numa clara tentativa de manipular a Deus. Agora a história havia sido diferente. Eles não quiseram usar Deus como um amuleto na guerra. Houve arrependimento de pecados, e Deus tomou a batalha de seu povo para si, dando-lhes a vitória. Ebenézer quer dizer 'pedra de socorro', e foi exatamente isso que Deus havia sido para o seu amado povo!