segunda-feira, 31 de outubro de 2011

                                   Juízes 7:1 a 18


     Após se levantarem de madrugada e se posicionarem para o começo de mais um ataque, Gideão ouve do Senhor uma sentença intrigante: tem muita gente neste exército! E o motivo é citado em seguida: "Israel poderia se gloriar contra mim, dizendo: A minha própria mão me livrou." (verso 2). Deus não divide sua glória com homens: "Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura." (Isaías 42:8). Conhecendo o coração daquele povo, e querendo mostrar grandiosamente seu poder, não só no meio de Israel, mas também a todos os povos vizinhos, Deus propõe uma jornada impossível! Apenas 300 homens de Israel contra "os midiantas, os amalequitas e todos os povos do oriente (que) cobriam o vale como gafanhotos em multidão; e eram os seus camelos em multidão inumerável como a areia que há na praia do mar." (verso 12). Certamente o povo de Israel ficou atônito com a ordem de Deus.
     Por outro lado, vemos um exército midianita que sabia onde se encontravam os iraelitas e sabia até o nome de seu líder, como a conversa entre os dois midianitas ouvida por Gideão revelaram (verso14). Os midianita estavam seguros e tranquilos, e não consideravam os israelitas como uma séria ameaça, sua força numérica era brutalmente superior. Os midianitas não tinham o que temer! Todas as evidências apontavam para uma vitória fácil.
     Interessante notar as provas que Deus usou para selecionar os 300 homens que seguiriam com Gideão. O número inicial de soldados era 32.000. A primeira forma usada,foi a conclamação para que deixasse imediatamente a concentração aqueles que não tivessem coragem suficiente para encarar a batalha. O medo poderia gerar pânico, o medo demonstrava total falta de confiança em QUEM iria à frente deles. O exército de Deus não precisava de homens que não tinham a coragem de confiar em Seu Deus, independente da situação apresentada. Deus buscava homens de fé! Homens que confiassem NELE  e não na força de sua própria espada. Dois terços do exército tremeu diante dos midianitas. Dois terços!
     Na segunda prova proposta para reduzir ainda mais o exército, Deus instrui Gideão a levar os 10.000 homens restantes a descer às águas. Ali, todo homem que se pusesse de joelhos para beber água deveria ser dispensado e voltar para casa. Aqueles que trouxessem a água nas mãos, não  descuidando da sua posição, seguiriam com Gideão. Deus queria aqueles homens que não estavam preocupados apenas com o suprimento de suas necessidades. Ele desejava avançar com homens que supririam sua sede, sem se distrair, sem ficar vulnerável, sem colocar o grupo em risco! Quantas preciosas e profundas lições podemos tirar desta incrível história!
     Deus não precisa de nós, Ele executa seus planos sem a necessidade de meios humanos. Apesar disso, Ele deseja nos usar, mas deixa sempre claro que somos apenas instrumentos que Ele usa para a Sua glória. Não cabe a nós receber glória, não podemos confiar em nossas forças. Pelo contrário. Como diz Paulo "...quando sou fraco, então, é que sou forte." (II Coríntios12:10). Foi assim que Deus respondeu à sua oração pedindo que retirasse o espinho da carne: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza." (II Coríntios 12:9). 
     Aprendemos também que não devemos temer frente a situação alguma, por mais desesperadora que ela possa parecer. Nossa fé deve estar firmada em Deus, não nas circunstâncias visíveis e palpáveis. Isto é fé: "...certeza de coisas  que se esperam, a convicção de fatos que se não vêm..." (Hebreus 11:1 e 3). Não obstante confiarmos em Deus, precisamos também estar atentos, sempre na espreita quanto ao exército inimigo. E este exército que se acampa contra nós, é bem mais poderoso que o exército dos midianitas, embora possua apenas 3 soldados: o mundo, o diabo e a carne. Nunca podemos nos ajoelhar para beber água! Nunca podemos desprezar a força destes três inimigos. Nunca podemos baixar as armas. Quando isso acontece, colocamos em risco a nossa integridade, ficamos à mercê de inimigos poderosos que tentam nos destruir. Devemos nos lembrar que a nossa luta não é uma luta qualquer, é uma luta de vida ou morte. Nosso adversário é comparado a um leão voraz: "O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar..." (I Pedro 5:8). Portanto, sejamos alertas! Não descansemos nessa batalha da vida! Estejamos prontos para lutar contra o pecado até às últimas conseqüências: "Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até o sangue..." (Hebreus 12:4), sabendo que é Deus quem nos capacita para tamanha e árdua batalha. Termino com as confortantes palavras de Paulo aos filipenses: "...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque é Deus quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." (Filipenses 2:13) 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

                           Juízes 6:25 a 40


     Logo após o chamamento de Gideão, Deus designa sua primeira e árdua tarefa: destruir o altar de Baal, que pertencia a seu pai. Gideão se prontificou a obedecer, mas temeu. Temeu não apenas os cananitas ao redor, mas temeu os da casa de seu pai. A reação deles, pedindo a morte de Gideão quando descobriram a derribada do altar, provam que Gideão tinha mesmo motivos para temer.
     O culto a Baal já estava tão  misturado com o culto ao Deus verdadeiro, que Gideão achou resistência entre o próprio povo de Deus! A isto chamamos sincretismo. Sincretismo é a fusão de conceitos religiosos diferentes, que se misturando, formam novas concepções. Por causa da desobediência do povo, por se misturarem com os cananitas, mantê-los em seu meio, se casarem com eles, sua religião havia sido maculada. O culto ao único e verdadeiro Deus agora estava manchado por práticas impostas pelas religiões pagãs. E o pior é que eles sequer se davam conta disso. Achavam que era tudo uma coisa só. Segundo alguns estudiosos, este texto sugere fortemente que, para Joás, pai de Gideão, Javé era considerado como sendo um dos deuses de Baal. Imaginem tamanha perversão!
     Pois então, a primeira tarefa de Gideão foi derrubar o altar de Baal, e usar a madeira com que fora esculpido o ídolo, para pôr fogo ao holocausto que seria entregue. Esta era uma clara e evidente forma de desprezo a Baal. E isto indignou de tal forma os da casa de Gideão que pediram sua execução. Perceba o quanto eles já estavam distantes do Deus da aliança! Finalmente uma 'luz' de prudência iluminou a mente de Joás que sugeriu então, que o próprio Baal se defendesse de tamanha ofensa que Gideão fizera. Um verdadeiro deus deveria ser capaz de se defender de alguma forma, sem para isso, necessitar da interferência humana.
    Mais uma prova da distância que o povo mantinha de seu Deus foi a desconfiança de Gideão. Mesmo após ter sido convocado pelo próprio Deus (o Anjo do Senhor aparecera a ele!), Gideão pede provas. Sua fé não era suficiente, havia sido manchada e corrompida pelo sincretismo religioso. Mas como o Senhor trata seus filhos com grandiosa e incrível misericórdia, bondosamente atendeu a Gideão, dando-lhe os sinais que ele pediu. Esta foi uma maravilhosa demonstração da paciência do Senhor para com seu povo. Mostra sua longanimidade e vontade de trazê-los para perto de si, apesar deles!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

                           Juízes 6:11 a 24


     Este trecho começa narrando que Gideão estava 'malhando o trigo no lagar, para opôr a salvo dos midianitas'. Estas expressões denotam que Gideão fazia isso num lugar impróprio. A malhação do trigo era feita por um trenó puxado por bois, que ía debulhando, em um lugar aberto para que o vento fosse dissipando a palha. Gideão estava se escondendo dos midianitas, por isso o fazia num lugar fechado, o que também nos dá a entender que a colheita era pequena. O estado de pobreza era evidente.
     O diálogo entre Gideão e o Anjo do Senhor, demonstra que embora Gideão fosse um homem valente, ele se disse fraco e inadequado àquela tarefa. Muitas vezes vemos estas mesmas escusas na Bíblia. Quando Deus aparece a Moisés na sarça e diz que ele será o libertador do povo, que o tiraria do Egito, Moisés por várias vezes se esquivou: "Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?" (Êxodo 3:11); "Ah! Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua." (Êxodo 4:10) e ainda: "Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar, menos a mim." (Êxodo 4:13). Assim também procedeu Jonas, quando foi chamado por Deus para ir a Nínive pregar, mas literalmente fugiu de Deus, embarcando para Társis. Também Jeremias assim respondeu ao chamado de Deus: "Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança." (Jeremias 1:6). 
     A recusa destes homens, num primeiro instante, pode nos parecer covardia, mas na verdade eles sabiam quem era Deus, e conheciam a si mesmos, sabendo então, que sozinhos eram incapazes de ir à frente do povo e cumprir a tarefa que o Senhor lhes dera. Eles sabiam de suas limitações, e sabiam que necessitavam do auxílio divino. "É exatamente quando o homem se torna cônscio de sua própria fraqueza e das dificuldades da situação, que o Senhor o toma e o usa. O homem que confia em sua força inata provavelmente não pedirá a graça de Deus, nem Lhe dará glória por qualquer coisa que atinja. É verdade também, que o Senhor não viu apenas o homem como era _fraco e medroso_ mas, o mesmo homem como poderia ser_ forte, resoluto e corajoso." (Arttur E. Cundall e Leon Morris).
     Gideão sabia que a situação era difícil demais e as experiências pelas quais havia passado deixaram dúvidas em seu coração: "Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isso? E que é feito de tuas maravilhas que nossos pais contaram...Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas" (verso 13). Além de tudo, sua família foi descrita como a mais pobre em manassés, e ele, o filho menor da casa de seu pai. Mas a resposta que o Senhor deu a ele, superou todas essas dificuldade: "Já que estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem." (verso 16). Este é o âmago da questão. Gideão não fora escolhido por sua história passada, por seu currículo extenso, por sua fama de valente. Ele foi escolhido para ser usado por Deus como instrumento de libertação para seu povo. Ele não era a chave da resolução do problema de Israel quanto aos midianitas. Ele era apenas o instrumento que Deus usaria poderosamente a favor do seu povo! Então podemos falar como Paulo, quando escreveu aos Romanos: "Onde, pois, a jactância (arrogância)? Foi de todo excluída" (Romanos 3:27). Não foi por obras de justiça que praticamos, nem pela lei que observamos, mas pela fé, pela graça que fomos justificados diante de Deus! Nunca podemos confiar nas nossas próprias forças para vencer os inimigos ( como o pecado, por exemplo), mas também não precisamos temê-los, pois o Senhor promete que irá por nós. Também não podemos nos esquecer, quando vencermos, que foi Ele quem o fez por nós!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

                             Juízes 6:1 a 10


     A vitória estrondosa que Deus concedera aos israelitas sobre Sísera e seu exército, deveria conduzir o povo a uma fé mais vívida no Senhor. No entanto, com o passar dos anos eles foram se esquecendo dos poderosos feitos de Deus a seu favor, e foram se misturando e caindo num sincretismo, que novamente os levou a uma situação de penúria, como a descrita no capítulo 5:6 e 7. Por causa dos ataques a que eles foram submetidos, fruto do juízo de Deus pela idolatria, israel teve sua agricultura fortemente afetada. Seus rebanhos também eram saqueados e com isso a fome e a miséria acometia o povo de Deus. Este é o outro lado da aliança que Deus firmou com eles. Se obedecessem: vida; se pecassem: morte e destruição. "Não destes ouvidos à minha voz", disse o Senhor.
     O verso 6 narra que Israel ficou muito debilitado por causa dos midianitas, e então, clamaram ao Senhor, pedindo misericórdia. Foi-lhes então enviado um profeta. A primeira coisa que este profeta, que não tem o nome revelado fez, foi lembrar ao povo das grandes e portentosas intervenções de Deus a favor deles desde o Egito . Diz a Bíblia de Genebra: "Lembrar-se desses atos salvíficos de Deus é o primeiro passo para a aliança. Em Israel, a apostasia religiosa estava ligada ao esquecimento dos atos salvíficos de Deus e da sua lei." Eles não pensavam mais sobre os feitos de Deus, por isso O esqueceram. Eles não olhavam mais para trás com olhos de gratidão. Talvez com o passar do tempo, estivessem até se orgulhando de "suas" vitórias e conquistas. Deixaram de dar  glórias a Deus!
     Quantas e quantas vezes isto já não no aconteceu? Todas as vezes que nos orgulhamos por nossas conquistas e vitórias, as materiais e as espirituais, deixamos de reconhecer o poder de Deus na nossa vida. Passamos a pensar que merecíamos que Deus tivesse operado a nosso favor ou até que fomos nós que vencemos. Sempre que o foco é retirado de Deus e colocado sobre nós, o  resultado é o automático esquecimento de dar a Deus a glória devida somente a ele. Que o Senhor nos livre do pecado de tirarmos dele a sua glória, ao nos esquecermos das grandes coisas que tem feito por nós!
     Na continuação do capítulo, veremos Deus novamente se voltando para seu povo, numa vitória tão grandiosa contra os midianitas, que mesmo séculos depois, Isaías relembra a derrota de Midiã. Deus escondeu momentaneamente o seu rosto de Israel, ma voltou-se misericordiosamente para eles quando clamaram! "Por breve tempo te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor...porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o Senhor, que se compadece de ti." Isaías 54:7,8 e 10  

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

                                 Juízes  5


     O ponto alto do cântico de Débora é a exaltação ao Grande Senhor da guerra! Ela conta novamente os detalhes da batalha, convocando o povo e seus príncipes a reconhecerem o poder do Deus da aliança, apesar do exército enfraquecido dos israelitas.
     Devemos nos lembrar que neste período, os israelitas estavam debaixo da opressão cananita. Os versos 6 e 7 demonstram claramente esta situação, contando que haviam cessado as caravanas (o comércio),  os viajantes tomavam "caminhos tortuosos" pois não podiam trafegar livremente pelas estradas, precisavam pegar rotas menos frequentadas para evitar serem molestados. "A agricultura também era afetada, da mesma forma, pelas depredações dos cananeus; as pequenas vilas sem muros dos israelitas,não serviam de proteção contra as pilhagens de seus agressivos vizinhos." (Artur Cundall e Leon Morris). Esta situação desesperadora se manteve até que Débora foi levantada para efetuar o livramento do povo.
     Mas por que o povo havia chegado a uma situação tão calamitosa em tão pouco tempo? O verso 8 nos dá a resposta de forma dura, porém sucinta: "Escolheram-se deuses novos; então, a guerra estava às portas...". Novamente é retratado aqui o ciclo de pecado e castigo que a idolatria e o esquecer-se do Deus da aliança traz sobre o povo. O fruto que colheram foi guerra, fraqueza e servidão.
     Apesar da situação em que o povo se encontrava, Deus ainda permanecia fiel à sua aliança, por isso, vem o livramento. Ele é fiel à si mesmo e às suas promessas. E é o próprio Deus, através dos elementos da natureza que Ele criou e comanda, que veio em socorro do povo, como nos mostra os versos 5 e 6: "Saindo tu, ó Senhor, de Seir, marchando desde o campo de Edom, a terra estremeceu; os céus gotejaram, sim, até as nuvens gotejaram águas. Os montes vacilaram diante do Senhor, e até o Sinai, diante do Senhor, Deus de Israel." A Bíblia de Genebra explica com muita clareza o sentido destes versos: " Deus é retratado como um guerreiro que emprega os elementos criados como armas. O retrato de Deus dominando a tempestade é duplamente apropriado: ao derrotar Sísera mediante um aguaceiro, Deus refuta a alegação de Baal ser o Senhor das tempestades." Além de trazer a vitória a seu povo, Deus ainda dá claras evidências aos cananitas e aos israelitas duvidosos que Ele, somente Ele, é Senhor dos céus  e da terra!
      Vemos em todo o capítulo a ênfase na interferência do Senhor a favor do seu povo, apesar de seus pecados. Vemos também a clara lição de que aqueles que se Lhe opõem devem perecer sob seu inevitável juízo, mas para os que o amam, há promessas de paz e prosperidade!
     

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

                            Juízes 4


     

WAYNE GRUDEM CONTRA OS APAIXONADOS POR DÉBORA


Os escritores igualitaristas apelam com frequência para o exemplo de Débora. Linda Belleville diz o seguinte:

Débora é chamada de “profetisa” (Jz 4.4), “juíza” (Jz 4.5, NTLH) e “mãe de Israel” (Jz 5.7). Ela atendia na região montanhosa de Efraim e todo o Israel (homens e também mulheres) subiam a ela para resolver suas questões (Jz 4.5). Débora era tão respeitada que o comandante das suas tropas recusou-se a ir à batalha sem ela (Jz 4.8).
Resposta nº 1: Devemos ser gratos a Débora.
Em Juízes 4-5, Débora foi uma “profetisa” que transmitiu fielmente as mensagens de Deus a Baraque (4.6,7), acompanhou-o corajosamente ao local onde as tropas estavam reunidas para a batalha (4.10), demonstrou ter uma forte fé ao encorajá-lo, afirmando que o Senhor seria com ele (4.14) e se associou a ele num extenso cântico de louvor e ação de graças a Deus (5.1-31). Certamente, ela também falou com grande sabedoria da parte de Deus, pois lemos:

Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo (Jz 4.4,5).
Por tudo isso devemos ser gratos a Débora. Ela servirá, para todas as gerações, como um exemplo de fé, coragem, louvor, amor a Deus e sabedoria piedosa. Devemos nos acautelar para não deixar que as discussões que a envolvem eclipsem o nosso reconhecimento do seu valor ou diminuir a honra que a Escritura lhe concede.

Resposta nº 2: Débora confirmou a liderança masculina sobre o povo de Deus.
Débora não convocou o povo de Israel para a batalha, mas encorajou Baraque a fazê-lo (Jz 4.6,7-14). Por causa disso, em vez de reivindicar para si mesma a liderança e a autoridade, ela confirmou a correção da liderança masculina. Assim, quando Baraque hesitou e insistiu que ela o acompanhasse à batalha (Jz 4.8), ela pronunciou contra ele uma palavra de repreensão e de perda de honra “Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera” (4.9). Isso mostra que Baraque não deveria ter insistido que Débora subisse com ele à batalha e que devia ter agido como homem assumindo a liderança sozinho.

Resposta nº 3: O texto não afirma que Débora governava o povo de Deus, que o ensinava em público nem que o liderava militarmente.
É importante examinar o texto de Juízes 4 para verificarmos com exatidão aquilo que Débora fazia, ou que não fazia:

1. Débora “julgava” (heb. mishpãt) as pessoas em particular, quando subiam até ela. Quando o texto diz que “Débora [...] julgava a Israel naquele tempo” (Jz 4.4), o verbo hebraico shãphat, “julgar”, não significa, nesse contexto, “reger ou governar”, antes significa “decidir controvérsia, deliberar com sabedoria nas questões civis, políticas, domésticas e religiosas entre as pessoas”. Isso é evidente porque o próximo versículo descreve o seu modo de “julgar”: “Ela atendia debaixo da palmeira de Débora” e “os filhos de Israel subiam a ela a juízo”. Não é essa a imagem de uma liderança pública como a de um rei ou rainha, mas a decisão de disputas em particular mediante o arbítrio ou decisões judiciais. Se quisermos tomar isso como um exemplo para hoje, poderemos enxergá-lo como a justificativa para que as mulheres sirvam como advogadas e juízas civis. O texto da Escritura, porém, não diz que Débora governava o povo de Deus.

2. Não se diz nunca que Débora ensinava ao povo reunido em grupo ou congregado. Embora o julgasse quando a procurava (Jz 4.5), jamais foi uma sacerdotisa; no Antigo Testamento ensinar a Escritura era papel dos sacerdotes (veja Lv 10.11).

3. Débora se recusou a liderar o povo numa investida militar, mas insistiu que um homem o fizesse (Jz 4.6,7,14). Na verdade, Tom Schreiner mostra que Débora é o único juiz do livro de Juízes que não tem função militar. Quando Linda Belleville declara que Débora “uniu” as tribos de Israel e “as liderou em vitória”, as suas afirmações contrariam o texto de Juízes 4, em que se diz que Débora profetizou que Deus ordenou a Baraque: “toma contigo dez mil homens” (v. 6). O texto diz que Baraque, não Débora, “convocou a Zebulom e a Naftali” e que “com ele subiram dez mil homens” (v. 10), não com Débora. Diz que “Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens, após ele” (v. 14), não após Débora. Diz que “o SENHOR derrotou a Sísera,e todos os seus carros, e a todo o seu exército a fio de espada, diante de Baraque” (v. 15). Belleville na verdade refere-se ao exército de Israel como as tropas de Débora (“suas tropas”), mas a Bíblia não contém esse tipo de linguagem. Belleville alega que Débora “as liderou em vitória”, mas a Bíblia não diz tal coisa. Belleville enxerta nos relatos da Escritura coisas que não estão lá nem são verdadeiras. Débora encorajou a liderança masculina de Baraque e a Bíblia afirma várias vezes que ele conduziu Israel à vitória.

4. Débora exercia a função de “profetisa” (Jz 4.4). Nesse papel ela transmitia as mensagens de Deus para o povo...

Resposta nº 4: A Bíblia vê a judicatura de Débora como uma reprovação da falta de liderança masculina.
Juízes 4.4 sugere certo pasmo ante a natureza incomum da situação em que uma mulher tinha de julgar a Israel, porque o texto empilha uma sequência de palavras redundantes para enfatizar que Débora é uma mulher. Ao se traduzir literalmente o texto hebraico, o versículo diz: “E Débora, uma mulher, uma profetisa, a esposa de Lapidote, ela julgava a Israel naquele tempo”. Há algo anormal, falta alguma coisa – não há homens atuando como juízes! Essa impressão se confirma quando lemos da pusilanimidade de Baraque e da repreensão implícita na sua subsequente desonra: “não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera” (4.9).

Então, será que a história de Débora mostra que as mulheres podem liderar o povo de Deus nas igrejas quando os homens são passivos e não estão liderando? Não, porque Débora não fez isso. A história de Débora deve motivar as mulheres nessa situação a fazerem o que ela fez: encorajar e exortar o homem a assumir o papel de liderança para o qual foi chamado por Deus, assim como Débora encorajou e exortou a Baraque (4.6-9-14).

Baraque por fim assumiu a liderança e derrotou os cananeus. Por isso, nas passagens bíblicas subsequentes que falam desse período dos juízes, só a liderança de Baraque é mencionada. Samuel diz ao povo: “O SENHOR enviou a Jerubaal, e a Baraque, e a Jefté, e a Samuel; e vos livrou das mãos de vossos inimigos em redor” (1Sm 12.11) e o autor de Hebreus diz: “E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas” (Hb 11.32).

Resposta nº 5: É indispensável cautela ao tirarmos do livro de Juízes exemplos para imitar.
O livro de Juízes tem muitos exemplos de pessoas fazendo coisas que não devemos imitar, como o casamento de Sansão com uma filistéia (14.1-4), a sua visita a uma prostituta (16.1), o voto insano de Jefté (11.30,31-34-39), a emboscada dos homens da tribo de Benjamim para raptarem por esposas as mulheres que dançavam na festa em Siló (21.19-23). A situação no final do livro é resumida assim: “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém, cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25, ARC). A natureza incomum dos juízes deveria também nos advertir de que o livro não é uma boa fonte de exemplos de como a igreja do Novo Testamento deve ser governada.

FONTE: Wayne Grudem, Confrontando o Feminismo Evangélico. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, págs. 70-72.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

                         Juízes 3


     O capítulo começa relembrando que através do pecado de Israel de tolerar os cananeus em seu meio, Deus os testava para saber o estava em seus corações. E Israel, ao invés de permanecer fiel, rapidamente se voltou para os deuses daqueles povos e suas práticas corrompidas. Estava claro que eles não se preocupavam, com a aliança que fora firmada com o Senhor.
     Então, a narrativa dos versos 7 e 8 nos mostra que a paciência de Deus se esgotou com o seu povo por causa de suas abominações, adorando e prestando culto a deuses estranhos. A ira do Senhor se acendeu e ele entregou seu povo nas mãos de seus inimigos. Ele providenciou o castigo e Ele mesmo providenciou um libertador, Otniel.
     A partir do verso 12, o texto nos conta que novamente o povo se esqueceu da aliança do seu Deus e fez o que era mau aos olhos do Senhor. Então Deus levanta um rei de uma nação rival para, através deste, trazer juízo sobre o seu povo. O texto diz explicitamente que "o Senhor deu poder a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel, porquanto fizera o que era mau perante o Senhor". (verso 12). Israel teve que servir a Eglom por longos 18 anos.
      Este ensino é tremendo para nós! Quando Deus quer executar seu juízo, ele usa não apenas aqueles que o amam, mas também aqueles que sequer tomam ciência dele. No livro de Isaías (45:1), Deus chama Ciro de seu ungido, a quem "tomo pela mão direita". E quem era Ciro? O grande rei da Pérsia (Esdrasa 1), que foi usado por Deus para conquistar a Babilônia, onde Israel estava cativo, e libertá-los, mandando-os de volta para Jerusalém, para a reconstrução da Casa de Deus. A narrativa deixa claro que o objetivo de Ciro era deixar todos os deuses dos povos que ele conquistara, a seu serviço. Por isso os beneficiava. Ele achava que estava agindo por conta própria, para fortalecer seu império. Mal sabia ele que estava, na verdade cumprindo propósitos já estabelecidos por Deus, que movera seu coração. Provérbios 21:1 nos diz: "Como ribeiro de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este (o Senhor), segundo o seu querer, o inclina (inclina o coração do rei)."
     Os povos  são governados por Deus. Eles podem não saber que são, podem não querer ser, podem nem se dar conta que existe um Deus soberano sobre todas as coisas. Não obstante, Ele reina e governa sobre todos e sobre tudo! Então, quando Deus julgou que o castigo imposto por Ele, através de Eglom já cumprira seu propósito, o Senhor suscitou Eúde como libertador do povo. Aquele rei pagão que Deus havia anteriormente fortalecido para ser usado como juízo sobre a idolatria de seu povo, vê agora a ira de Deus se voltar contra ele. Vemos então, que tudo gira em torno do povo de Deus e de sua própria glória! Tudo no mundo gira em torno de cumprir os propósitos santos de Deus para com seus filhos. Absolutamente nada do que acontece, acontece por escolha e determinação humana. Enquanto os homens acham que estão direcionando os rumos de suas vidas, ou o rumo das nações para seus interesses, nem desconfiam que há a poderosa mão de Deus regendo cada decisão, cada gesto, cada guerra, cada decreto, cada lei promulgada. E assim Ele executa seu juízo destruidor para com os ímpios e seu juízo reparador para com seus filhos!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

                        Ainda sobre Juízes 2


     Nos versos 11 a 19 vemos "o julgamento de Deus sobre a apostasia de Israel. Sumariza-se aqui a história de quase dois séculos, indicando os princípios que regem o relacionamento de Deus com Israel. Durante este período houve um ciclo repetitivo de quatro fases: apostasia, servidão, súplica e livramento. Este é o padrão ilustrado nos capítulos seguintes. A nação abandonou o Senhor, crime que envolvia a deslealdade a seus antepassados e esquecimento voluntário das poderosas obras que o Senhor realizara em seu benefício, especialmente o livramento do Egito. Todas  as comprovações de suas tradições deveriam ter assegurado a fidelidade do povo, mas, ao contrário, voltaram-se para os deuses dos povos no meio dos quais haviam chegado, cuja religião parecia estar mais diretamente voltada para a prosperidade do povo...
     Revela-se uma deterioração progressiva, em que cada ciclo sucessivo se caracteriza por uma caída mais profunda na apostasia e corrupção, e por um arrependimento mais superficial do que no ciclo anterior...A voz da consciência pode ser abafada pelos sucessivos atos pecaminosos, e o arrependimento pode tornar-se mais e mais superficial, até a pessoa ver-se enredada por um mau caráter, formado por uma enormidade de maus pensamentos e más ações...
     A obrigação de Israel, dentro da aliança sinaítica, era a de prestar lealdade e obediência cega ao Senhor, que havia feito maravilhas pelo seu povo. Isto jamais poderia ser considerado oneroso, em vista de seu relacionamento singular com seu Deus-Salvador, que havia cumprido sua parte do contrato...a desobediência de Israel, contudo, foi seguida pela inevitável punição divina"  Artur E. Cundall e Leon Morris

terça-feira, 4 de outubro de 2011

                        Juízes 2


     O cerne deste capítulo se encontra nos versos 10 e 11: "...outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tão pouco a obras que fizera a Israel." Este foi o desastroso resultado da desobediência do povo em manter parte dos cananeus em seu seio. Os casamentos entre o povo de Deus e o povo daquela terra fez com que a religião se diluísse. O culto foi pervertido, o sincretismo se instaurou e a família não teve forças para combater este mal, pois também estava dividida por casamentos mistos!
      Este é um terrível prejuízo para o Reino de Deus.  Quando um casamento está dividido por um jugo desigual, basta uma geração para que a lei de Deus seja esquecida, e para que os filhos se voltem contra o Deus de seus pais. Por este motivo as advertências eram tão severas. Deus sabia que os cananeu seriam laço a Israel. Eles não se deram conta disso. O castigo não foi imediato, e com isso o povo pensou que podia ir de mansinho, conseguindo o que queriam: primeiro os deixaram ficar para lhes servirem de escravos e servos, depois se misturaram com seus padrões imorais de culto, tomaram suas mulheres e constituíram famílias e assim foram caminhando rumo à destruição.
     O texto nos ensina sobre a importância da família na propagação da verdadeira religião. Esta obrigação é dada aos pais. Eles são os sacerdotes que devem conduzir seus pequenos a Deus, fazendo-os conhecer sua lei, seus atos passados, suas maravilhas. "Uma geração deveria declarar as maravilhas de Deus à geração seguinte...Se o povo de Deus soubesse o que ele tinha feito, obedeceria os mandamentos da aliança. Mas os líderes- os chefes de família, os sacerdotes e os juízes- não guardaram a aliança nem contaram à geração seguinte a respeito dos atos poderosos de Deus." (Bíblia de Genebra).
     E qual foi o resultado de tamanha desobediência? "Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram aos baalins. Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira...Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra eles e os deu na mão dos espoliadores...Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para seu mal, como o Senhor lhes dissera e jurara..." (versos12 a 15). Mesmo na infidelidade do povo, Deus não anula a sua aliança com eles. Sua palavra continua sendo uma só. E se Deus havia jurado que não os abençoaria caso desobedecessem, assim ele o fez, pois não pode mentir e é fiel ao que promete. "O Senhor era fiel tanto para abençoar quanto para julgar." (Bíblia de Genebra).  Mas por amor e misericórdia, Deus levantava juízes no meio do povo para que este enxergasse novamente os caminhos do Senhor: "...porquanto o Senhor se compadecia deles ante os seus gemidos..." (verso 18). No meio do juízo, Deus novamente exercia a sua misericórdia!
     Nos impressiona a facilidade com que o povo se afastava do caminho: "Depressa se desviaram do caminho por onde andaram seus pais na obediência dos mandamentos do Senhor..."(verso 17). Nós não somos diferentes deles. Como diz Paulo aos Romanos(3:10 a 18), não há um justo sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus, seus pés são velozes para derramar sangue. Se não nos cercarmos da instrução de Deus, se não tivermos líderes vigilantes, pais atentos, pastores dedicados, e claro, a ação do Espírito Santo de Deus em nós através deles, nossa derrocada é certa! Necessitamos desesperadamente da mão bondosa de Deus sobre nós nos corrigindo e nos trazendo sempre para perto de si, para que não desfaleçamos. Necessitamos dos meios de graça que Deus dispôs para a sua igreja a fim de permanecermos firmes. A pregação fiel do Evangelho, famílias fortes com pais que conduzam seus filhos a Deus, estudo sério da palavra de Deus para conhecermos sua vontade, oração, comunhão com os santos e o culto solene, são exemplos dos meios de graça que Deus generosamente nos oferece para nos fortalecer a fé e nos manter firmados na Rocha que é Cristo! Apropriemo-nos deles!