quarta-feira, 1 de junho de 2011

                            Deteronômio 19:21


     Muito se tem falado sobre este texto, mas na grande maioria das vezes, ele tem sido mal entendido e mal interpretado. Quando Moisés institui esta lei dada por Deus, o objetivo era que a punição fosse de acordo com o mal causado à alguém. Lembremos do exemplo de Lameque (Gênesis 4:23), que matou um homem porque este o feriu e um rapaz porque o pisou. Era com este tipo de discrepância que esta lei visava acabar. Vimos claramente o objetivo desta lei quando lemos Levíticos 24:17 a 21. Quem matasse outro homem, deveria ser morto, mas quem matasse um animal, deveria restituir ao dono. Quem causasse um defeito em seu próximo, assim se faria com ele. "O propósito deste versículo é impedir vinganças exageradas. Esta fórmula expressa o princípio de proporcionalidade entre castigo e delito" (Bíblia de Genebra).
     Devemos entender também que esta lei não era para ser aplicada de forma particular. Era uma lei para ser aplicada nos tribunais civis. Era justamente uma forma de desencorajar a prática da vingança exagerada e privada. Era um estímulo a que a pessoa não se vingasse pessoalmente da que lhe tinha feito mal, mas que entregasse o caso aos tribunais para que a justiça fosse feita publicamente. 
     Este tipo de lei foi adotada também por outros povos, como os gregos e romanos. Em Atenas por exemplo, ela também foi pervertida. Quando um homem provocava a perda de um olho, muitas vezes pagava com seus dois olhos. Isso também ocorria em Israel. Jesus combate esta prática lá em Mateus 5:38 e 39. Antes de continuar com a leitura deste post, dê uma olhada no texto de Mateus. Jesus não revoga esta lei, que deveria ser exercida pelo magistrado. Jesus fala de atitudes pessoais. Como eu, que sou um cristão devo reagir quando meu inimigo imprime sofrimento a mim? Não resistindo ao perverso, voltando a outra face, andando a segunda milha, amando ao meu inimigo. Isto não impede que eu recorra aos tribunais para que os meus direitos sejam reconhecidos e cumpridos. Estamos falando aqui de não nutrir um coração amargurado e ódio aos que nos causam dano. É exatamente o que lemos em Romanos 12:17 a 20 "Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber..." São duas coisas diferentes. A lei que deveria ser cumprida por quem foi instituído civilmente para tal, e a atitude pessoal do ofendido.
     Somos então, ensinados a nos entregar à justiça de Deus, e a procurar os tribunais, quando necessário. E estes tribunais deveriam sempre seguir o conceito de proporcionalidade entre castigo e delito, como a Bíblia ensina: Olho por olho e dente por dente. Assim teríamos leis realmente justas!

9 comentários:

  1. É interessante observarmos que esse princípio, estabelecido por Deus – o princípio da proporcionalidade, constante no ordenamento jurídico de qualquer país que supostamente se considera um Estado Democrático de Direito –, é o cerne da justiça desincentivando a impunidade.

    No caso de Mateus 5: 38 e 39, como em todo o capítulo que apresenta essa advertência – Ouvistes o que foi dita aos antigos –, Cristo está se referindo ao uso inadequado da Lei, que, no caso, é para estabelecer a proporcionalidade entre o delito e a pena.

    Devemos lembrar também que quando Deus dá esse mandamento a Moisés, o dá para estabelecer a lei civil no meio de seu povo, uma determinação servindo de conduta para o julgamento dos magistrados da época, os anciãos.

    Nesse caso, no tempo de Jesus, essa lei estava servindo para respaldar a vingança pessoal, um uso inadequado da lei estabelecida por Deus mesmo. O uso do texto por pretexto, retirando-o do seu contexto de aplicação.

    Temos um caso bastante emblemático na Bíblia que demonstra essa utilização distorcida da Lei de Deus. O caso da mulher adúltera.

    Na lei, o adultério era punido com a pena capital. Entretanto, nesse caso, um grupo de pessoas traz uma mulher, diante de Jesus, que fora pega em adultério: Primeiro, Jesus não era juiz constituído em Israel; Segundo, a mulher fora conduzida sozinha, o homem que pecou juntamente com ela deveria ser levado também diante dos tribunais; e, por último, não havia um tribunal constituído para tal julgamento, e outros detalhes que nos fogem no momento. Era uma situação completamente fora daquilo que o próprio Deus estabeleceu para exercer a justiça divina.

    Devemos nos lembrar que olho por olho, e dente por dente... representa a sabedoria de Deus, sua Justiça, sua santidade, e jamais poderia ter alguma mancha de imperfeição ou pecado. O que acontece é que os homens tentam conhecer a Deus pela sua própria sabedoria, como diz o Apóstolo Paulo, e nessa tentativa expressam o que existe em seu coração depravado e corrupto. Precisamos ler as Escrituras com os nossos olhos abertos e desconectados dos pressupostos do mundo moderno, que, quando tentam criar suas leis fora dos princípios estabelecidos por Deus, apresentam apenas as suas sujidades.

    Que Deus vos abençoe.

    Pr. Orebe Quaresma

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  2. Este texto foi bem esclarecedor...
    Muitas pessoas interpretam mal este texto, ele quis dizer , como já vimos aqui que isso é um princípio de justiça pública! A penalidade deve ser compatível com o mal ou crime causado por certa pessoa.
    "Cristo apôs-se aqueles que usavam este versículo como uma desculpa para a vingança pessoal"

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  3. Obrigada, Orebe, por sua esclarecedora e complementar contribuição. Sempre nos edifica muito!

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  4. Gostei muito deste poste.Como a palavra é rica.Em um único versículo podemos aprender tanto.Sempre tive dúvida sobre este versículo,mas este post, e o próprio contexto do capítulo 19 me ajudaram a entendê-lo.

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  5. Nós sempre estamos distorcendo o que a Bíblia diz, se a gente parasse e olhasse realmente o que se diz e o contexto não cairiamos em muitos pecados. O que foi dito fno texto foi bem claro mas pelo nosso coração corrupto, os crentes interpretam erradamente.
    Nós não podemos aplicar nossa propria justiça contra um malfeitor, como DEUS disse ele é o vingador e ele é o unico que tem a justiça perfeita para condenar ou livrar.
    Interessante essa parte que fala do que devemos fazer quando outros nos imprimem sofrimento, devemos dar a outra face como voce bem disse , não se rebelar ou querer o mal contra aquela pessoa, mas mesmo assim temos direito de levar a justiça, ainda mais que como DEUS diz, ele perdoa os pecados, mas não inocenta o pecador das consequencias de seu pecado.
    Que nós possamos estar bem atentos a esses ensinamentos que são tão importantes para o nosso dia-a-dia aqui nesse mundo es estar sempre buscando respostas e auxilio na palavra de DEUS para que estejamos firmes em sua palavra.

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  6. Esse texto é bastante interessante, mas, infelizmente sofre de má interpretação. Vemos aqui a questão da proporcionalidade entre o delito e o castigo. Não devemos encher o nossos corações de ódio quando alguém nos causa qualquer tipo de dano. Não podemos tornar o mal por mal, antes devemos estar sempre atentos a fim de que façamos o bem em toda e qualquer circunstância. A justiça pertence a Deus.

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  7. Hoje em dia, vemos que esse conceito de proporcionalidade entre castigo e delito foi totalmente deturpado pelo ser humano. Não há mais justiça na nossa sociedade, e sim uma falta de punição adequada. Mas isso não pode ser motivo para que nós crentes deixemos de cumprir com o nosso papel. Devemos nos esforçar(pois realmente é difícil) para sermos bondosos e generosos para com nossos inimigos, para com aqueles que nos prejudicam, que nos maldizem, que praticam o mal contra nós.
    Essa é a nossa missão: ser diferentes, fazer a diferença. Devemos buscar ser justos como Deus é, não nos vingarmos e sempre dar lugar à ira de Deus, pois por mais que nós não vejamos nossos inimigos serem punidos na Terra(e mesmo que não fossem), eles CERTAMENTE terão sua merecida punição no porvir, e nós, praticando sempre o bem e sendo justos e compassivos, seremos recompensados por Deus.

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  8. Este verso é muito interessante, além de muito polêmico tanto entre os crente, quanto entre os descrentes. O que temos que fazer aqui, para analisar melhor, é nos prendermos ao contexto dos fatos. A punição igual ao agressor foi designada para expressar o princípio de proporcionalidade entre castigo e delito!! O que significa que Deus não queria que se matassem uns aos outros, e que uns aos outros se ferissem desenfreadamente. Era justamente contrário, para que não houvesse o exagero nas punições, Deus determina que o agressor sofresse com a mesma punição que tinha executado. Isso é a justiça de Deus, nem mais, nem menos!! Muitos não entendem isso, não compreendem como que um Deus tão bondoso e justo pode permitir isso, os super protetores dos direitos humanos, por exemplo. Deus é santo, justo e bom, e seus preceitos são perfeitos, não há erro e nem sombra de mudança. Nossas práticas devem ser baseadas nisso, quando sofrermos algo, primeiro sempre dar a outra face, e se vermos a necessidade, procurarmos as autoridades responsáveis, e não agirmos deliberadamente. "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." Isaías 55. 7-9

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  9. israel:

    é incrivel como qualquer coisa que o homem toca pode ser totalmente pervertida por seu coracao por conta do seu pecado!

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