segunda-feira, 10 de outubro de 2011

                            Juízes 4


     

WAYNE GRUDEM CONTRA OS APAIXONADOS POR DÉBORA


Os escritores igualitaristas apelam com frequência para o exemplo de Débora. Linda Belleville diz o seguinte:

Débora é chamada de “profetisa” (Jz 4.4), “juíza” (Jz 4.5, NTLH) e “mãe de Israel” (Jz 5.7). Ela atendia na região montanhosa de Efraim e todo o Israel (homens e também mulheres) subiam a ela para resolver suas questões (Jz 4.5). Débora era tão respeitada que o comandante das suas tropas recusou-se a ir à batalha sem ela (Jz 4.8).
Resposta nº 1: Devemos ser gratos a Débora.
Em Juízes 4-5, Débora foi uma “profetisa” que transmitiu fielmente as mensagens de Deus a Baraque (4.6,7), acompanhou-o corajosamente ao local onde as tropas estavam reunidas para a batalha (4.10), demonstrou ter uma forte fé ao encorajá-lo, afirmando que o Senhor seria com ele (4.14) e se associou a ele num extenso cântico de louvor e ação de graças a Deus (5.1-31). Certamente, ela também falou com grande sabedoria da parte de Deus, pois lemos:

Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo (Jz 4.4,5).
Por tudo isso devemos ser gratos a Débora. Ela servirá, para todas as gerações, como um exemplo de fé, coragem, louvor, amor a Deus e sabedoria piedosa. Devemos nos acautelar para não deixar que as discussões que a envolvem eclipsem o nosso reconhecimento do seu valor ou diminuir a honra que a Escritura lhe concede.

Resposta nº 2: Débora confirmou a liderança masculina sobre o povo de Deus.
Débora não convocou o povo de Israel para a batalha, mas encorajou Baraque a fazê-lo (Jz 4.6,7-14). Por causa disso, em vez de reivindicar para si mesma a liderança e a autoridade, ela confirmou a correção da liderança masculina. Assim, quando Baraque hesitou e insistiu que ela o acompanhasse à batalha (Jz 4.8), ela pronunciou contra ele uma palavra de repreensão e de perda de honra “Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera” (4.9). Isso mostra que Baraque não deveria ter insistido que Débora subisse com ele à batalha e que devia ter agido como homem assumindo a liderança sozinho.

Resposta nº 3: O texto não afirma que Débora governava o povo de Deus, que o ensinava em público nem que o liderava militarmente.
É importante examinar o texto de Juízes 4 para verificarmos com exatidão aquilo que Débora fazia, ou que não fazia:

1. Débora “julgava” (heb. mishpãt) as pessoas em particular, quando subiam até ela. Quando o texto diz que “Débora [...] julgava a Israel naquele tempo” (Jz 4.4), o verbo hebraico shãphat, “julgar”, não significa, nesse contexto, “reger ou governar”, antes significa “decidir controvérsia, deliberar com sabedoria nas questões civis, políticas, domésticas e religiosas entre as pessoas”. Isso é evidente porque o próximo versículo descreve o seu modo de “julgar”: “Ela atendia debaixo da palmeira de Débora” e “os filhos de Israel subiam a ela a juízo”. Não é essa a imagem de uma liderança pública como a de um rei ou rainha, mas a decisão de disputas em particular mediante o arbítrio ou decisões judiciais. Se quisermos tomar isso como um exemplo para hoje, poderemos enxergá-lo como a justificativa para que as mulheres sirvam como advogadas e juízas civis. O texto da Escritura, porém, não diz que Débora governava o povo de Deus.

2. Não se diz nunca que Débora ensinava ao povo reunido em grupo ou congregado. Embora o julgasse quando a procurava (Jz 4.5), jamais foi uma sacerdotisa; no Antigo Testamento ensinar a Escritura era papel dos sacerdotes (veja Lv 10.11).

3. Débora se recusou a liderar o povo numa investida militar, mas insistiu que um homem o fizesse (Jz 4.6,7,14). Na verdade, Tom Schreiner mostra que Débora é o único juiz do livro de Juízes que não tem função militar. Quando Linda Belleville declara que Débora “uniu” as tribos de Israel e “as liderou em vitória”, as suas afirmações contrariam o texto de Juízes 4, em que se diz que Débora profetizou que Deus ordenou a Baraque: “toma contigo dez mil homens” (v. 6). O texto diz que Baraque, não Débora, “convocou a Zebulom e a Naftali” e que “com ele subiram dez mil homens” (v. 10), não com Débora. Diz que “Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens, após ele” (v. 14), não após Débora. Diz que “o SENHOR derrotou a Sísera,e todos os seus carros, e a todo o seu exército a fio de espada, diante de Baraque” (v. 15). Belleville na verdade refere-se ao exército de Israel como as tropas de Débora (“suas tropas”), mas a Bíblia não contém esse tipo de linguagem. Belleville alega que Débora “as liderou em vitória”, mas a Bíblia não diz tal coisa. Belleville enxerta nos relatos da Escritura coisas que não estão lá nem são verdadeiras. Débora encorajou a liderança masculina de Baraque e a Bíblia afirma várias vezes que ele conduziu Israel à vitória.

4. Débora exercia a função de “profetisa” (Jz 4.4). Nesse papel ela transmitia as mensagens de Deus para o povo...

Resposta nº 4: A Bíblia vê a judicatura de Débora como uma reprovação da falta de liderança masculina.
Juízes 4.4 sugere certo pasmo ante a natureza incomum da situação em que uma mulher tinha de julgar a Israel, porque o texto empilha uma sequência de palavras redundantes para enfatizar que Débora é uma mulher. Ao se traduzir literalmente o texto hebraico, o versículo diz: “E Débora, uma mulher, uma profetisa, a esposa de Lapidote, ela julgava a Israel naquele tempo”. Há algo anormal, falta alguma coisa – não há homens atuando como juízes! Essa impressão se confirma quando lemos da pusilanimidade de Baraque e da repreensão implícita na sua subsequente desonra: “não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera” (4.9).

Então, será que a história de Débora mostra que as mulheres podem liderar o povo de Deus nas igrejas quando os homens são passivos e não estão liderando? Não, porque Débora não fez isso. A história de Débora deve motivar as mulheres nessa situação a fazerem o que ela fez: encorajar e exortar o homem a assumir o papel de liderança para o qual foi chamado por Deus, assim como Débora encorajou e exortou a Baraque (4.6-9-14).

Baraque por fim assumiu a liderança e derrotou os cananeus. Por isso, nas passagens bíblicas subsequentes que falam desse período dos juízes, só a liderança de Baraque é mencionada. Samuel diz ao povo: “O SENHOR enviou a Jerubaal, e a Baraque, e a Jefté, e a Samuel; e vos livrou das mãos de vossos inimigos em redor” (1Sm 12.11) e o autor de Hebreus diz: “E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas” (Hb 11.32).

Resposta nº 5: É indispensável cautela ao tirarmos do livro de Juízes exemplos para imitar.
O livro de Juízes tem muitos exemplos de pessoas fazendo coisas que não devemos imitar, como o casamento de Sansão com uma filistéia (14.1-4), a sua visita a uma prostituta (16.1), o voto insano de Jefté (11.30,31-34-39), a emboscada dos homens da tribo de Benjamim para raptarem por esposas as mulheres que dançavam na festa em Siló (21.19-23). A situação no final do livro é resumida assim: “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém, cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25, ARC). A natureza incomum dos juízes deveria também nos advertir de que o livro não é uma boa fonte de exemplos de como a igreja do Novo Testamento deve ser governada.

FONTE: Wayne Grudem, Confrontando o Feminismo Evangélico. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, págs. 70-72.

5 comentários:

  1. Muitas mulheres,de dentro da igreja, que querem ser líderes, usam esse texto como base.Mas, devemos nos lembrar que a palavra de Deus é inerrante e ela não se contradiz (em primeira Timóteo, Paulo deixa claro que a mulher é proibida de ensinar na igreja, de ter o papel que Deus deu para o homem)

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  2. É interessante como as pessoas tiram de determinados textos, coisas que o texto NÃO diz. Hoje em dia é o que mais acontece com a Bíblia. As pessoas interpretam passagens da Bíblia de forma a confirmar seus desejos e pensamentos pecaminosos, ignorando sempre o contexto em que a passagem está inserida, deturpando a Palavra de Deus e enganando quem estiver "desprevenido".

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  3. Vemos aqui que, por mais que muitos tentem justificar a liderança feminina na igreja, não existe brecha para isso. A palavra de Deus jamais se contradiz! Infelizmente muitas pessoas tentam distorcer a palavra de Deus a seu favor, mas devemos permanecer firmes, cumprindo o que REALMENTE é determinado por Deus.

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  4. muito interessante esse estudo! e esclarecedor tambem!
    confesso que ao ler o texto fiquei curioso para saber qual seria o comentario aqui para explica-lo pq eu nao tinha entendido todo!

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  5. Muitas pessoas pegam textos bíblicos e os destorcem, os interpretam da sua maneira. Isto está errado e o pior é que muitas pessoas são levadas por estas palavras de pessoas que deturpam o que a palavra de Deus diz.
    O teto deixa claro que Débora encorajou a Baraque que liderasse as tropas, mas ela não liderou porque era mulher e não governava porque era mulher mas era juíza de muitos casos quando o povo a procurava para resolver seus problemas.

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