terça-feira, 8 de novembro de 2011

                           Juízes 10


     Dois juízes foram levantados e julgaram Israel por quarenta e cinco anos. Tola por vinte e três anos e Jair por e vinte e dois anos. Mortos os juízes, Israel voltou às suas velhas práticas, seguindo o vicioso ciclo de abandono a seu Deus. No verso 7, o texto nos mostra a consequência do abandono do Deus verdadeiro. Mais uma vez vem sobre eles a vara, pelas mãos dos filisteus e dos amonitas. Vemos aqui a soberania de Deus agindo na vida dos ímpios, para cumprir os propósitos santos que Deus tem para seu povo. O texto diz que foi DEUS quem entregou os israelitas nas mãos desses povos, para que os oprimissem. Eles foram a vara de Deus para corrigir seu povo. E sob este pesado e angustiante jugo, Israel passou 18 longos anos.
     Em meio a opressão, o povo clamou a Deus, reconhecendo que haviam pecado e que abandonaram seu Deus para servirem outros deuses. Mas desta vez a resposta que Deus deu ao povo foi surpreendente: "Clamem a esses deuses!". Artur E. Cundall e Leon Morris fazem o seguinte comentário sobre a resposta do Senhor ao povo: "A resposta não veio facilmente, visto que o ciclo de livramento, seguido de esquecimento, ingratidão e apostasia havia ocorrido tantas vezes, que seria impossível menosprezar o pecados deste povo. Deus exigia, e ainda exige, amor constante, bem como lealdade e obediência de seus filhos, sobre os quais Ele opera continuamente, para benefício deles, não aprovando um relacionamento fraco, facilmente rompível, em que Ele é invocado apenas em épocas de emergências." Deus fez questão de lembrar ao povo dos livramentos anteriores que fizera. No verso 6, o texto narra uma lista de deuses dos povos, que Israel havia seguido, demonstrando que o abismo de apostasia em eles estavam se metendo, só aumentava.   Deus deixa claro ao povo que eles não tinham direito algum de clamar a Ele por libertação, tamanha era sua apostasia e abandono da verdadeira religião e sua ingratidão com os livramentos fantásticos dados por Deus ao povo ao longo de todos aqueles anos! 
     Mas a aparente rejeição de Deus ao clamor do seu povo tinha um objetivo: testá-los. Deus queria provar seus corações para saber se eles de fato haviam se arrependido, ou se desejavam apenas um livramento momentâneo da dor que os incomodava. Deus desejava ver na prática o arrependimento confessado pelo povo. Ele queria VER na prática que houve mudanças. O verso 15 demonstra qual era a verdadeira disposição de seus corações: "Temos pecado, faze-nos tudo quanto te parecer bem; porém livra-nos ainda esta vez, te rogamos". Alguns poderiam argumentar que o desejo deles era se livrarem a qualquer custo de seus opressores. No entanto, alguns detalhes apontam para a ideia de que eles estavam sendo sinceros em seu arrependimento. Eu destacaria dois aspectos. Primeiramente eles se entregam nas mãos do Senhor para receberem o castigo necessário: "faze-nos tudo quanto te parecer bem". Este texto me fez lembrar aquele de Isaías 57:15 que diz: "Assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: habito no alto e santo lugar, mas habito também com o o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos." O comentário da Bíblia de Genebra nos explica que o contrito e o abatido de espírito, é aquele homem que se submete à lei de Deus e se arrependem SOB o seu castigo! Eles se submetem! Sabem que pecaram e merecem receber a punição de seus atos, por isso aguentam firme, sem reclamar do justo juízo de Deus sobre eles. O povo de Israel disse exatamente isso a Deus "faze-nos tudo que te parecer bem". Eles conheciam o seu Deus, e sabiam que fosse qual fosse o juízo por seus pecados, a disciplina aplicada a eles, seria para a vida e não para a morte. Eles sabiam que Deus é um Deus amoroso e misericordioso, e que aplicaria a disciplina com vistas ao aperfeiçoamento de seu povo, e não por mágoa ou vingança. O conhecimento de Deus, nos permite confiar cegamente na disciplina aplicada a nós quando pecamos! Podemos até não entender muito bem na hora, mas nosso coração não se revolta nem blasfema, mas confia que tudo aquilo tem um propósito santo, pois vem das mãos de um Deus Santo e Pai amoroso.
     Outra evidência da sinceridade do arrependimento do povo, foi sua imediata ação em remover os deuses alheios do meio de si. Este é o único relato deste tipo de atitude em todo o livro de Juízes. O povo demonstrou com atitudes práticas, visíveis que havia mesmo chegado à conclusão que tinham se desviado do único e verdadeiro Deus. A profissão de fé dos nossos lábios, exige atos de nossas mãos. Uma confissão de pecado, sem a devida mudança daquele hábito ofensivo a Deus, demonstra que, na verdade, nós não nos arrependemos. Podemos até ter chegado à conclusão de aquilo era errado, que desagradava a Deus, ou tivemos medo das consequências. Mas arrependimento verdadeiro, provoca mudança visível. Não nos enganemos! Se nosso 'arrependimento' não tem gerado mudança, ele pode ser chamado de remorso, ou sei lá de que! Nunca de arrependimento.
     A forma linda como o verso 16 termina nos comove: "então, já não pôde ele reter a sua compaixão por causa da desgraça de Israel." É como se Deus estivesse se segurando para agir, esperando a hora certa, mas seu coração se revolvia, ansiando livrar logo seu amado povo. Não antes, porém que eles tivessem aprendido a lição. Como um pai quando observa a dureza de coração de um filho, e com o coração pequeninhoconosco! Não retira de nós a disciplina, mas está esperando ardentemente que termine logo o castigo que ele mesmo nos impôs, para correr a nos abraçar e consolar! E que garantias o Senhor tinha de que o povo não se desviaria novamente? Nenhuma, muito pelo contrário. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde eles novamente cairiam em pecado. Assim mesmo Deus age conosco. Nos perdoa e nos recebe de volta, mesmo sabendo que amanhã certamente feriremos sua santidade novamente


     

7 comentários:

  1. Alguns aspectos presentes nesse texto chamaram a minha atenção. Um deles foi a submissão do povo ao castigo divino. Isso é algo que devemos trabalhar em nossas vidas, saber que não merecemos nada de bom das mãos de Deus, e sermos gratos inclusive pelas dificuldades, pois sabemos muito bem que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.
    Outro aspecto que me chama a atenção nesse texto é a misericórdia e longanimidade que Deus mais uma vez demonstra a seu povo. É como a Bíblia diz, as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã. Que Deus maravilhoso nós temos!

    ResponderExcluir
  2. Este texto é um texto que mexe muito conosco, nos mostra a realidade a que estamos presentes e além disso, nos mostra o Deus que temos por trás de nós. O povo mais uma vez, como em toda história de Israel, se volta para os falsos deuses. Mas de Deus não se zomba, e a consequência do pecado logo vem. Achei muito interessante o fato de Deus não ter auxiliado o povo instantaneamente, como se o povo quando afligido, Deus iria ficar com pena deles e tirá-los daquela situação. A provação que Deus coloca sobre o povo mostrou o verdadeiro arrependimento, como acima foi colocado. E diante deste capítulo maravilhoso, podemos tirar muitas conclusões. Primeiro: apesar de toda a bonança que Deus pode nos dar, se não estivermos firmas na Sua palavra, e ele não agir de misericórdia para conosco, temos enorme facilidade para voltar a pecar. Segundo: Deus não é uma lâmpada dos desejos, que quando queremos algo, ou estamos sofrendo com algum problema, ele prontamente nos dá o que desejamos. Terceiro: apesar de todo nosso pecado, Deus é fiel para com aqueles à quem elegeu antes a fundação do mundo. Pode parecer até que ele se esqueceu de nós, mas os verdadeiros filhos Deus os tem em seu glorioso cuidado, e mesmo pecando, Ele cria em nós o arrependimento, e nos aproxima novamente à Ele!

    ResponderExcluir
  3. Em muitos casos específicos,do povo, eles pecavam para juízo deles mesmos.Deus foi quem permitiu que os juízes morressem,foi Ele quem permitiu que o povo voltasse a pecar,tudo para que Ele fosse justo.

    ResponderExcluir
  4. Deus é um Deus misericordioso e nos perdoa dos nossos pecados, mas precisamos nos arrepender de verdade. Porque as vezes sentimos remorso porque reconhecemos as consequencias do que fizemos, mas algumas vezes não reconhecemos e mesmo assim precisamos nos tocar e nos arrepender e Deus nos perdoara.
    E não adianta, falar e não praticar ... precisamos mostrar arrependimento em nossos atos e voltar a andar na palavra de Deus.
    Engraçado essa parte que voce fala que mesmo Deus sabendo que vamos pecar mais uma vez, Ele nos recebe com amor, mas devemos lembrar que não inocenta, sofreremos as consequencias do nosso pecado.

    ResponderExcluir
  5. realmente lendo o texto sem um estudo mais profundo parece mesmo que o povo queria era se livrar daquilo a qualquer custo!
    tremendo e misericordioso Deus! mostrando uma de suas muitas caracteristicas, a paternidade, misericoria amor longanimidade (...)

    ResponderExcluir
  6. Este texto chamou muito a minha atenção pelo modo como Deus testou aquele povo; ELE queria ver como aquele povo reagiria, se eles se arrependeriam ou não, queria ver que tudo aquilo que eles passaram deixou uma lição para eles.
    E foi o que aconteceu, eles se confessaram a Deus. Estavam dispostos a receber o juízo de Deus por todos aqueles pecados cometidos.
    Temos que ser assim também, e sempre os lembrar de que 'arrependimento verdadeiro, provoca mudança visível'. Temos que provar com nossos atos que mudamos.
    Muito lindo!!

    ResponderExcluir
  7. Uma das questões que vemos nesse texto é a consequência do abandono de Deus e de sua palavra. Deus requer de nós, seus filhos, amor e obediência completa.
    O povo conhecia o seu Senhor, tendo consciência de que, independente de qualquer coisa, a disciplina seria justa e viria para a vida. O que acontece muitas vezes é não compreendermos o porque disso ou daquilo, esquecendo que Ele tem um propósito santo em tudo o que nos acontece. Porém, devemos ter sempre em mente que o nosso Deus é perfeito e misericordioso e, dessa forma, podemos confiar Nele em toda e qualquer circunstância.
    O nosso arrependimento só pode ser considerado verdadeiro quando vem acompanhado de uma mudança de comportamento ou pensamento. Caso contrário, não podemos afirmar que nos arrependemos.
    Que nós possamos estar em constante crescimento espiritual, buscando a Deus em primeiro lugar em nossa vidas.

    ResponderExcluir