terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

                           Juízes 19


     Para entendermos melhor esta narratyiva, precisamos explicar alguns pontos que não conhecemos. O texto nos conta sobre um levita que pegou para si uma comcubina. Comcubina era denominada a mulher que, normalmente era escrava e tinha uma posição juridicamente inferior  a de uma esposa. No verso 2, quando o texto narra que ela "aborrecendo-se dele, o deixou...", o termo "aborreceu-se, pode ser substituído por "prostituir-se". Ela havia adulterado contra o levita, o que pela lei, deveria gerar a morte da mulher por apedrejamento. Visto o povo estar distante demais do conhecimento e do cumprimento das leis de Deus, a situação foi banalizada, e a mulher não foi morta, antes, voltou para a casa de seu pai. Pela situação aqui explicada, dá para entender a alegria do pai, ao ver o levita voltando para buscá-la. A desonra seria retirada de seu nome, e sua filha voltaria a viver com seu marido, por isso, tanta hospitalidade da parte do pai da comcubina. Suas estada ali se prolongou mais que o esperado, e por fim, quando decidiu ir mesmo embora, já partiu num horário não muito propício, já declinando o dia.
     O pai da concubina instou para que ele dormisse mais uma noite e o levita não aceitou. O moço que estava com ele, já em viagem, e começando a anoitecer, sugeriu que parassem em Jebus, que era Jerusalém, àquela altura ocupada pelos jebuseus. O levita recusou-se. Achou mais seguro passar a noite entre seus irmão israelitas, do que no meio de um povo estrangeiro. Eles então, entraram e Gibeá (cidade benjamita) e se assentaram na praça, que era um lugar que servia para encontros sociais, comerciais e jurídicos. Era costume dos viajantes se assentarem nas praças para aguardar a hospitalidade dos moradores da cidade em acolhê-los. A demora desta hospitalidade, que era sagrada entre os orientais,foi uma clara demonstração de dureza de coração dos homens de Gibeá e um prenuncio da desgraça que estava por vir.
     Neste cenário, surge ajuda de onde menos se esperava. Um velho, que não era benjamita, mas estava ali por algum tempo, se compadeceu dos viajantes e ofereceu-lhes ajuda. Levou-os consigo para casa, deu de comer e de beber aos três e aos animais, lavou-lhes os pés e ofereceu abrigo. Enquanto comiam e se alegravam, a casa foi cercada pelos homens de Gibeá, designados aqui por "filhos de Belial". O sentido do nome, certamente está ligado à deusa babilônica da vegetação, que era a deusa do submundo, o que torna a palavra sinônimo de 'abismo' ou , 'lugar de onde não há mais retorno', o nome está também ligado à impiedade. A descrição destes homens condiz perfeitamente com a bestialidade que pretendiam cometer. Assim, estes israelitas assemelhavam-se aos de Sodoma e Gomorra, quando num episódio muito semelhante, Ló teve que oferecer suas filhas virgens, para livrar os anjos que se hospedavam em sua casa da maldade daqueles homens. Mas notem, que em Gênesis 19, estamos falando de um povo pagão, o povo de Sodoma. A história narrada aqui, conta que era o próprio povo de Deus que, desta vez, queria cometer tamanha aberração. A que ponto o povo chegou! Se tornaram piores do que os de Sodoma, pois pretendiam atacar um de seu próprio povo, um israelita como eles, um levita!
     O pedido daqueles homens ao ancião "revela toda a extensão de sua perversão sexual, e a resposta do ancião, revela sua repugnância diante da conduta deles, conduta horripilante, destruidora de todas as convenções da hospitalidade." (Artur E. Cundall e Leon Morris). O ancião diz a eles o mesmo que Ló: "...nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção do meu teto." (Gênesis 19:8). "Em sua profunda preocupação a respeito dos padrões aceitos de hospitalidade, o ancião estava disposto a quebrar um código que, para o leitor moderno, parece infinitamente mais importante, isto é, o que determina cuidado e proteção para os mais fracos e desamparados. As mulheres sempre foram desconsideradas no mundo antigo; na verdade, se as mulheres, hoje, desfrutam de uma posição privilegiada, isto é devido, em grande parte, aos preceitos da fé judaica, e particularmente à iluminação que veio da fé cristã. O ancião estava disposto a sacrifica sua própria filha virgem, e a concubina do levita, nas luxúrias tortuosas dos atacantes, a permitir que qualquer mal atingisse seu principal hóspede." (Artur E. Cundall e Leon Morris). Amanhã continuaremos está trágica história, que mais uma vez nos remete à situação deplorável de distância da lei de Deus que o povo se encontrava!
     

6 comentários:

  1. Nesses textos do Velho testamento vemos como Deus é longânimo, porque a cada passagem vemos como o povo se distanciava mais e mais de Deus. Nos costumes, nas práticas do dia-a-dia, nos cultos ... a ponto de se tornarem piores do que os de Sodoma.
    Mas precisamos ver isso como alerta, porque não somos melhores que aquele povo, nós devemos sim continuar batalhando para vencer o mundo, a carne, o diabo para que possamos ser achados irrepreensíveis.

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  2. Que coisa vemos aqui, não entendi muito bem a finalização do texto, e gostaria de esperar a continuação de amanhã para comentar algo. Mas uma coisa me chamou muito a atenção, a distância da palavra era tão grande, que esses homens tiveram o pudor de atacar as pessoas do seu próprio povo, filhos de Israel como eles. Estavam tão distantes, tão cegos, que para eles isso não fazia a menor diferença!! Que coisa horrenda e abominável!!

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  3. Achei interessante os comentários feitos aqui a respeito do texto.. esclareceu muitas partes do texto que eu talvez tivesse entendido de outra maneira. Ah, e a questão da concubina também! A minha 'definição' não era a mais correta.
    Esse texto nos mostra uma história trágica que mostra o distanciamento do povo de Deus. Que estejamos sempre atentos, a fim de não cairmos no mesmo erro.

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  4. um texto que veio a minha mente foi:
    "nao ha um justo, nem um sequer, nao ha quem entenda, nao ha quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inuteis; nao ha quem faça o bem, nao ha um sequer" romanos 3.10-12
    por que ate mesmo os q levavam o nome do Senhor, nao provaram q o mesmo estava em seus corações. pelo contrario: mostraram sua total carnalidade e humanidade e sem nenhum temor a Deus

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  5. O post foi bastante esclarecedor.Naquela época tinham muitas questões culturais que,para nós,que não somos nem do mesmo país,ou seja, a cultura nunca foi a mesma,fica muito complicado entender algumas questões.
    Falando sobre o texto bíblico, vemos claramente que o povo está 'brincando com fogo'.Lhes foram dadas as leis e o povo se faz de desentendido.Mais ou menos o que vivemos hoje.O povo cria sua própria imagem de Deus,criam seus próprios deuses. E as leis desses deuses estão de acordo com o querer de cada um.

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  6. É triste ver como nós, seres humanos, temos a tendência a nos afastar de Deus. E nesse caso, o afastamento foi terrivelmente grande. Devemos sempre orar para que Deus nos abençoe e nos livre de pecados como esses e como tantos outros.

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